Noite Gélida.

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CONTAGEM DE PALAVRAS: 2599.

Entre prados verdejantes e relvas a perder de vista, encontram-se muralhas que se estendem ao redor do reino

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Entre prados verdejantes e relvas a perder de vista, encontram-se muralhas que se estendem ao redor do reino. Áreas ativas de comércio e cultivo se alocando entre pequenas casas, em sua humildade simplória se multiplicam nas terras que Canute terá em mãos um dia, envolvidas pelo muro massivo

Ele fita a extensão vasta do reino com o semblante endurecido, sua complexidade de telhados e pequenos pontos de luz alumiando a escuridão são tudo que os olhos cansados podem contemplar da varanda de seu aposento, tão afastada daquela vivência modesta.

Canute questiona se Deus tem essa perspectiva, assiste por cima por de cima de suas cabeças os súditos circulando pela face do reino de seu trono celestial, percebendo cada vivência individualmente, os alicerces que as sustentam e as desgraças que as assolam; as enfermidades se proliferando como pragas agudas, usurpando a paz e trazendo em sua companhia o ímpeto da guerra. A violência assolando os carentes, temerários pelo futuro incerto de seus filhos e a própria existência também em ameaça. Guardas fielmente armados não são o suficiente para assegurar a segurança do reino.
Canute se revolta com o descaso com os intitulados "Filhos de Deus".

A culpa instiga o nobre que enquanto se aconchega na reclusão do quarto, sabe que simultaneamente a infecção do mundo corrobora com a vastidão do mal. O príncipe naquele momento não pode ceder seu tão querido Éden na Terra para os que tanto precisam dele naquele momento, ele sente um remorso amargo se ampliando em sua língua e revirando suas entranhas com violência.

Uma ventania suave, que agracia o jovem da pequena sacada de seu aposento, sopra o semblante conflituoso do futuro monarca, porém sua mente não esfria com a brisa gelada que o embrulha; seus fios dourados remexem-se junto do tecido fino da grande camisola que o príncipe veste.
Ele se curva sobre a sacada de pedras - de pedra como todo o castelo -, os cotovelos apoiados e o corpo perigosamente pendente no limite dela.
Ele inspira, olhos fechados, pensamentos em combustão enquanto seu corpo recebe o ar gentil da noite em seus pulmões.
Todavia Canute não espairece, a insônia que sobreveio nele e em sua mente turbulenta não o deixa. Suas indagações a Deus tiram seu sono, ele está compenetrado com sua missão de trazer o paraíso utópico na Terra, longe do Deus que rege a sua fé. A ausência do sono o faz matutar, seu corpo fadigado implorando por descanso.

Consumido por seus pensamentos, seu instante de ponderação se intensifica ao ponto de suas preocupações comprometerem seus sentidos. Canute massageia suas têmporas, como se tentasse alcançar seu cérebro que parece pulsar dolorosamente dentro de seu crânio. Está tão absorto em sua consciência, atordoado por seu jugo, que sem o conhecimento do loiro alguém adentra o aposento.

Andando em passos leves, os pés deslizando sobre o chão com sutileza traçam um caminho silencioso. A figura tem em mãos um pequeno candelabro, o qual sustenta uma só vela, que por onde passa limpa suavemente a escuridão espessa que há no aposento amplo do nobre.
A luz cria caminho no negrume em direção a Canute, ainda pendente na sacada.

𝐅𝐔𝐋𝐈𝐆𝐄𝐌 𝐃𝐎 𝐏𝐑𝐈𝐌𝐄𝐈𝐑𝐎 𝐀𝐌𝐎𝐑, Canute.حيث تعيش القصص. اكتشف الآن