Capítulo 3

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Marcelo

Os seus olhos castanhos estavam em mim claramente confusos, ela não esperava por uma intervenção em sua queda supus, só então notei o porquê dela me
olhar surpresa, para não dizer assustada: Eu estava próximo a ela, meus olhos nos seus e minha mão ainda em suas costas.

Afastei-me para lhe dar algum espaço, notei o seu crachá, a fonte de informação que eu precisava.

–Eu... Obrigada, eu... –A moça gaguejou, meus olhos ainda em seu crachá, seu nome era Ana Garcia, um nome comum.

Setor: contabilidade, eu poderia supor só pelas informações que a garota era comum, ou seja, um saco! Mas ela pareceu ganhar a
simpatia de Aurora e... Ana recuou um passo, eu agarrei seu crachá para impedi-la, queria mais informações, mais não havia muito em seu crachá além de... O código. Código com
informações pessoais que ficavam no RH. 24567 era o número. Bastava ter acesso a um
computador, meu computador, e digitar o código para saber mais sobre ela, e então Ana seguiu para longe, eu devo tê-la assustado.

Bem, dane-se!
...
–Hei Marcelo onde estava–Paola  me questionou, fui direto para meu computador.

–Estava resolvendo meus problemas se quer saber. –Dei um sorriso e acessei o programa que mostrava informações dos funcionários, digitei o número de Ana: 24567.

Lá estava, o arquivo completo da garota. Sorri.

–O que está vendo? –Paola  perguntou e veio para trás de mim, a ignorei enquanto imprimia uma folha com os dados de Ana Garcia.

–Quem é essa?

–Ana Garcia, minha futura mulher. –Disse levemente divertido, Paola se enervou com o que disse.

–COMO ASSIM SUA FUTURA MULHER? QUE PAPO É ESSE Marcelo?

–Pare de gritar! –Esbravejei enquanto pegava da impressora aos dados de Ana. Nome, endereço, telefone... Tinha tudo o que precisava.

–Por que ela? Diga-me por que escolheu essa mongolóide? –Ela perguntou enquanto se afastava e sentava em uma poltrona a minha frente.

–Eu a vi conversar com Aurora, qualquer uma que tenha a
simpatia da minha irmã pode ser minha esposa, e eu não tenho tempo para procurar, não posso perder tempo, claro que eu preciso saber se ela sente algo por mim, Paola você fará isso.

–O QUE? –Ela perguntou com aspereza e surpresa.

–O que você ouviu. Você vai investigar para ver se aquela moça Ana Garcia sente algo por mim, essa é sua foto e seu setor.

Disse passando a ficha da garota para Paola.

Paola não estava nada contente, mas não poderia reclamar, afinal ela sabia que Aurora não iria aceita-la.

–Que seja. Muito embora eu ache que você não precise se preocupar Marcelo, ainda que essa tal de Ana fosse casada e com filhos, ela cederia a você se é isso que deseja. Ainda sim eu acho que você deveria pesquisar um pouco mais.

–Não, eu a quero. –Minha voz soou com intensidade, algo que impressionou até a mim, por que eu queria tanto aquela mulher? Eu não sabia, algo na conversa animada com Aurora, algo em seus olhos.

– Paola fique na cola daquela mulher hoje. –Ordenei, Paola foi contrariada, mas foi.
...
Fim de tarde, estive ocupado com muitas coisas do trabalho e Paola ficou na cola de Ana, ou pelo menos fingiu fazê-lo.

Enquanto resolvia meus assuntos pensava no que faria, independente se ela gostava de mim ou não, era comprometida ou não, pensava no próximo passo, eu teria que tê-la em pouco tempo, no máximo quatro
meses, após o casamento eu teria de suportar um ano com a garota, mas ela poderia pedir o divorcio, seria fácil me desfazer dela, eu sabia ser insuportável quando queria, distrai-me com os planos e quando dei por mim estava na hora de ir. Paola entrou aborrecida em minha sala.

–E então? Descobriu algo?

Perguntei com os olhos na ficha que imprimi com informações de Ana.

–Descobri que ela é uma babaca, você não vai agüentar nem dez segundos com ela! – Paola disse zombeteira.

–Estou falando sério Paola. –Falei com aspereza.

–Eu também amor. –Ela disse com um sorriso zombeteiro. Suspirou. –Aquela garota não demonstra como as outras. Não sei o que pensar se ela sente algo por você como todas as funcionárias ou não. Ao invés de perder tempo com isso tente logo
conquistá-la e tão logo se desfaça dela Marcelo. Quanto mais rápido melhor.

–Em outras palavras você não cumpriu com o seu dever de vigiá-la, não é Paola?

–Eu fiquei olhando para aquela songa monga, mas não notei nada, aliás ela já está saindo para casa. –Quando Paola disse isso eu despertei.

–Então é melhor eu verificar onde ela mora exatamente.

Levantei e peguei meu paletó vestindo-o.

–Vai seguir a “sem sal”? –Paola perguntou emburrada. –Pensei que ficaríamos juntos esta noite.

–Outro dia meu bem. Isso é importante.

–Então posso esperá-lo no seu apartamento?

Ela perguntou esperançosa em passar a noite comigo, mas naquela noite eu não queria sexo, queria solução para meus problemas e uma boa dose de Uísque.

–Amanhã, quem sabe. Hoje não Paola.

E então eu saí. Felizmente consegui acompanhar Ana quando ela entrou em um ônibus, quando desceu e seguiu para um prédio de apartamentos pequenos, meus olhos acompanhando-a nas
menores coisas, gestos.

Eu poderia esperar e escolher algo mais sexy, a tal Ana era tão comum que chegava a enojar.

Minha intuição apontava apenas para ela, como se apenas ela servisse, prometi a mim mesmo que tão logo começaria o plano, conquistá-la e em seguida me desfazer dela. Rápido, letal.

Eu não consegui encontrar a compaixão pela garota enquanto pensava na fortuna que iria herdar. Que se danem os sentimentos dela!

Ela seria minha! Eu iria ter minha fortuna e então iria descartá-la, simples assim.

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⏰ Last updated: Sep 18, 2022 ⏰

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