2 - Um teste de habilidade

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Não era como se ele estivesse completamente errado. Aestus ainda não tinha processado esse fato completamente, mas a verdade é que desde criança ele se importava com justiça, com fazer tudo certo. O mundo seria um lugar melhor se as pessoas fossem mais justas. Comanse era uma cidade predominantemente formada de Humanoides, mas havia outras raças pelo planeta. Kairos contava com cinco raças distintas, com suas rixas e dívidas históricas entre si. As relações entre elas podiam ser descritas por várias palavras, "pacífica" não era uma delas.

Aestus pensava sobre as relações interpessoais e interraciais quando ouviu um ruído ao longe. Ele retirou o travesseiro de sua cabeça, achando que poderia ser sua imaginação. Olhou ao redor no quarto, tentando achar a origem do ruído. Sua cama ficava bem no meio do quarto espaçoso. Era uma cama larga e muito macia, com lençóis bem brancos. À sua esquerda estava o armário de madeira escura fechado, com todas suas roupas dobradas e organizadas, e sua armadura pendurada, que estava necessitando urgente de reparos. À sua direita estava sua escrivaninha, simples, mas resistente, com tudo em seu lugar, com a porta do quarto, fechada.

Aestus ouviu novamente o ruído, tratando-se de duas batidas leves em sua janela. Ele conseguiu ver que a luz que vinha das persianas estava coberta por alguma forma, o que não fazia sentido, uma vez que seu quarto ficava no piso superior de um sobrado. Aestus se levantou, curioso, puxando seu lençol para o lado. Ele destravou a janela e a abriu, dando de cara com Orkan, pendurado no batente da janela, comendo uma maçã.

— Ah, você tá acordado, que alívio. Achei que eu ia ficar pendurado aqui a manhã toda, esperando você despertar da sua provável depressão.

Orkan disse isso já pulando para dentro do quarto, agilmente. Ele estava bem arrumado, com seus cabelos loiros bem penteados, repartidos no meio. Sua barba por fazer dava um certo charme, contribuindo para o ar de cafajeste que ele tanto cultivava.

— Você não vai se arrumar? Achei que você já ia tá pronto e alimentado essa hora, — Orkan disse, terminando de comer sua maçã. — Mas seu peitoral e abdômen estão sensacionais, amigo. Depois me passa seu treino.

Aestus só então se deu conta que estava só de short do pijama. Ele nunca esperava receber uma visita pela janela, ainda mais de Orkan. Mas o corpo de Aestus era realmente incrível, com uma massa muscular maciça e uma definição impressionante. Ele treinava, obviamente, mas seu grande porte era principalmente devido à sua Classe.

— Orkan, eu não tava esperando você... Eu...

— Você se arrepende do que disse e acha que eu sou uma pessoa incrível, eu sei, — Orkan interrompeu, pegando no ombro de Aestus com uma mão. — Tudo bem meu amigo, eu te perdoo. Agora vamos lá ganhar uns cristais.

Aestus estava atônito. Ele sabia que Orkan era uma pessoa rancorosa e sem paciência. Era pouco provável que ele tivesse resolvido sua raiva em tão pouco tempo. Além do mais, seu amigo havia dito palavras muito duras ontem. Não era como se só Aestus fosse culpado. Ele continuou pregado no lugar, tentando decidir o que fazer ou falar. Orkan pareceu decifrar os pensamentos do amigo.

— Olha, agora falando sério. Nós dois fomos bem idiotas ontem. A gente falou coisas sem pensar muito. Você me machucou bastante então eu falei o que achava que poderia te afetar bastante. Foi só um mecanismo de defesa, me desculpa.

— Eu também não acho que você precisa ser consertado, amigo, — Aestus respondeu, baixando a cabeça.

— Ah, não. Eu sou uma bagunça mesmo! Hahahaha — Orkan riu alto, abanando o ar. — Você só me pegou de surpresa. Eu sei que vemos o mundo de maneira diferente e tá tudo bem, — ele passou a mão na cabeça de Aestus.

— Você ainda quer ser meu companheiro de Caçadas então?

— Mas é óbvio, amigo. Quem mais me aguenta nessa cidadezinha? — Orkan se sentou sobre a cama, alisando o lençol por instinto. — Agora vai se arrumar que temos uma Corça Flamejante pra caçar.

Os Guerreiros do DestinoWhere stories live. Discover now