#𝟎𝟎𝟕 𝐑𝐔𝐍 𝐀𝐖𝐀𝐘 𝐖𝐈𝐓𝐇 𝐌𝐄

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Havia sido convidado para uma festa que alguns garotos do colégio estavam dando. Uma que eu não tinha a mínima vontade de ir, mas que se tornou extremamente relevante desde o momento em que minha mãe me disse não. Eu estava tão, tão furioso em me sentir controlado o tempo todo.

Quando decidi que aquela madrugada seria a que eu desrespeitaria as ordens da minha mãe e iria naquela maldita festa, eu pensei que poderia contar com minha irmã. Eu estava terrivelmente enganado.

Fui ingênuo ao pensar que minha irmã era alguém que eu poderia contar com, ou que ela era a mesma Gemma que sentava comigo no intervalo do jardim de infância para que eu não me sentasse sozinho. Fui ingênuo ao achar que nós não tínhamos mudado e éramos os mesmos de alguns anos atrás. Mas acima de tudo, o meu maior erro foi ter ignorado o fato de que tudo isso se causou porque ela se tornou totalmente submissa a minha mãe desde o momento em que meu pai foi embora. Ela tinha medo da minha mãe ir embora se ela andasse fora dos trilhos uma única vez, então se tornou a porra de um robô.

Mas ela tinha a mim e eu tinha ela, ela não ficaria sozinha. Eu também tinha medo de que minha mãe sumisse um dia, mas não importava porque Gemma estava lá. Até não estar mais. Até se dar conta de que me ter não bastava, então me jogou para o escanteio e ignorou a minha existência.

Doeu ver a minha irmã e melhor amiga se afastar de mim. Então, se fui bobo o bastante para segredar para ela que ia fugir naquele noite, foi pela fagulha de esperança que sempre existiu dentro de mim.

Depois de jantar, subi as escadas para tomar um banho e escovar os dentes como todas as noites. Ignorando a roupa que separei especificamente para a fuga, como se ela não estivesse ali e eu não tivesse planejado meticulosamente cada passo. Quando as luzes se apagaram e todos foram dormir, eu montei uma silhueta de travesseiros por baixo do cobertor grosso, me vesti e pulei a janela.

Eu fumei maconha, bebi de todos os tipos de bebidas, senti o gosto de diversas bocas e ouvi das melhores músicas. E só depois de fazer todas essas coisas foi que me dei conta.

A minha felicidade não estava no álcool ou nas substâncias químicas que decidi usar naquela noite; estava na liberdade. A adrenalina que me cercava não era pelo efeito da embriaguez e sim por finalmente não me sentir preso nas amarras que minha mãe insistia em colocar em mim.

Isso tudo acabou quando coloquei os pés para fora da casa em que acontecia a festa e encarei a face furiosa da minha mãe. Nesse dia eu descobri duas coisas: a primeira é que minha mãe tem um belo gancho, e a segunda...é que não deveria ter confiado na minha irmã. Enquanto minha mãe me batia e me humilhava na frente de todos, meus olhos não se descolavam da janela do carro, onde Gemma estava encarando tudo.

Eu não parava de olhar para ela. Eu estava esperando que ela fizesse algo. Esperando que ela saísse da droga do carro e me ajudasse.

Ela não foi capaz de mover um músculo sequer, mesmo quando chegamos em casa e minha mãe continuou me batendo. Desferindo socos no meu estômago até que eu cuspisse sangue. Nunca soube porque ela não fez nada, ou melhor, nunca soube se ela se arrependeu por não ter feito nada.

─ Harry? Não some assim cara, estava te procurando.

Pisco os olhos várias vezes até o reflexo voltar a ser o meu e o Harry de 17 ir embora.

─ Achei que estivesse muito ocupado com a ruiva. ─ digo divertido e procuro pelo ambiente. ─ Será que não tem um papel toalha nesse banheiro?

𝐀𝐅𝐄𝐓𝐑𝐎𝐏𝐈𝐀 ── larry stylinson.Where stories live. Discover now