𝙼𝚛. 𝓟𝓪𝓻𝓴𝓮𝓻 - Spin-off do Livro 3 da Trilogia: POR QUE NÃO?

Capítulo 1

Ouvi o sinal e fui para a cantina, estava morrendo de fome naquele dia, peguei a bandeja e fui apanhar algo para comer. Procurei uma mesa afastada e discreta, já que ninguém nunca sentava comigo, até os nerds da escola me evitavam, creio que por conta do brutamontes com cérebro de noz.

Sentei e separei os talheres, comecei a abrir os pacotes em que eles vinham, eram de plástico, afinal com os monstros que haviam lá, melhor prevenir para que não fizessem mais bobagem do que faziam...

— Olha só, se não é o Dexter... Quer dizer que você não quis ajudar o meu amiguinho aqui - ele puxou o Allan pelo pescoço — Você é um garoto muito ruim, sabia?

Eu não disse nada, continuei concentrado no meu lanche.

— Falei com você, e quando eu falo com alguém, esse ser insignificante deve olhar pra mim, me dar atenção.

Continuei calado.

— Eu sei que você não é SURDO - ele gritou no meu ouvido, me fazendo olhar para ele — Ótimo, ele agora me olhou. Já que você não ajudou o Allan, você vai alimentar a gente, quanto você tem aí?

— Eu não tenho nada, gastei tudo comprando meu lanche.

— Como é? Tá negando comida para gente, Dexter? Você sabe que eu não gosto que me neguem nada, não é? Seu nerdzinho de merda! - ele pegou o talher de minha mão.

— Devolve.

— Você quer de volta? - ele riu e começou a fazer joguinho de jogar da mão dele para dos amigos e eu até tentei pegar na primeira rodada, mas depois desisti — Você ainda não entendeu, não é seu bosta? Aqui eu mando e você obedece, e se eu não vou comer porque você tá se negando a me pagar um lanche, você também não vai comer.

Ele puxou a bandeja com meu lanche, jogou o sanduíche em cima de mim, junto com a mostarda, catchup e maionese, mordeu minha maçã e deu para o restante da "gangue" dele e não satisfeito, derramou todo o leite em cima da minha cabeça.

— Isso não é justo, você é um idiota! - é, eu deveria ter ficado quieto, pois por minha fala eu levei um soco no estômago. Um dia que começou tão legal, estava se tornando uma merda, tudo por conta daquele estrupício do Toddy, garoto repugnante.

— EI! Seus idiotas! - eu estava agachado ou melhor, com o corpo dobrado e com a mão no local do soco que levei e uma linda garota, loira de olhos azuis se aproximou gritando com os garotos ao meu redor. Ela entrou na minha frente e peitou o Toddy — Vocês não tem o que fazer não? Seu grupo de imbecis, se quiser bater nele, vai ter que bater em mim e sabe o que vai acontecer se tocar um dedo em mim, não sabem?

— Tá salvo por hora, Dexter, mas isso não fica assim, depois terminaremos essa conversa.

Eu olhei para eles se afastando e fui para o banheiro, a menina mais bonita e popular da escola me defendeu, Olga McLaughlin e eu estava mega envergonhado.

Tomei muito cuidado ao ir para o banheiro, tudo que eu não queria era dar de cara com o Toddy e sua turma me esperando. Passei por meu armário e apanhei uma roupa, indo trocar no banheiro. Sim, é deprimente lembrar que isso era algo até que tão comum, eu sempre dava um jeito de levar uma roupa extra e deixar no armário, para eventos como esse. Tive que montar muitas estratégias de fuga e coisas parecidas para me livrar daqueles idiotas, eu estudei modos de, por exemplo, sair de dentro do armário, sempre que eles resolviam "brincar" desse jeito comigo, deixar dinheiro extra guardado no meu tênis, para uma emergência, dentre outras coisas.

No fim das aulas daquele dia, eu resolvi nem colocar minhas coisas no armário, simplesmente peguei minha bolsa e segui para fora do colégio o mais rápido que pude, afinal, o Toddy poderia estar me esperando no corredor dos armários, mas para meu azar, ele foi mais esperto, estava do lado de fora me aguardando. Tentei correr mais ele me puxou pela bolsa e me empurrou até uma árvore e socou meu estômago outra vez, eu nem poderia reagir, além dele ser o dobro de mim, em tamanho e peso, ele não estava sozinho, leve um soco no rosto também, me empurraram no chão e lá vai mais uma roupa suja...

— DEIXEM MEU NAMORADO EM PAZ! - ouvi o grito da Olga e mal olhamos para ela, rapidamente senti o corpo dela envolvendo o meu. Fiquei tão chocado quanto os brutamontes à minha frente, ela tirou o lenço do cabelo e começou a limpar meu rosto — Amor, você tá bem?

É, imagino a cara de vocês, a minha também estava tão surpresa quanto a deles e a de vocês. Ela pegou em meu braço me ajudando a ficar de pé.

— Vamos, eu vou com você pra casa.

— O que? Não.

Ajeitei minha postura e comecei a caminhar para o ônibus e a Olga no meu encalce. Eu nunca imaginei que a futura rainha do baile iria entrar num ônibus e ir mesmo comigo até a porta da minha casa.

Quando entrei e ela ficou na calçada, logo a vi se afastar e me encostei na porta, meu coração estava tão desordenado dentro do peito que me fez olhar a pulsação e colocar o dedo no pescoço para ver se eu estava mesmo vivo ou era tudo um sonho. A garota mais linda da escola, me chamou de Amor e me acompanhou até em casa, eu queria dizer que deixaria o Toddy me dar uns tapas só pra ela me ajudar, mas isso dói pra caramba, então ficamos só com a parte do sonho.