Capítulo 05

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- Nós chegamos!

Sara grita quando passa pela porta de casa e sai saltitando em direção a sala de estar. Gostava da forma como seu vestido balançava, era azul como o da mãe, mas de modelos diferentes. Combinava com o cabelo ruivo delas e também era a cor preferida de Steve e James.

- Vocês se divertiram? - Steve perguntou quando a filha apareceu em seu campo de visão.

Ele e James estavam esparramados no sofá assistindo um filme de super-herói. Sara reparou em como o irmão estava pálido e parecia meio sonolento, mas também já estava acostumada com a forma que ele ficava pós sessão. A mãe até tinha ido no hospital com ele para a quimio, mas foi o pai quem ficou cuidando dele depois para que as meninas pudessem sair juntas.

- Sim, foi muito bom! Eu e a mamãe dançamos juntas várias vezes.

Enquanto Sara falava sem parar sobre como tinha sido o baile, Natasha também apareceu na sala já tirando os saltos. Esperou a noite toda por aquele momento de alívio. As duas ruivas, sentaram-se no sofá completando a família, ambos trocando informações sobre como havia sido o dia e por mais que tivesse passado boa parte da noite preocupada com o filho, Romanoff se desligou em alguns momentos para dar toda a atenção que a filha merecia. Era um momento especial para a mais nova e Natasha não queria estragar isso.

- E o que voces fizeram enquanto estávamos fora? - Natasha perguntou.

- James dormiu e eu aproveitei para terminar de ler aquele livro que venho enrolando a dias, depois nós resolvemos que seria legal fazer uma maratona de filmes que gostamos, mas fazia tempo que não assistimos, já que de um jeito ou de outro sempre quem acaba escolhendo o filme são as madames aí. - Steve aponta o dedo de forma acusatória para as duas.

- Eu não sei do que está falando. - Sara afirma.

- Nunca vi tanta calúnia sendo descrita em uma única frase. - Natasha completa.

James sorri com a fala das duas, apesar de ainda estar se sentindo enjoado. Entretanto, era sempre muito bom ter sua família ao seu lado. Por mais que muitas vezes ficasse mal humorado pelas limitações que a doença trazia, ele sempre se sentia aliviado ao saber que poderia contar com a ajuda dos pais e da irmã.

Às vezes, o pequeno Romanoff-Rogers se sentia frustrado por não conseguir fazer as mesmas coisas que a irmã. Atividades simples como ir a escola, jogar basquete, ter outros amigos além dos filhos do tio Clint e da tia Laura. Porém, ele também ficava mais feliz em momentos como aquele.

Era muito bom jogar videogame com Sara e os três Barton. Era muito bom provar da comida que a tia Laura trazia, mesmo que fossem coisas leves somente permitidas pelo médico. Entretanto, acima de tudo, era muito bom o carinho que recebia da família, tornava o processo de recuperação um pouco mais fácil de lidar.

- Obrigado - ele diz depois de um tempo em silêncio e atrai a atenção dos pais e da minha irmã, os três encarando James de forma confusa - Obrigado por ficarem ao meu lado e, apesar da mamãe ser super protetora, não me verem somente como o garoto doente que precisa de ajuda para tudo.

- Meu amor nós conhecemos você - Natasha se aproximou dele o puxando para um abraço - Sabemos que se o tratarmos assim vai ficar com raiva e querendo se esconder do mundo.

- E olhe para a gente James, somos gêmeos bonitos de mais para ficarmos escondidos - Sara disse arrancando risadas de todos.

Apesar de todos os problemas, ainda era muito mais fácil lidar com eles tendo companhia. Não era fácil para ninguém ali.

James estava doente e sendo privado de uma infância normal. Sara tinha que enfrentar a escola sem o seu parceiro de todas as horas e aventuras. Steve e Natasha se apoiavam constantemente no amor e companheirismo que tinham como casal, pois nunca seria fácil ver o filho sofrendo sem poderem fazer nada.

Em alguns momentos, Romanoff sentia-se tão devastada e exausta que o marido a pegava com o olhar perdido observando o nada. Steve sempre tentava ajudá-la, distrair sua atenção dos problemas e tornar tudo um pouco mais leve. Não parava até que ela chorasse em seus braços ou simplesmente lhe desse um sorriso fraco, permitindo ser cuidada por ele.

Outras vezes, era Rogers quem precisava da esposa. Tantas vezes Natasha o havia encontrado chorando no banho, então em silêncio ela se juntava a ele. Abraçando suas costas, lavando seu cabelo e ficando ali ao lado do homem com quem escolheu dividiu a vida.

Sara percebia os momentos que o irmão sentia falta de brincar fora de casa, correndo e se divertindo como costumavam fazer. Então ela trazia o lado de fora para ele. Uma vez montou uma cabana com os lençóis das camas dos dois e os gêmeos brincaram de acampamento a noite toda, usando da imaginação fértil que tinham.

Teve também o momento em que James declarou como sentia falta de jogar basquete com a irmã e o pai, então Sara insistiu para que os pais colocassem uma daquelas cestas de plástico atrás da porta no quarto deles. Os dois ficavam fazendo arremessos pelo quarto, muitas vezes sentados na cama para que James não ficasse cansado.

Já James sabia como estava consumindo a atenção dos pais, por isso, muitas vezes fingia estar dormindo para que eles pudessem relaxar um pouco ou simplesmente dedicassem parte do dia inteiramente para a irmã. Engraçado que nunca desconfiaram como ele subitamente ficava com sono após um tempo que a irmã chegava da escola.

- Mãe, eu vou poder voltar para a escola certo? - James questiona e os três encaram a ruiva.

- Quando o médico liberar, claro. - ela disse dando de ombros como se não fosse nada de mais.

Steve desvia o olhar para não começar a rir. Conhecendo a esposa como ele conhecia, no dia que isso acontecesse ela provavelmente estaria plantada na frente da escola o dia inteiro para ter certeza que James não ia precisar de nada.

- E você não vai surtar com isso né? - o garoto pergunta com um sorriso sapeca.

- Isso é humanamente impossível filho - Steve é quem responde.

Os três começam a rir da cara de indignação feita por Natasha. O clima era leve na família Romanoff-Rogers.

Não era como eles haviam imaginado passar esses últimos anos, na verdade estava bem abaixo de todas as suas expectativas. Entretanto, algo que todos concordavam era como ter James vivo e respondendo ao tratamento já era algo muito bom.

Eles haviam desenvolvido uma rotina, se ajustaram a essa adversidade e agora só os restava paciência enquanto esperavam tudo voltar ao normal antigo.

Fim

Sad, Beautiful, TragicUnde poveștirile trăiesc. Descoperă acum