— Ele veio me falar sobre o testamento do meu pai — dessa vez, soou como verdade, mas ainda assim havia algo estranho. Taehyung parecia sentir dor. Não uma dor física, mas os olhos denunciavam que ele estava sofrendo e sufocando algo no peito. — Foi por isso que fiquei, hm, emocionado? Desculpa se eu te acordei. Você pode voltar a dormir.
— Eu não quero dormir, Taehyung. Você não me respondeu nada que fizesse sentido. Testamento do seu pai? O quê? E esse cara? Não foi ele que nos perseguiu para todos os lugares...— Jeongguk puxou o ar com força para dentro dos pulmões, o cérebro virando gelatina com as informações que não faziam muito sentido.
Seokjin torceu o nariz e encolheu os ombros num pedido de desculpas, um sorriso amigável no canto dos lábios.
— Eu te explico depois, coração. Não é nada de mais.
— Mas não parece ser algo tão simples. Você não está mentindo, não é? — Jeongguk perguntou em um tom sério, encarando-o, deixando claro que se magoaria caso Taehyung estivesse mesmo mentindo dessa vez. Ele fechou os olhos por um segundo e abriu um sorriso forçado.
— Não, não estou mentindo, já disse que posso te explicar melhor depois. E ele já estava mesmo indo embora, não é? — Seokjin assentiu, mas era quase palpável o desconforto ao olhar Jeongguk.
— Você vai ficar bem, Taehyung? — Seokjin perguntou. A pergunta soou baixa como um segredo, mas o suficiente para que ouvisse.
— Eu estou bem, não se preocupe, cara, já superei. Depois a gente se fala sobre, hm, o testamento. — Deu outro sorriso, mas, outra vez, nem um pouco convincente.
Depois que Seokjin foi embora, um clima estranho se instaurou entre os dois. Jeongguk sentia que algo de errado e grave estava acontecendo, e a possibilidade de Taehyung estar mentindo talvez fosse a pior possível. Não era hora de mentir depois do que conseguiram superar, ainda estavam sob uma frágil camada de gelo fino, que a qualquer momento poderia simplesmente rachar. Mas tentou não pensar muito nisso enquanto recolhia o vidro espatifado do chão.
— Aí! — Reclamou quando um pedaço do vidro cortou um pouco da pele. Por reflexo levou o dedo até a boca, chupando-o, na tentativa de estancar o sangue.
— O que houve? — Taehyung perguntou, preocupado, ele se aproximou depressa e segurou a mão de Jeongguk com delicadeza. Havia um pequeno filete de sangue brotando na pele delicada do dedo. — Está doendo?
— Não. Não é nada, é só um cortinho...
Ignorando-o, Taehyung o arrastou até a cozinha e lavou o corte com água e sabão, em seguida, buscou nos armários por algo, até achar uma caixinha com band-aids coloridos.
— Pokémon? — perguntou quando Taehyung terminou de enrolar no machucado um band-aid amarelo com a carinha do Pikachu. — Você não é meio velho para ter isso?
— Pokémon é atemporal, seu pirralho. — Como sempre fazia, quase que no automático, Taehyung o puxou para perto segurando Jeongguk pela cintura, mas parou na metade do movimento. — Desculpe.
— Pelo quê?
— Eu não sei como estamos depois do que aconteceu ontem, me lembro de pouca coisa que conversamos, para falar a verdade. Como estamos? — Taehyung perguntou devagar. Jeongguk adorava os olhos dele, gentis e confortáveis, eram olhos bonitos, um marrom chocolate que tinham a sensação de morada, e em momentos assim, onde ele exalava insegurança, havia algo de muito genuíno brilhando neles.
— Você se lembra das coisas que disse ontem? — perguntou com um sorrisinho e uma sobrancelha arqueada. O rosto de Taehyung automaticamente se transformou em uma careta de desespero, os olhos arregalados e a boca aberta.
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A grama do vizinho nem sempre é mais verde (taekook)
FanficJeon Jeongguk é um garoto inocente, mas o pouco que conheceu da vida não lhe permitiu exatamente viver como gostaria. Criado com disciplina, tendo como base os mandamentos da bíblia, ele descobre um mundo completamente distinto quando Kim Taehyung...
[16] Gnossienne
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