Não gostava de Aemond, não amava ele e não era apaixonado por ele. Com toda certeza, não.

Mas o garoto não podia negar que sentia uma leve atração por ele, e não tinha vergonha de admitir.

O vergonhoso era saber que ele foi a primeira pessoa que o fez se sentir tão...

Intenso?

Seu olhar focou no mais velho, que por azar já o olhava. Alec engoliu em seco, e acenou levemente para ele.

Aemond travou por uns segundos, não por timidez, mas sim por pensamentos fodidamente intrusos.

Alecsander estava tentador.

Era uma pena para ele que tivessem tanta gente naquele momento, ou era muita sorte.

O platinado mostrou um leve sorriso ladino quase imperceptível, acenando de volta sem desviar seu foco do cacheado.

As portas foram abertas, e Viserys entrou sendo carregado pelos os cavaleiros como se ele também fizesse parte do banquete.

Rhaenyra olhou para seu primogênito, o mandando segurar a piada que ela sabia que o garoto tinha.

O cacheado fez um movimento de zíper com a boca, demonstrando que iria ficar quieto.

Por enquanto.

Todos se levantaram em reverência ao rei, que foi posto entre sua esposa e sua filha.

Eles voltaram a se sentar, em completo silêncio. Até Viserys começar a falar com dificuldade:

- Como é bom... ver todos vocês essa noite, juntos - sem resposta, ele olhou ao redor.

- Uma oração para começarmos? - perguntou Alicent.

- Sim - respondeu.

- Que a mãe sorria para essa reunião com amor - começou. -, que o ferreiro repare os laços que foram quebrados a muito tempo. E a Vaemond Velaryon... - Daemon riu, Alec se segurou um sorrisinho zombeteiro. - que os Deuses lhe tragam descanso.

Fim.

- Esse é o momento de celebração, me parece - começou o rei. - Meus netos Alec, Jace e Luke se casarão com suas primas Saera, Baela e Rhaena. Fortalecendo os laços entre as nossas casas.

Alecsander olhou para o lado, encontrando o olhar de Aemond sobre si - neutro.

O cacheado forçou a desviar o olhar quando Saera tocou em seu braço, o confortando.

O platinado caolho piscou três vezes, desviando-se para seu pai.

- Um brinde aos jovens príncipes - terminou Viserys.

Todos levantaram as taças - mesmo a contragosto - para o homem.

- Muito bem, Jace. Vai finalmente se deitar com uma mulher - sussurrou Aegon para o garoto.

Jacaerys não respondeu.

- Brindamos também - começou o rei mais uma vez. - pelo o príncipe Lucerys, o futuro Senhor das Marés.

- Você será ótimo - disse Rhaena.

O brinde foi feito.

- Saera, aposto que deve estar ansiosa pelo o seu casamento - comentou Alicent para a morena.

A voz travou na garganta, e ela fingiu um sorriso.

- Sim, Alec e eu planejamos nos casar em breve - respondeu ela. - Não é? - procurou com os olhos o noivo.

- Sim, planejamos - foi o que disse, mas seu olhar não estava em Saera, mas sim no caolho.

Aemond o encarava quando levou a taça aos lábios, as pontas de seus dedos ficando em um tom branco por causa da força que segurava o objeto.

- Mas você sabe como o ato acontece, não é? - sussurrou Aegon mais uma vez para Jace. - Pelo menos no começo, onde você tem que enfiar seu pau e tudo mais.

- Deixe-o, primo! - exclamou Baela.

- Banque o bobo da corte como quiser, mas segure sua língua na frente da minha noiva - rebateu Jace.

Viserys bateu com a bengala no chão, fazendo esforço para se levantar.

- Meu coração, fica tão feliz... quando se enche de tristeza - começou, e Alec fez uma careta pela a frase contraditória. - de ver todos esses rostos ao redor da mesa.

- Deve ser a velhice - sussurrou Atlas ao seu lado.

- Ou talvez mais... - sussurrou de volta, esperando que o loiro continuasse com a piada.

Aemond continuaria.

- É feio zombar dos mais velhos, mas entendo seu humor... - tentou achar a palavra correta.

- Quebrado? - retrucou.

- Ácido - corrigiu.

- Obrigado pela a aula de ética - Alecsander rebateu, bebendo em sua taça.

Atlas se calou.

O cacheado momentaneamente se lembrou de quando foi obrigado a escolher um parceiro ou uma parceira, as piadas que tivera feito e como Aemond continuou sem falácia alguma.

Ele apertou a taça, seu olhar no platinado, o xingando até sua última geração.

Como alguém que deveria ser inexistente para ele, parecia estar em todos seus pensamentos?

A atenção foi voltada para Viserys que retirou sua placa de ouro, metade de seu rosto desfigurado.

Aemond se perguntava como o rei achava que todos iriam comer depois disso.

- Meu próprio rosto, não possui mais beleza - começou o homem. - Se algum dia possuiu. Mas nesta noite, eu desejo que me vejam como eu sou. Não só um rei, mas o seu pai, o seu irmão, o seu marido e o seu avô. Que não permanecerá por muito mais tempo entre vocês, não guardemos mais sentimentos ruins em nossos corações. A coroa não pode permanecer forte, se a casa do dragão permanecer dividida.

Silêncio.

- Deixem de lado suas queixas - bateu a bengala mais uma vez. - Se não for por bem da coroa, que seja por bem desse velho homem. Que ama a todos tão profundamente - ele se sentou.

Rhaenyra levantou, pegando sua taça, pronta para começar um novo diálogo.

- Eu desejo levantar a minha taça para a rainha, eu amo o meu pai. Mas eu devo admitir que ninguém esteve lealmente ao lado dele como sua esposa - começou a platinada. - Ela cuidou dele com uma devoção infalível, com amor e honra. E por isso, ela tem a minha gratidão e as minhas desculpas.

Se sentou.

- Sua generosidade me comove profundamente - respondeu a rainha. - Nós somos mães, e amamos nossos filhos. Temos mais em comum do que permitimos dizer - ela levantou. - Eu levanto a minha taça a você e a sua casa, você será uma ótima rainha.

A platinada sorriu.

Tudo parecia indo conforme a música, a harmonia surgindo no ar.

Alec desviou o olhar para o prato, a verdade é que sua família era bonita para quem olhava por fora. Mas não para quem estava dentro.

𝐁𝐋𝐎𝐎𝐃 𝐍𝐈𝐆𝐇𝐓𝐌𝐀𝐑𝐄 ✦ ʜᴏᴜsᴇ ᴏғ ᴛʜᴇ ᴅʀᴀɢᴏɴWhere stories live. Discover now