Não era um herói, era, no máximo, um assassino.

— Alecsander! — o platinado gritou, em uma distância considerável.

O cacheado não parou, não até ver o lago. O garoto olhou ao redor, a água cristalina e a grama tão verde.

Aemond chegou ao seu lado, pegando as rédeas do outro cavalo. Mas a atenção do outro pairou apenas no ser em sua frente.

Um cervo branco.

O platinado dirigiu a mão a sua espada, pronto para atacar quando fosse a hora.

Alec o impediu.

— Não — sussurrou, o cervo fixando seu olhar no garoto cacheado. Vendo sua alma e seu espírito, vendo sua coroa.

Gotas de chuva caíram do céu, fazendo o cervo mexer as orelhas e olhar para o Targaryen moreno mais uma vez antes de partir.

— Alecsander...

— Eu não quero ser o segredo de ninguém, Aemond — respondeu, sua voz saiu calma.

— Eu não quero que você seja o meu segredo — retrucou, a expressão ilegível, mas dócil. — O problema é que... se eu a trair, se eu trair minha mãe, ela muito querida para mim.

— Mais querida que eu? — perguntou o mais novo, o sentimento transparecendo.

E Aemond o notou.

Alec esperava que ele escolhesse sua mãe, porque é isso que os filhos devem fazer, correto?

Mas ele não o fez.

Não — respondeu o platinado. — Não mais querido que você.

E o moreno tomou fôlego antes de continuar, sua expressão neutra.

— Sem nos apaixonarmos, então? — perguntou.

— Alec—

— Tudo bem, posso lidar com isso — disse, um sorrisinho divertido e sarcástico no rosto. — Não é como se estivéssemos fazendo algo além de tranzar.

O coração de Aemond quebrou, e ele segurou a expressão de surpresa no rosto.

Ai.

Entretanto, Alec conseguia ver através dele. E mesmo desse jeito, o garoto não se atreveu a voltar atrás.

Às vezes, sair do ritmo faz parte da dança.

Alec só sabia lidar com a dor uma maneira, devolvendo. Ele se sentia seguro, protegido.

O garoto era intenso, isso era notável.

E Aemond sabia que o cacheado era cruel quando está com raiva, mas o que ele não sabia. Era que Alecsander era ainda mais cruel quando não se importava.

Um estrondo ao longe da cidade foi ouvido, e gritos ecoaram por toda a cidade.

Alecsander foi o primeiro a puxar as rédeas do cavalo, seguindo em frente. Aemond logo atrás, deixando os pedaços de seu coração naquele maldito lago.

O moreno pulou do cavalo, vendo pessoas correndo desesperadas. Navios com armas absurdamente grandes estavam vindo em sua direção.

E Alec percebeu, eram as mesmas armas projetadas para matar dragões.

O garoto já havia visto o estrago que aquilo tinha feito, e doeu tanto nele quanto em um de seus filhos.

— Não! — gritou Aemond, vendo o mais novo correr entre a multidão.

𝐁𝐋𝐎𝐎𝐃 𝐍𝐈𝐆𝐇𝐓𝐌𝐀𝐑𝐄 ✦ ʜᴏᴜsᴇ ᴏғ ᴛʜᴇ ᴅʀᴀɢᴏɴWhere stories live. Discover now