Para mim, seria um passaporte sem fim para a liberdade. 

 Levantei de onde estava e fui até a gaveta ao lado de minha cama, tirando de lá uma pequena caixinha branca. 

 Dentro, dois colares brilhantes de sol e lua. 

 Comprei os colares um mês antes de ir, eu ainda tinha esperanças que tudo daria certo. 

 Foi naquela noite que eu percebi que talvez eu estivesse me apaixonando por Hermione Granger, e eu definitivamente não podia. 

Eu sempre tive medo, por mim e por ela. 

  Hermione sempre foi brilhante, um sorriso inesquecível e um brilho único em seus lábios. 

Eu não queria ser a pessoa que tiraria isso dela, e eu sabia que eu era falha e eram questões de segundos para eu magoá-la.

Então fiz de tudo para esconder isso de mim mesma, mas meus lábios estavam em um tipo de transe, completamente viciados nos da Granger. 

 Me permiti e aceitei que estava completamente apaixonada pela morena quando a vi escapando entre meus dedos. 

 Uma noite antes de meus pais chegarem gritando em casa. 

  Se ao menos eu soubesse o que iria acontecer no dia seguinte, eu teria aproveitado mais, eu teria lhe contado o quanto eu preciso dela. 

  Deitei em minha cama, e pela primeira vez em muito tempo, fechei meus olhos com a certeza de que tudo ficaria bem. 

 Acima de tudo, naquela noite, diferente de todas as outras desde que tive de ir, eu desejava acordar no dia seguinte. 

… 

 O sol finalmente havia nascido, era hora de ir para casa. 

 Quando saí do meu quarto, pela última vez senti aquele cheiro horrível de bebidas alcoólicas e vi garrafas atiradas por todo o canto. 

 Meu pai estava atirado em um sofá, uma xícara com cerveja em uma mão e  o controle da tv na outra. 

 Levantou a cabeça e me encarou com curiosidade, tentei ignorar seu olhar enquanto deixava minha mala ao lado da porta e pedia um taxi no celular. 

— Onde você vai? 

— Londres, para casa. 

 Ele arregalou os olhos e se levantou do sofá rapidamente. 

— Você não pode ir, sua guarda é minha! 

 Eu me sentiria mal se não soubesse que ele só se importa com isso porque assim consegue receber dinheiro todo mês sem nenhum esforço. 

— Não mais. Eu já tenho dezoito anos. 

— Você vai mesmo abandonar seu pai? Que te cuidou todo esse tempo? Você é mesmo igualzinha à sua mãe, uma vadia ingrata.

 Eu realmente não queria brigar, mas não consegui segurar a risada sarcástica que escapou por meus lábios. 

— Cuidou de mim todo esse tempo? Eu tive que trabalhar para poder me alimentar porque você é a porra de um alcoólatra que não aceita isso e gasta todo o dinheiro com bebida! Todas as noites desde que nós mudamos para cá eu tenho que ficar trancada em meu quarto por conta de seus amigos e você nem parece ligar! 

— Filha…

 Pansy negou com a cabeça. 

— Não me chame assim, eu não sou mais a pequena garota indefesa que ficava trancada no banheiro chorando enquanto você quebrava as coisas e batia em minha mãe, eu tenho vergonha de ser sua filha! 

𝐀𝐁𝐎𝐔𝐓 𝐎𝐔𝐑 𝐋𝐎𝐕𝐄 || 𝗉𝖺𝗇𝗌𝗆𝗂𝗈𝗇𝖾 Where stories live. Discover now