6 - mas que merd**

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Acordo com o sol batendo na minha testa, abro os olhos vagarosamente sentindo minha visão ficar turva e minha cabeça latejar em queimadura. O famoso efeito pós álcool

Pisco várias vezes para tentar decifrar o lugar onde estou, observo o quarto pintado de cores escuras, quadros sombrios e roupas escuras no armário, eu não me lembro de ter chegado até aqui. Derrepente sinto um braço me envolver, e só então percebo que não estou sozinha nesta cama. Meu peito começa a acelerar freneticamente e fecho os olhos torcendo para que eu esteja com minha roupa

Coloco minhas mãos debaixo da coberta e vejo que estou SEM NADA. Eu não posso acreditar que tive um sexo casual com um desconhecido. Tudo bem Julie, é só levantar, vestir sua roupa e dar um fora daqui e fingir que nada disso aconteceu. Aperto meus lábios e tiro o braço forte do homem misterioso de cima de mim, fico sentada na cama e começo a recolher as minhas coisas jogadas pelo quarto

Analiso os quadros estranhos, sombrios, me questionando sobre o péssimo gosto que ele tem, parece com...espera aí...quadros esquisitos, roupas escuras organizadas no closet, camisas de gola alta...ai não...camisa de gola alta?

Me viro vagarosamente temendo para o que eu estava prestes a ver, e é então que vejo o Malcom deitado na cama de olhos fechados em um sono profundo. Essa não

– AAAAAAHH — meu grito foi tão alto que acredito ter alcançado o estado vizinho. Malcom acorda assustado

– o quê? O que foi? — ele se remexe na cama. Minhas mãos estão tremendo e minha respiração pesada demais pra falar — Julie? — ele parece confuso por alguns segundos mas depois volta a ficar calmo como se se lembrasse

– a gente...a gente — gesticulo minhas mãos

– a gente o quê?

– eu e você...a gente? — gaguejo torcendo pra que ele diga um não — fez Aquilo?

– o que você acha?

– não pode ser — tapo meu rosto com as mãos — como isso foi acontecer?

– bom...a gente bebeu e fez sex...

– não termina, cala a sua boca Malcom Maloy — falo na defensiva. Eu queria tanto que fosse com um simples desconhecido do que com o homem mais desprezível do planeta terra. Sinto que ele está me olhando com um sorriso de canto, e só então percebo que estou sem roupa na sua frente — vira pra o lado seu tarado — começo a me vestir as preças — sabe o que mais? É tudo culpa sua

– minha?

– sim, o que aconteceu com o "sou fluente em alemão"? parece que tudo foi um plano seu pra me levar pra cama

– Julie eu não preciso de um plano pra levar uma garota pra cama

Reviro os olhos terminando de colocar as alças do meu vestido

– eu...eu preciso ir embora — ignoro a dor de cabeça intensa que estou sentindo e pego na minha bolsa

– você não pode sair desse jeito

– e o que você quer? Que tomemos o café da manhã como um casal?

– é uma possibilidade — da de ombros

Olho pra ele por uma última vez ainda sem acreditar que passei a noite com ele, e por fim saiu tropeçando do seu apartamento com os meus sapatos nas mãos. Assim que chego na estrada pego um táxi e no caminho de volta pra casa abro meu celular vendo um monte de ligações perdidas, a maioria são da Yuna, da Elisa e...espera aí, duas ligações do meu chefe? Talvez eu tenha saído da boate despercebida que eles ficaram preocupados

Abro uma mensagem de voz da Yuna

"Julie aonde você se meteu? Eu não acredito que você fez" sua voz é uma mistura de divertimento e de surpresa. É provável que ela esteja se referindo ao facto de eu ter ficado com o Malcom. Suspiro lentamente agradecendo por não me lembrar de nada do que aconteceu na noite passada, não quero ter uma imagem do Malcom sem roupa por cima de mim

Pago a corrida assim que chego em casa e subo os degraus ainda tonta. Abro a porta e Elisa está no meio da sala usando apenas um pijama transparente e dançando de forma descontraída

– Ah oi! Liguei pra si, não sabia que passaria a noite fora — ela me encara por um breve momento

– nem eu sabia — passo minha mão na testa fraca

– parece que a noite foi longa

– nem me fale, vou tomar banho e tirar esse cheiro de...— puxo uma parte do meu vestido até o meu nariz sentindo o aroma do Malcom — cheiro desse traste

– meu pai...o que você tramou ontem sua tarada?

– depois eu te conto — caminho até o meu quarto onde vou directo ao banheiro, retiro minha roupa e entro no chuveiro. A água descendo pelo meu corpo me trás uma sensação de tranquilidade e paz, que imediatamente é substituído por lembranças da noite passada, a imagem de eu beijando o Malcom no Cumple club me surgem a mente. Lembro do tanto que eu desejava ele naquele momento, de suas mãos deslizando pelo meu corpo, ele apertando a minha cintura

Não consigo organizar bem as minhas memórias, nem sei como fui parar no seu apartamento. Simplesmente lembro de seus lábios beijando cada canto do meu corpo, dos seus olhos me olhando com desejo e de suas mãos ágeis fazendo magias em mim. Me odeio mentalmente por conseguir lembrar de pouca coisa e de sentir um arrepio no corpo só se remoer essas lembranças

Derrepente, vejo o Malcom por cima de mim em movimentos lentos e carinhosos. Nunca pensei que Malcom Maloy é do tipo carinhoso fazendo sexo, mas do pouco que lembro, é como se ele estivesse mais focado em me dar prazer do que a ele mesmo

– Julie você só deve estar louca — falo comigo mesma. Mesmo debaixo desse chuveiro consigo sentir um calor imenso. Não é suposto o cara que eu odeio mais que chocolate com amêndoa cause esses efeitos em mim. Eu só devo estar começando a ficar doida, preciso descansar pra colocar minhas ideias no lugar

Depois de um banho de trinta minutos saiu com a toalha enrolada no meu corpo e pego no meu celular para responder algumas mensagens.

"Oi Yuna, eu sei o que fiz, nem me lembre, ficar com o Malcom foi literalmente um erro"

Aperto em enviar e pego no meu creme começando a passar pela minha pele, logo, não demora até meu celular tocar anunciando a entrada de uma outra mensagem. Pego e a leio

"Do que você falando? Eu me refiro ao facto de você ter beijado Henry, Henry Berthand Maloy, nosso chefe"

Ao ler aquela mensagem sinto meu mundo desmoronar diante dos meus olhos, eu beijei o meu chefe? Mas que merdaa

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