28 | mães, amantes, afrodite e adônis

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— Olá, amigas. Bom dia! — E diz, enérgico.

— Oi, Theozinho... — Simone cumprimenta de volta, mesmo ainda confusa, e ele parece gostar de ser chamado pelo apelido, porque logo estica a mão para apertar a bochecha de Simone.

— Oi, lindinha! — Então, olha para mim e gesticula para trás com a cabeça, sem se livrar do sorriso quase orgulhoso. — A porta já está destrancada e arrumei tudo lá dentro. Vou ficar estudando aqui fora para fechar tudo quando vocês estiverem prontas para ir, mas não precisam ter pressa, ok? Eu tenho muita coisa pra estudar. — Confessa com uma careta, apontando para seu material no chão.

— Você deveria ter dito. Eu poderia ter pensado em outra coisa. — Digo, agora me sentindo levemente culpada, mesmo que Theo mal pareça se incomodar.

— O sacrifício vale a pena. — É o que responde, com o sorriso enorme e bem disposto, então gira a mão no ar e faz uma breve reverência, apontando para a porta larga. — Levem o tempo que precisarem.

Eu ainda penso em retrucar, mas ele parece completamente sincero. Então, não me resta muito além de apenas sorrir e me aproximar sorrateiramente para roubar um abraço, que é retribuído carinhosamente.

— Obrigada. De novo.

Ele apenas pisca para mim quando nos afastamos, então aperta a bochecha de Simone mais uma vez e dá um salto empolgado para voltar ao lugar onde estava sentado.

Nervosa como me senti em poucas vezes na minha vida, eu pressiono a barra de trava da porta metálica, que range um pouco quando a empurro para dentro e me mantenho no mesmo lugar para que Simone entre primeiro. Ainda desconfiada e confusa, ela me olha com esses olhinhos meio assustados, mas não faz qualquer questionamento e logo passa para o lado de dentro.

Certo.

Então é agora.

— Soraya? — Ela me chama assim que a sigo para dentro e deixo que a porta se feche sozinha. Parada ao seu lado, eu vejo o mesmo que ela vê, tão surpresa:

Theo arrumou uma toalha sobre um dos largos degraus da arquibancada que cerca a piscina semi-olímpica e, em cima dela, deixou o buquê de flores vermelhas e a caixa de chocolates. Por último, o detalhe final: uma caixinha de suco de melancia e uma de leite de banana, lado a lado, entre as flores e chocolates.

Então, ainda sem entender qual o propósito de tudo isso, Simone questiona:

— Será que outras pessoas que gostam de leite de banana e de suco de melancia estavam aqui?

Eu acabo rindo, mas é de nervosismo.

— Não, bebê... isso tudo é para você.

Ela me olha como se a possibilidade sequer tivesse passado por sua cabeça, tão desacreditada que me faz ficar triste ao lembrar que Simone sequer acredita que é merecedora de todas as cafonices românticas do mundo.

— Vem, Sisa. — Eu a chamo, segurando seu pulso cuidadosamente para guiá-la ao meu lado em direção da arquibancada, e ela ainda tem esses olhos arregalados até quando paramos perto da pequena surpresa que organizei. — Senta aqui?

Ela olha para onde aponto, no espacinho livre da toalha, e seu corpo está todo duro quando ela mecanicamente faz o que pedi. Novamente, não consigo conter o riso porque ela é adorável até quando fica paralisada como um robô.

— Eu não entendi... o que é tudo isso?

— Você gostou de suas flores? — É a primeira coisa que pergunto, consciente sobre como meus batimentos se tornam exponencialmente mais rápidos.

AFRODITEWhere stories live. Discover now