- Você não parece estar com febre- com o rosto sério ela percorre o olhar pela princesa buscando algo de errado, ela repara nas olheiras bem abaixo dos olhos azuis escuros da princesa, e seu olhar fica ali- Não tem conseguido dormir ultimamente?

Silêncio, Laila não queria dizer que já fazia cinco dias que não conseguia dormir direito.
Laura desvia o olhar e fica pensativa por um momento, então volta a encarar Laila como se tivesse se lembrado de alguma coisa.

- É a semana dos pesadelos, não é?- Laura sussurrou, mesmo que estivessem sozinhas.

Com o rosto neutro a princesa simplesmente ignorou a pergunta de Laura e se levantou indo em direção ao seu closet.

- Você viu as minhas luvas? Eu não consigo encontrá-las em lugar nenhum- ela abre e fecha as gavetas bruscamente em busca de suas luvas.

- Laila.- Laura a chama com a voz baixa e calma enquanto se aproxima da princesa - Olha, está tudo bem- a princesa a ignora e continua procurando freneticamente por suas luvas- eu posso preparar alguns chás especiais que podem te ajudar a dormir e...

Com um estampido que fez Laura se sobressaltar, Laila fecha uma gaveta completamente frustada e irritada.

- Não consigo encontrar minhas luvas!- sua cabeça começa a doer ainda mais, pontinhos pretos embaçam sua visão e sente como se seus braços estivessem sendo assados em uma fogueira. Respire fundo, uma vez, duas, três...

- Laila!- Ela não percebeu Laura se aproximando. E mal registrou quando ela a levou para a cama.

- O que você está sentindo? Me diga!- Laura implorou por alguma resposta.

- E...Eu estou bem- aos poucos sua visão foi voltando ao normal, mas a dor persistia- Eu vou me atrasar para o café, eu... eu preciso ir.

Laila tenta se desvencilar de Laura, mas a mesma a segura pelos ombros obrigando-a a ficar sentada.
Não era correto fazer isso e Laura sabia disso, afinal ela era apenas uma criada e Laila a princesa, mas depois de tantos anos cuidando dela, Laura tinha todo o direito de dizer o que Laila podia ou não fazer dependendo de sua condição.

- Não mesmo, vou pedir para trazerem seu café da manhã e você deve estudar no quarto hoje.- a princesa abriu a boca para protestar, mas Laura foi mais rápida- E isso não está aberto a discussões!

A princesa olhou irritada para Laura, mas não disse nada, de que adiantaria reclamar se no final era a Laura que todos ouviriam?

Quando a princesa era bebê, ela era sua ama de leite, agora, ela era sua criada particular e principal cuidadora, como tinha um grande conhecimento de doenças, remédios e ervas medicinais aos poucos ela conquistou a confiança da família real. Por isso quando ela dizia que a princesa não estava bem, o rei e a rainha acreditavam e Laila não podia fazer nada para convencê-los do contrário.

Seu café da manhã foi servido no quarto, tendo comida o suficiente para alimentar três pessoas, mas Laila não conseguiu comer mais que uma maçã e tomar meia xícara de chá. Ela afirmou que não estava com fome - ela nunca estava com fome, as vezes Laura precisava forçá-la a comer caso contrário a princesa passaria dias sem se alimentar, sempre alegava que não sentia fome.

Por isso era tão magra -quase esquelética- e seu corpo tão frágil, o que a deixava sempre com uma aparência mórbida.

Seus estudos foram feitos no quarto, seus professores pareciam infelizes por terem que levar todo o material para seu quarto, mas nada disseram e aplicaram suas aulas normalmente. Não era primeira vez que tinha aulas no quarto- e pelo visto também não seria a última.

A Bruxa da LuaWhere stories live. Discover now