Bem vindos a Rusty Lake

Capito1: A mulher do lago

Inverno de 1971

O homem está sentado numa das cadeiras próxima a janela, seus olhos perdidos na paisagem através do empoeirado vidro, as montanhas lá fora estão encobertas de neve seus picos brancos parecem cristais brilhando sob a luz do sol poente. Ele podia ouvir o som do lago Rusty a alguns metros de distância mas não podia vê-lo propriamente dito, não desse lugar do Café Owl Nest na 16 Park Road. Estava absorto em seus pensamentos sua mente martelava com os últimos acontecimentos daqueles meses, sendo assombrado pela alma daquela estranha mulher do caso 23 e pela melancólica figura do Sr Crow, ele que antes já sofria de insônia agora mal podia dormir,sem que a figura loira e pálida lhe encontra-se . O detetive mal percebeu que seu café estava esfriando na mesa a sua frente juntamente do donut mal tocado que enfeitava a bandeja.

O Owl Nest estava praticamente deserto naquela hora do tarde, o que era meio comum levando em conta que a temperatura estava caindo rapidamente e os últimos raios de sol já estavam se esvaindo no horizonte, Dale permanecia ali tentando encontrar respostas naturais para questões antinaturais.

Lá fora por entre o arvoredo,os olhos cansados se depararam com uma estranha figura humanoide, vestido com vestes de tempos passados, um blazer alongado preto quadriculado, uma blusa de botões cinza e camisa branca com gravata borboleta,acompanhada e calça e sapatos ambos,também pretos. O que mais chama sua atenção não são as ilustre vestes, mas sim a sua aparência fantasiosa, o estranho ser possui uma cabeça de corvo, grandes olhos vidrados que parecem olhar diretamente para ele.

" O passado nunca está morto. E nem sequer é passado"

A voz profunda parece vir de dentro da cabeça de Dale, mas ele sabe que pertence a estranha e antroposófica figura lá fora, ele sentiu um arrepio como se todo o sangue de suas veias fosse substituído por gelo.

-Senhor, você deseja mais aguma coisa?

Uma voz feminina preenche sua audição, ele se assusta quando sente um toque suave em seus ombros. Atônito ele se vira para a dona da voz

E meu Deus, se antes ele sentia que seu sangue era gelo,agora ele tinha certeza de que o líquido rubro havia parado de correr por entre suas veias, seus intestinos afundam e ele sente o corpo inteiro travar.

Essa mulher...não pode ser

Ela estava morta, ele viu com seus próprios olhos

-Senhor está tudo bem?

A garçonete perguntou, sentindo o detetive ficar tenso como se tivesse visto um fantasma

E era como se ele realmente estivesse olhando para um, a garçonete era extremamente semelhante com a mulher do seu insolucionado caso, tão loira e pálida quanto, os mesmos enormes olhos cinza que o olhavam penetrantes. Até os lábios entreabertos da garota eram idênticos ao da falecida.

-Senhor...

-Perdão, o que a senhorita dizia?

A jovem loira pareceu confusa antes de desanuviar e responder.

-Perguntei se a senhor deseja mais alguma coisa? Quer que eu leve isto?--Ela pergunta apontando para a xícara e o prato.

O detetive perturbado ainda, apenas balança a cabeça negativamente.

-Pode levar, perdoe-me o incomodo senhorita. É que você é extremamente parecida com uma pessoa que conheço-Ele balançou a cabeça se corrigindo-Que eu conhecia.

A garçonete o olha profundamente, e Dale sente-se estranho sob esse olhar, ele não sabe dizer ao certo o que o deixa tão perturbado naquelas íris cinzenta, porém não consegue desviar os olhos dela.