- Eu sinto muito que você tenha que passar por isso, Han. - Minha amiga deu de ombros, fingindo não se importar.

- Não precisa sentir. Eu já aceitei que nem todo casal pode ser tão feliz e apaixonado como seus pais. Acho lindo como eles estão juntos há 22 anos e ainda parece que acabaram de começar a namorar.

- Talvez você e Asher possam ser um casal apaixonado que vai viver anos e anos juntos. Falando nisso, quais os planos de vocês dois pro verão?

Hannah me lançou um olhar feio com a pergunta. Se estivéssemos em desenho animado, ela teria soltado raios laser pelos olhos e me cortado. Asher era um carinha da nossa escola que ela havia saído algumas vezes durante o último semestre. Ele era um rapaz gente boa, mas era adorava comer cabelo de outras pessoas. E sim, eu estou falando no sentido literal, não que eu ache que exista um sentido figurado pra isso.

- Asher e eu ficamos juntos por duas semanas, Chris. DUAS! - Sua expressão brava fez uma gargalhada ecoar da minha garganta, o que só piorou minha situação porque ela começou a dar leves soquinhos no meu braço.

- Aí, garota! Para com isso! Eu vou te processar! - Reclamei, em tom de brincadeira, e ela me deu a língua, parando com a agressão. - Mas aqui, falando sério agora. Por que vocês dois pararam de se ver? Além do fato de ele comer cabelo, claro.

- O fato de ele comer cabelo não é suficiente? - Assenti, rindo. - Mas isso aí também se somou ao fato de que eu estou gostando de um carinha aí.

- CHRIS! - A voz estridente de meu irmão Jonah encheu meu ouvido, interrompendo nossa conversa no momento que eu ia perguntar quem era. - CHRIS! ESPERA!

Parei de andar e olhei para trás, vendo-o correr na minha direção. Quando ele chegou mais perto de nós, estava ofegante. Seu rosto estava vermelho, talvez da corrida, mas também podia ser das lágrimas que escorriam grossas por seu rosto.

- Você tem que vir pra casa, Chris. - Ele falou, enquanto tentava normalizar a respiração.

- O que aconteceu, Jonah? Por que você está chorando? - Perguntei, a preocupação e o desespero tomando conta do meu corpo.

- Acabaram de ligar para a mamãe, o papai sofreu um acidente e falaram que ele morreu.

O meu cérebro levou apenas alguns segundos para processar aquela informação e eu mal vi o momento que comecei a correr. Hannah estava dizendo algo, mas eu não ouvi, e também não sabia se Jonah estava me seguindo ou não.

Só parei de correr quando eu, finalmente, consegui chegar em casa. Encontrei minha mãe sentada no sofá, segurando a rosa que papai lhe dera de madrugada. Seu rosto estava molhado do choro, mas contrariando todas as expectativas, ela tinha um pequeno sorriso nos lábios.

- Mamãe? - Chamei, cauteloso, com medo daquele sorriso significar que ela estava em estado de choque.

Ao ouvir minha voz, mamãe levantou o olhar da rosa, me encontrando. Ela indicou o espaço vazio ao seu lado no sofá e eu fui até lá, me sentando. Finalmente descobri que Jonah estava atrás de mim e se sentou junto, colocando-se do outro lado dela.

- É verdade o que o Jonah me falou? - Perguntei e senti meu coração apertar ao ver ela assentir.

- Me ligaram do hospital. Parece que um motorista dormiu no volante, entrou na contramão e acertou o carro do seu pai. Disseram que ele morreu na hora, sem sofrimento. - Falou.

- Como a senhora está? - Jonah perguntou. Minha mãe sorriu novamente e levou a flor até seu nariz, exalando o cheiro.

- Eu nem sei, filho. É uma mistura estranha de dor com gratidão que é difícil de explicar. O pai de vocês é... - Ela se interrompeu, dando um longo e sofrido suspiro. - Era, o pai de vocês era o amor da minha vida. Mas não só isso. Ele era meu melhor amigo, meu parceiro, a pessoa que sabia cada um dos meus segredos. Ele me viu nos piores e nos melhores momentos. Ele me deu os presentes mais lindos do mundo, vocês. E eu não sei como vou fazer para viver sem ele e essa incerteza dói mais que tudo. Mas eu sei que sou muito sortuda de ter vivido a vida com ele e de ter o amado e de ter sido amada por ele. Por esse amor eu só sei ser grata.

Foi nesse instante que a conversa com Hannah voltou na minha cabeça, me fazendo lembrar de como ela falara do relacionamento dos meus pais. E foi aí que eu percebi que o amor deles era diferente e especial. E também foi naquele momento que eu conclui que não saber como o dia seria não era de todo ruim, porque se naquele dia o robô ao lado da minha cama tivesse me falado que eu estava prestes a viver o pior dia da minha vida, eu não teria nem me levantado da cama e com certeza não teria descoberto o tipo de amor que eu queria dar e receber na vida.

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Oi genteee! Estou de volta e já vou agradecendo por você que está aqui começando essa leitura. Estava morrendo de saudades de escrever e mal posso esperar para que vocês conheçam Chris e Sofia. Peço a paciência de vocês com os dias de postagem, porque entre faculdade e estágio quase não está sobrando tempo para o resto, então não prometo postar com frequência, mas prometo tentar. Sejam muito bem-vindos a "Esse tipo de amor". Espero que gostem! Amanda 💖

Esse tipo de amor...Where stories live. Discover now