Olhei nos olhos dela e ela sorriu falsa se virando pra frente, olhei na merda direção e subi o olhar pro semáforo agora verde. Acelerei seguindo reto na rua pouco movimentada, bufei irritado comigo mermo e com essa porra de situação.. Caralho! Fiz merda, pô, mas agora tá feito e não tem como eu voltar atrás não, infelizmente.
Pedaço: A diferença é que eu não sou ele, a diferença Carmem, é que a parada foi totalmente diferente caralho.. Eu tava estressado e com um puta problema, tu tava na minha orelha me botando pressão e falando pra caralho, porra, tu acha mermo que eu queria ter feito isso? Foi a porra da minha reação a tua cobrança.
Carmem: E a culpa é minha, então? - Deu risada passando a mão na testa. - Só queria tu comigo naquele dia, queria que o Jorge tivesse um pai presente no momento que nasceu e aí tu partiu pra cima de mim. Caralho, inacreditável.
Pedaço: Eu sei, pô, eu tô ligado! Mas agora me fala, nós voltando nessa parada toda vez que se vemos vai mudar em que? Em porra nenhuma, Carmem. Isso aí só estressa nós dois e não é maneiro, tu tá puta e com razão mas a parada é que nós dois temos que viver bem caralho. - Desacelerei virando na segunda esquina da rua, a esquerda. - Tu quer mermo o Jorge crescendo assim? No meio da gente brigando igual malucos? Porque eu não quero não, pô.
Ela fez silêncio, ficou na dela e já não falou mais nada. Balancei minha cabeça respirando fundo, observando a rua iluminada pelos postes de luz, vários carros passando e alguns ciclistas também.. As vezes eu viajo na minha própria cabeça, vendo essas pessoas assim pô, vivendo bem e livres, uma parada que eu queria pra caralho.. Sair na rua sem medo, sem escolta ou sem a porra de uma arma comigo, viver como gente normal mermo. Deve ser da hora, pô.
Carmem: Desculpa. - A voz dela quebrou o silêncio e eu olhei rapidamente pra ela, voltando a prestar atenção na rua. - Só tô com raiva ainda. Vou tentar parar de ficar tocando nessa merda de assunto, é melhor pra nós três.
Concordei com um balanço de cabeça, estreitando os olhos pra encarar a luz vermelha lá no final da rua.. Polícia, pô. A Carmem se mexeu no banco olhando a merma coisa que eu, uma blitz e um carro da cívil logo na nossa frente. Puta que pariu! Diminui um pouco a velocidade mas não muito pra não causar suspeita, procurando uma saída antes de chegar até lá. Olhei pelo retrovisor meu pivete dormindo no bebê conforto e porra, senti um desespero do caralho batendo. Pensei em pisar no acelerador e dar meia volta, mas se os caras vierem atrás ou fizerem coisa pior, a Carmem e Jorge estão comigo pô..
Pedaço: Carmem. - Chamei e vi ela me olhar, pelo canto do olho, apontei com a cabeça pro tapete do carro de baixo dos pés dela. - Tem um revólver aí em baixo, pega e esconde. Tá descarregado e não tem perigo, só tira daí antes que parem a gente, rápido pô..
Engoli minha saliva aproximando o carro da blitz, só tem um carro na nossa frente.. A Carmem abaixou o corpo e mexeu no tapete, levantou rapidamente com o revólver na mão e mexendo os pés pelo tapete, colocando no lugar. Ela olhou a nossa e de repente largou a arma no próprio colo, bateu a porra de um desespero do caralho.. Vi ela pegar o Jorge e tirar ele do bebê conforto, trazendo ele pra frente junto com ela. Franzi minhas sobrancelhas e bufei nervosa, olhando ela colocar a porra do revólver no meio do cobertor em volta do moleque..
Carmem: Tem mais alguma coisa?! - Perguntou e eu olhei pro Jorge meio acordado, se mexendo no colo dela.
