— Você — respondeu sem hesitar. — Você me incomoda, Aemond.

O caolho o soltou, estreitando as sobrancelhas.

— Como?

— Desculpe, mas eu não posso fingir que tudo aquilo não passou de nada pra você — continuou, os cachinhos balançando conforme movia a cabeça. — Eu vou reformular minha resposta da nossa antiga conversa sobre "não se apaixonar". Eu não vou aceitar menos do que mereço, se você não me quer, tem quem queira. Mas nada que aconteceu antes, vai voltar a acontecer de novo.

— Eu achei que tava tudo bem — rebateu. — Você deixou explicitamente que estávamos bem.

— Estávamos, antes de você me usar e dizer na minha cara que não deveria mais acontecer — respondeu. — Eu não te culpo, só não vou aceitar isso de ninguém.

— Eu usei as palavras erradas... — tentou, não sabendo o que fazer corretamente. — Me sinto bem com você.

— Mas não tá apaixonado por mim, não é? — perguntou, sem resposta.

Alecsander não disse mais nada, ele apenas deixou um sorriso correr por seus lábios.

Chorar por alguém não estava em seus planos, ele tinha coisas mais graves para se preocupar.

Aemond não o amar estava no fim da lista.

E não importava que isso doía como o corte em sua barriga, ele não iria demonstrar ou voltar atrás.

Puta merda.

Rhaenyra Targaryen é sua mãe, ele não vai se por no fundo do poço.

Não, de jeito nenhum.

E a moral da história, todos sabem. A mágoa vem no final de tudo.

— Terminamos? — não esperou uma resposta, seguindo em frente.

Sozinho.

Às vezes, não há nenhum aviso. As coisas acontecem em segundos.

Tudo muda.

Você está vivo.
Você está morto.

Você é tudo.
Você é nada.

E as coisas continuam.

Éramos finos como papel, apenas existindo por acaso.

Há várias formas de coragem.

Amar é uma delas, esperar reciprocidade é outra.

O garoto entrou direto na sala principal, encontrando vários sábios em reunião.

— Eles mandaram um pergaminho — sua mãe disse, sentada na cadeira principal.

— Posso ver? — perguntou.

Ela assentiu, o entregando.

A cada palavra, seu sorriso de escárnio crescia.

Alecsander rasgou o pergaminho com as mãos, o triturando e jogando os pedacinhos pela a sala.

— Eles querem fazer um acordo — começou o cacheado. — Hoje, na fronteira.

— Os verdes querendo um acordo com os pretos depois de terem roubado a coroa? — comentou um Lord, debochando.

Rhaenyra estava quieta, uma de suas mãos no mapa acima da mesa de pedra.

Era sua chance.

— Deixe-me ir — pediu a sua Rainha, sua mãe o olhou. — Os verdes são traidores, farão de tudo para acabar com sua chance de chegar ao trono de ferro, mas eles ainda são desleixados.

Apoiou as mãos na mesa, inclinando-se para o mapa.

— Se eu estiver certo, Arkin já deve ter sido coroado rei do Extremo Norte, e Otto fez uma aliança com ele... — comentou. — A mensagem no pergaminho, "sangue será pago com sangue" foi pra mim. O cretino manco quer me ver, então deixe-me lidar com isso da maneira Targaryen, mãe.

Rhaenyra o encarou, prestando atenção em cada palavra.

Skorī dēmalyti tymptir, ērinis iā morghūlis — recitou em Alto Valiriano.

"Quando você joga o jogo dos tronos, você ganha ou você morre."

Sua Rainha assentiu, concordando em Alto Valiriano.

— Levará a guarda — ela disse.

— Certo, mas eu também quero Aemond e Atlas no caminho — rebateu. — Irei testar o quanto eles são leais a coroa.

— E se não forem? — perguntou Lord Corlys, seu avô que havia acordado dias antes depois do ataque.

— Eu mesmo os matarei — respondeu sem hesitar, sua expressão fria.

E, naquele momento, Rhaenyra notou algo que não tivera visto antes em seu doce garoto esperto.

Ódio.


𝐁𝐋𝐎𝐎𝐃 𝐍𝐈𝐆𝐇𝐓𝐌𝐀𝐑𝐄 ✦ ʜᴏᴜsᴇ ᴏғ ᴛʜᴇ ᴅʀᴀɢᴏɴWhere stories live. Discover now