petricor

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solitariamente infernal, assim como uma patética fração de segundos na qual qualquer um é impossibilitado de impedir um desastre. infernalmente doce, infernalmente bom, infernalmente maldoso, infernalmente terrível. é com pesar que lamento, oriundo suor e silêncio sagrado que rompe - corrompe, preenche, sufoca, como um riacho de água tenebrosamente congelante entrando e entupindo o estúpido sobe e desce do peito, a cavidade vascular cheia d'água -, a pluralidade singular e efêmera da falta de alma; entretanto, um dia fora alma. desalmada, enxerida, temorosa, medrosa, ansiosa e, tamanha seja a fajuta compreensão de fatos, permanece sendo uma ridícula, singular e pragmática alma. que piada.

fugaz, viril, intensamente vitoriosa; permaneço constipada, entupida por um milhão de dúvidas implacáveis que serpenteiam como verdades e mentiras surpreendentemente bem contadas. o que dirá a compreensão dos fatos - enganosos, assim nomearei-os, dizê-lo-ei o que há de tão valioso na permanência das dúvidas, da teimosia e até mesmo a melancolia? -, quando indagar a mim mesma a serendipidade e a profundidade das conclusões terrenas? para que a alma, se não saberei como manuseá-la, se não poderei abraçá-la como uma só? para que a alma, de integridade duvidável e existência certeira, se a chamarei de espírito? por que não poderei arrancar essa fagulha visceral de espírito idiota, a cavidade vascular permeada, os pulmões falhantes, se não escolhi viver?

sonhos infantis inundam-me a mente. a falta de humanidade dança loucamente como se fosse um sentimento corriqueiro pesando no peito, uma hora ou outra esvaindo-se como areia quente segurada entre os dedos. é com tristeza e raiva que admito, nenhum pouco surpreendida ou pútrida, que a resposta para toda essa besteira de desalma e viver está nas coisas pequenas. portanto, abstenho-me e, quietamente, concluo o que faz sentido para minh'alma ansiosa: eu gosto de dias de chuva.

oriunda desalma.Where stories live. Discover now