De cabeça para baixo, sendo segurada pelo homem, conferi se a instrutora não estava vendo, já que o homem disfarçou seu golpe me fazendo cair como se fosse parte da dança. Me levantei mantendo nossos movimentos, e sem que ele percebesse minha perna se erguer, pisei em seu pé com força, rindo ao assisti-lo resmungar.

Foi quando Stark me puxou com força para si, segurando meu corpo próximo ao dele desta vez, e aos poucos começamos a girar juntos, girar, girar e girar, no ritmo da música.

Nossos olhos fixos um no outro desta vez, não evitamos rir. Seus olhos castanhos unidos ao seu sorriso me tiraram um riso tão bobo, que me fez esquecer o motivo para estarmos bravos segundos atrás.

Nós dançávamos em sincronia, corpos unidos enquanto nos deixávamos levar pelo ritmo da música. Desde o primeiro sorriso, não deixamos o contato visual falhar por um segundo sequer, e quando a música parou, os casais pararam de dançar e aplaudiram a todos, me fazendo gargalhar ao perceber que já não estávamos bravos um com o outro, e bater palmas também.

No calor do momento, me aproximei de Tony e o abracei pela cintura, rapidamente sendo retribuida pelo homem, que ria pelo mesmo motivo que eu.

— Formamos uma bela dupla, só tente não pisar no meu pé no dia do casamento — ele gargalha, se curvando para olhar em meus olhos.

— É só não me derrubar — gargalhei também.

[...]

Eu e ele estávamos sentados na pequena escada em frente à casa dos meus pais, depois do ensaio havíamos vestido roupas casuais, ja que teriamos de ir para o piquenique.

— O café que você preparou pra mim estava ótimo — eu comento desajeitada, fitando as pessoas que passavam na rua, mas me viro para o olhar nos olhos e sorrir agradecida — Você... não precisava.

— Eu acho fofo quando ronca baixinho — ele comenta sério, mas ambos gargalhamos com aquilo — É sério! — ele diz entre risos— Quando eu disse que nunca trabalhei como acompanhante num casamento,  não foi por falta de convite — o homem comenta aleatoriamente me olhando nos olhos — Fui eu quem nunca aceitou.

— Bom e... porque aceitou o meu convite? — perguntei confusa, com um riso nos lábios.

— Porque havia algo na sua voz quando me ligou para me convidar — ele diz, me fazendo gargalhar mesmo que ele permanecesse sério, sendo sincero.

— Era desespero?

— Esperança — diz antes de sorrir encarando meus lábios desta vez.

Antes mesmo que eu pudesse me aproximar e selar nossos lábios no beijo pelo qual tanto torcia, Christine e Charlie buzinaram estacionando o carro.

— Andem pombinhos! — Charlie ri nos "interrompendo".

Stark riu balançando a cabeça negativamente antes de se levantar e me estender a mão para me ajudar a levantar também, e juntos pegamos nossas malas e caminhamos até o carro do casal.

Nós ficaríamos no campo até o casamento. Haviam alugado uma casa para todos os convidados mais próximos e a família dos noivos, e Tony e eu estávamos incluídos nessa lista.

[...]

Ao chegarmos na fazenda, tudo era mais lindo do que sequer pude imaginar. Os campos verdes traziam uma brisa fresca, e os lagos enfeitavam a paisagem deixando tudo ainda mais lindo.

Charlie estacionou e descemos do carro, sorrindo com algumas crianças correndo perto da casa, que por sinal, era enorme.

— Venham, separamos um quarto para vocês — Christine diz sorridente, e adentra a casa, nos fazendo segui-la curiosos.

— O quarto de vocês não é tão distante do nosso, então por favor, nada de sexo barulhento — Charlie brinca e Palmer abre a porta indicando que ficaríamos ali.

— Deixe-os em paz, amor — Palmer ri, antes de puxar o noivo para juntos irem até o deles.

Stark pegou as bolsas pesadas e entramos, fechando a porta e deixando nossas coisas num canto.

— Essa cama é bem maior que a minha — rio olhando para a cama de casal organizada.

Entre risos empolgados, corri até a cama e me joguei nela, me deitando de barriga pra cima e erguendo a cabeça para sorrir para o homem, o chamando também.

O moreno caminhou sorridente e se deitou ao meu lado, colocando as mãos em seu abdômen e brincando com os próprios dedos.

— Sabe o que me deixa mais irritada? — perguntei à ele enquanto fitavamos o teto sobre nós — Eu passei três dias desabafando e dizendo praticamente tudo da minha vida, mas não te ouvi dizer nada sobre você desde que nos conhecemos.

— Sou formado no MIT — ele suspira olhando pra cima, e eu sorrio ao perceber que ele finalmente estava se permitindo falar sobre sua vida pessoal — Adoro caminhar em parques abertos. Meus waffles do café da manhã são sempre sem glúten e sou viciado em hambúrgueres especiais com muito queijo — eu rio prestando atenção em tudo que ele dizia — Tenho uma coleção de óculos que eu acho simplesmente incrível, e também tenho alergia a amaciante — ele comenta, e me olha, antes de rirmos juntos.

— Existe mais alguém no mundo com alergia a amaciante? Sempre pensei ser única! — gargalho num tom dramático, e o homem ri balançando a cabeça.

— Por isso durmo tão fácil na sua cama — ele explica entre risos, e suspira antes de parar de rir e voltar a me dizer mais coisas sobre ele — Eu sempre gostei muito de vermelho escuro, mas minha cor preferida se tornou castanho a uns... três dias? — ele ri e volta a me olhar nos olhos — Meus pais morreram a dez anos. Eu tinha vinte e um. Eles se amavam, se amavam de verdade — diz um tanto pensativo, e eu sorrio fino ao ouvi-lo falar orgulhoso de seus pais.

— Hey — murmuro alcançando uma de suas mãos, entrelaçando nossos dedos tentando confortá-lo — Eu sinto muito, Tony.

— Eu sei que sente — ele sorri antes de erguer a mão que eu segurava e beijar minha as costas de minha palma, novamente pousando-as entrelaçadas no colchão — Nenhuma das pessoas que eu amei ficou na minha vida por muito tempo — ele diz pensativo, voltando a fitar o teto — Desde cedo, eu dizia a mim mesmo que não me prenderia a ninguém, que nunca amaria alguém a ponto de escolher ficar pra sempre na vida dessa pessoa.

— Já pensou que um dia possa encontrar alguém que faça valer a pena abrir uma exceção? — suspiro pensativa, admirando seu rosto, e o homem se vira para retribuir o olhar, mantendo seus olhos nos meus antes de sorrir fino.

— Talvez eu já tenha encontrado — ele sorri, me fazendo sentir um frio leve e genuíno na barriga, não evitando sorrir boba com aquilo — Quer mais uma curiosidade sobre mim? — ele ri — Acho que eu sentiria sua falta mesmo que não tivesse te conhecido.

The Only Exception  - Tony StarkWhere stories live. Discover now