Prólogo

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“Quando acreditamos estar em nosso limite, eis que a esperança é renovada...”

I Z Z I E

Caminhei apreensiva em direção à uma agência de empregos perto da minha casa. Após me deparar com “aquele” anúncio online, precisava ver com meus próprios olhos se era “tudo aquilo”.

Há alguns dias, pesquisando sobre ofertas de trabalho na internet, me deparei com uma vaga em aberto um tanto inacreditável, já que o salário era no mínimo cinco vezes maior que o normal. Após preencher meus dados, cerca de uma hora depois recebi uma ligação marcando minha entrevista para hoje.

Ser mãe solteira em Miami é complicado. Os gastos são extensivos, e como tenho filha e mãe para auxiliar, acabo ficando sobrecarregada em várias ocasiões. Meu sonho sempre fora cursar a faculdade de arquitetura, mas como fui mãe bem nova — e o pai de Hanna nos abandonou —, acabei por passar dificuldades em minha vida, deixando esse sonho para mais tarde. Sempre fui uma mulher sonhadora e batalhadora, só que no momento as batalhas estão vindo em primeiro lugar, e como minha filha é prioridade, abdiquei de algo que tanto almejo para focar em educá-la, para que ela cresça com condições de se tornar uma mulher independente.

Já estava no saguão do pequeno escritório esperando ser anunciada. Havia ligado
antes para obter algumas informações, porém quase nenhuma foi passada a mim.
Estou desempregada, e isso já basta para ter que me reinventar e procurar empregos aleatórios pela cidade, só que após colocar meus olhos nessa oferta de emprego fiquei tentada a descobrir mais sobre o trabalho.

Após ser anunciada adentrei ao local a passos largos. Uma senhora de cabelos grisalhos e óculos vermelhos estava sentada analisando alguns papéis. Depois que se deu conta da minha presença, me olhou de cima a baixo, fazendo sinal para me sentar. Esbocei um sorriso breve, sentando na cadeira logo depois.

— Izzie... — Pegou um dos papéis. — Meu nome é Helena. Vejo que está interessada no cargo.

— Sim. Muito.

Meu breve diálogo no telefone foi a respeito disso, mas não houve muitos detalhes, até porque não havia conversado diretamente com Helena.

— Bem, o emprego se trata de ficar responsável por uma casa e por quem está
nela, se for resumir os fatos. Sei que por telefone minha assistente não lhe passou tudo, então, estou aqui para esclarecer suas dúvidas.

— O que realmente preciso fazer?

— Aceitando o trabalho oferecido, você será a governanta de uma casa, por assim dizer. Como Addison gosta dizer, você será a faz tudo. Literalmente tudo, tirando somente preparar o almoço dela e o jantar. E quanto antes começar, melhor.

Por que ela fala como se o emprego já começar sendo direcionado para mim?

— Você não fará nenhuma entrevista? Nem me conhece direito, e...

— Isobel Stevens... — Me interrompeu, e novamente pegou o papel no qual
leu meu nome segundos atrás. — 23 anos de
idade, mãe solteira. Mora na Collins Avenue, número 6784. Trabalhou em um restaurante chamado Garby’s por um ano, logo após o fechamento do mesmo, trabalhou como babá para a família Rogers, e após essa família se mudar da cidade, ficou desempregada por três meses, e... — Voltou sua atenção para mim. — ...está sentada em minha frente neste exato momento.

Heart Broken | AddizzieOnde as histórias ganham vida. Descobre agora