Príncipe!

O vejo apalpar as roupas procurando, quando não acha ele desvia o olhar de mim, para si mesmo. É a minha deixa.

Saio correndo o mais rápido possível por entre os becos e vielas

— PEGUEM AQUELA LADRA - o berro do garoto me faz gargalhar já longe

Viro duas esquinas e olho pra trás vendo soldados atrás de mim, corro pra praça principal e pulo por cima de um carrinho de verduras derrubando algumas, pego um repolho do chão e o jogo com força bem na cara de uma soldado que me persegue. Os soldados continuam me seguindo por todos os lados, mas estou bem mais a frente, uma grande vantagem da minha altura é a agilidade, mesmo que alguns soldados sejam mais rápidos, eles não conseguem se enfiar em becos e pular por cima das coisas com tanta velocidade quanto eu. Eles podem ser mais fortes, maiores e estar em maior número, mas tenho anos de treinamento em fugas como essa.

Corro em direção ao local desejado, meus pulmões começam a pedir por ar, viro para outra esquina fazendo questão que um soldado me visse. Entro em um beco e paro recuperando meu ar e esperando o soldado se aproximar um pouco mais.

Observo os objetos ao meu favor, dois barris cheios de água, um vazio, e muitos varais com roupas penduradas. Pulo em um barril e me penduro no varal, pulo pra uma janela me agarrando no peitoril e me puxo pra cima.

— PARADA AI - o soldado grita e eu continuo subindo até o telhado, ele vem atrás de mim, mas assim que pisa no barril a madeira se parte e ele cai gritando de raiva.

Puxo a minha túnica rasgada, ficando apenas com a faixa de peito, jogo-a para o vento e corro até a outra ponta do telhado, penduro-me no peitoril da janela abaixo dele. Abro a janela com cuidado, entro e a fecho com cuidado. Paro uns segundos recuperando meu fôlego, consegui despista-los, a adrenalina bate em meu peito com força inflando meu orgulho ao máximo, tiro a bolsa de dinheiro da minha cintura e percebo seu peso com um sorriso no rosto. Faço uma comemoração com o braço e saio do quarto, ando pelo corredor descendo as escadas indo para o andar de baixo, entro na primeira porta entrando em um quarto sem ninguém.

Um bocejo sai de meus lábios e me dirijo até a cama no meio do quarto, com minhas roupas em cima da mesma.

Já que os despistei, não preciso correr para me arrumar. Começo a me trocar. Primeiro tiro minhas roupas, cantarolando uma música suja de pirata desamarro a faixa de peito e ainda cantando volto a amarra-la com mais força para esconder meus seios. Olho a bolsa de dinheiro encima da cama e abro um sorriso espalhando as moedas na cama e começando a contar, quarenta moedas de ouro, trinta de prata e três de bronze. Guardo as moedas na bolsa novamente e a deixo na cama pra terminar me de trocar

Calças pretas folgadas, botas marrons escuras quase pretas de canto alto, uma camisa preta apertada de mangas compridas que escondem até o inicio de minhas mãos, uma túnica verde escura com mangas até os cotovelos. Minha espada na minha cintura, com a bainha presa em meu cinto azul. As facas presas em seus respectivos lugares. Prendo meu cabelo em um coque com uma fita de couro, amarro uma faixa preta na minha testa escondendo minha testa e minhas sobrancelhas e enrolo o cachecol azul velho em meu pescoço.

Escondo a bolsa de moedas dentro da minha bota, deixando somente as três de bronze e duas de prata em meu bolso.

Saio do quarto e desço até o térreo, jogo uma moeda de prata pro homem velho e gordo atrás do balcão, ele pega a moeda no ar e volta a passar um pano velho e sujo dentro de um copo.

Olho ao redor antes de sair do estabelecimento e contenho um sorriso vendo alguns soldados passando. Começo a caminhar indo em direção as docas, a um barco específico. Passo por trás de Shun, o idiota de cabelos compridos braço direito do capitão, pra ele não me ver, entro no barco vendo dois homens observando as mercadorias.

Don't Blame Me - ZukoWhere stories live. Discover now