Pedaço: Tô com três baseados só. - Ela bufou e me olhou feio. - Esconde? Porra mas não perto dele..
Carmem: Óbvio que eu não vou colocar isso perto dele, tá maluco?! - Falou nervosa e medrosa, conheço bem esse olhar de desespero dela.. - Porra, tu é um idiota, sério! Levanta o meu vestido, rápido!
Pedaço: O vestido? - Perguntei sem entender, curioso e nervoso.
Carmem: Sim! Anda! Coloca o que tu tiver na lateral da minha calcinha.. é apertada e vai segurar. - Mandou de novo e eu assenti.
Tirei os três baseados de dentro da carteira e fui com a mão livre pra coxa dele, puxei o tecido fino que ela jura que é um vestido mas é só um pedaço de pano, e ergui até uma parte. Coloquei a mão com os baseados por dentro do vestido e subi esfregando a mão na lateral do corpo dela, sem malícia alguma mermo, encostei na lateral fina e apertada da calcinha e puxei, colocando os baseados no espaço e soltando a calcinha. Tirei minha mão dali e puxei o vestido pela barra até a metade da coxa.
Caralho.. Olha a merda que eu tô fazendo ela passar, pô, isso nem devia acontecer..
Pedaço: Tu não tem que fazer isso, Carmem. - Falei arrumando minha postura no banco e olhando o carro da frente sair, um policial se aproximar e eu cumprimentar ele com a cabeça. - Valeu, Estrelinha.
Carmem: Jorge precisa de um pai. - Respondeu e eu olhei pra ela, encarei o rosto mais calmo e assenti agradecendo de novo. O policial bateu na minha janela e eu virei pra falar com ele.
Xxx: Documento do carro e identidade. - Falou quando eu abri o vidro da janela, ele se debruçou na janela e me encarou, tombando a cabeça pro lado e encarando a Carmem do meu lado. - A senhora também, documentação.
Suspirei pegando no porta luvas a porra dos documentos do carro e a minha identidade na carteira. A Carmem apontou pra bolsa pendurada na lateral do banco e eu abri procurando a identidade dela, demorei um pouco pô, achei absorvente, maquiagem e a porra toda, e lá no fundo a identidade. Peguei e virei entregando pro policial que se afastou com os documentos em mãos. De longe o outro policial junto com ele, me olhou e veio andando devagar, encarando o carro e nós dois. Já pressenti uma parada esquisita e ele fez o mermo que o outro, se debruçou na janela mas dessa vez encarou mermo a Carmem..
Xxx2: Vou precisar dar uma olhada dentro do carro, os dois podem se retirar de mais vazias por favor. - Pediu com um tom estranho pra caralho.. Olhei pra ele já metendo minha pior cara mermo, ele sorriu e bateu na porta. - Coisa de rotina, pô. Rapidinho. A menos que tu tenha algo pra esconder.
Sustentei o olhar do pau no cu e desviei uma só vez pra falar com a Carmem, essa porra tá estranha pra caralho! Tô na mira deles..
Pedaço: Tu fica aqui dentro, vou resolver isso. - Avisei e ela franziu a testa, acompanhando com o olhar enquanto eu pegava dentro do porta luvas um maço de dinheiro. - Ouviu, Estrelinha? Aqui dentro.
Me virei abrindo a porta e saindo do carro, o policial já encarando o malote na minha mão e dando um sorriso, desviando o olhar para a minha mulher dentro do carro.. Filho da puta. Balancei a mão com o dinheiro e fui caminhando pra longe, sendo seguido por ele em direção ao outro policial.
Bando de paus no cu.. Vermes do caralho!
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Eternos Amantes
Romance"Lua cheia no morro, invictos no jogo não fugimos da guerra. Mais cedo ou mais tarde, exigindo liberdade, o olhar de maldade é o extinto selvagem". O amor é uma completa ilusão. Ele nunca foi uma salvação, apenas uma perdição disfarçada de palavras...