Para te ter por perto

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Ao contrário das injeções anteriores que ela havia feito, que eram seringas prontas, aquela era em uma espécie de caneta de injeção. Uma enfermeira entrou e explicou a Cassie como fazê-la da forma correta.

Toto, novamente, manteve sua palavra. Ele acompanhou Cassie em todas as visitas e se esforçou para observar o processo de injeção, desde a esterilização do local até o momento em que ela injetou a medicação. Porém, ele sempre afirmava que era difícil assistir aquela cena.

— Não é a agulha que me incomoda, é a sua expressão. Não gosto de ver você sofrendo, só isso.

— Só dói por alguns segundos — ela disse — E a minha expressão é porque não é confortável, só isso. E você vai ter que superar seu medo disso, porque vai ter muito mais dor envolvida neste processo pra mim, e será muito pior do que algumas injeções. Mas, vai valer a pena, no final.

Toto foi jantar na casa de Cassie no sábado à noite, para que pudessem discutir os detalhes do procedimento que seria feito na segunda-feira e para que ele pudesse aplicar a última das injeções dela.

— Vou passar aqui às oito da manhã, só pra chegarmos um pouco mais cedo à clínica. Aparentemente, estarei fazendo minha — Toto hesitou, buscando a palavra correta — Contribuição enquanto você estiver fazendo o procedimento. Mas eles disseram que eu poderia ficar com você quando você estivesse na ala de recuperação, então eu devo tá lá quando você acordar.

Cassie ficou aliviada. A ideia de acordar sozinha de uma cirurgia, por mais breve que fosse, era uma perspectiva assustadora. Ela se lembrava de ter feito um pequeno procedimento quando criança — ela não conseguia se lembrar se foi quando ela retirou as amígdalas ou o apêndice, pois os dois tinham sido removidos quando ela era criança — e o efeito do anestésico passou muito antes do que deveria. Não era como se ela ainda estivesse na sala de cirurgia, mas foi enquanto a professora que a acompanhava no hospital ainda não havia chegado na ala de recuperação.

Ela recuperou a consciência assim que a enfermeira se afastou momentaneamente, não esperando que Cassie acordasse por mais alguns minutos, e, ao retornar, encontrou ela desperta e no meio de um ataque de pânico por acordar em um lugar desconhecido, sozinha.

Foi então que ela soube que, como ruiva natural, ela tinha uma espécie de resistência genética à anestesia e, portanto, precisava de uma dose mais alta do que a maioria das pessoas, o que o anestesiologista de plantão naquele dia aparentemente não havia levado em consideração. Quando a clínica agendou a coleta dos óvulos dela, ela fez questão de observar que era, de fato, uma ruiva natural.

Quando viram, era hora da última injeção. Cassie seguiu as instruções que vieram na caixa do medicamento para verificar a dosagem correta e fez o possível para guiar Toto no processo de aplicação. Ela não pôde deixar de pensar em como ele estava sendo gentil com as mãos enquanto limpava o local da injeção com o algodão embebido em álcool. Ela ficou na frente dele com a camiseta puxada para cima, expondo o local da injeção, enquanto ele estava sentado no sofá.

— Ok, agora, coloca ela direto em um ângulo de noventa graus. Você não vai ir muito longe, então não se preocupa com isso, então segura o botão de cima para baixo com o polegar até que todo o líquido saia do frasco.

Toto obedeceu, mas não antes de uma breve hesitação. Demorou algumas vezes até que ele tivesse coragem o suficiente para perfurar a pele de Cassie. Ela franziu as sobrancelhas e sibilou brevemente entre os dentes.

— Ok. Deixa por alguns segundos pra deixar tudo absorver — ela disse, com a voz tensa.

Quando Toto retirou a seringa, ele exalou pesadamente. Ele estava visivelmente estressado com a situação, o que fez Cassie se perguntar por que ele queria fazer isso em primeiro lugar. Ele parecia determinado, e parecia significar algo para ele, então ela não disse nada.

Fácil de amarWhere stories live. Discover now