escola

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A caminho da escola resolveu passar pelo parque que ali se encontrava. O doce cheiro das árvores, a leve brisa, o som dos pássaros, era nesses momentos, nos momentos considerados tão fúteis que Viollett se sentia tão bem, era nesses momentos que ela podia ver a beleza da vida.

Chegando na escola todo o sentimentos que a mesma obtera durante a caminhada pelo parque se acabavam. Tantas pessoas, conversas, gritos, murmúrios, isso a incomodava extremamente. Viollett respirou fundo e colocou seus fones. Ao passar pelos corredores ela sentia olhares nela. Era esperado esse tipo de reação, Viollett era muito bonita, com a sua aparência estrangeira chamava muita atenção.

Ela apenas fingia não estar sendo seguida por olhares desconhecidos, porém ao passar por um dos corredores Viollett viu um garoto que lhe chamara atenção, sua pele clara e cabelos castanhos lhe chama atenção de um jeito que a mesma não entendia, ele parecia um jovem japonês comum mas algo nele a intrigava. Ao perceber que ficou muito tempo parada Viollett voltou a andar rumo seu armário.

Viollett já abrindo seu armário sente um olhar em suas costas. Ela se vira lentamente, afinal não queria demonstrar que olhou por saber que a observavam. Então ela teve uma surpresa ao olhar para trás, a garota que carregava tristeza em seu olhar, a mesma garota que ela pagou um café na cafetaria, nunca imaginou revê-la. De certa forma estava feliz, havia gostado da companhia da garota, mesmo não tendo trocado uma palavra sequer enquanto bebiam os cafés, o silêncio que se fizera em torna das duas era extremamente confortável.

      A  garota se aproximou de Viollett que havia voltado sua atenção ao armário e agora tinha seu livro de química em mãos.

A garota da cafetaria se aproxima de Viollett com o mesmo sorriso de sempre.

-Olá - Ela diz meio sem jeito, aparentemente a garota devia estar com vergonha.- Uhm, você e a garota que foi no café não é? -Diz novamente sem jeito.

-Sim, você é a atendente não é mesmo?- Viollett diz mantendo seu semblante calmo. Viollett já sabia que era ela, lembrava-se bem de seu rosto.

-Sim! Que bom que se lembra! Não tive a oportunidade de lhe agradecer pelo café, muito obrigada! Se importa se eu me sentar com você? Você é nova e além disso eu não tenho muitos amigos- Disse com um olhar um tanto quanto triste- Mas se não quiser eu vou entender..- disse a mesma colocando a mão atrás da nuca.

-Não a de que. E sim eu não me importo se você se sentar perto de mim.-Disse Viollett mantendo o mesmo semblante de sempre. A garota nunca fora de muitas amizades, não se importava se estivesse ou não acompanhada.

-A propósito me chamo Melany, Melany Gale, e um prazer.-Disse a menina com um sorriso no rosto.

-Me chamo Viollett, Viollett O'Brien.- Disse fechando seu armário- É o prazer e meu.

Após isso as duas foram em direção a sala. Melany sentou-se ao lado de Viollett ambos na parte da primeira fila.

Embora não gostasse da escola Viollett agradecia por ter ido no dia de hoje, caso contrário não teria reencontrado Melany.

Após mais alguns momentos presa em seus pensamentos viollett percebe o professor entrar na sala, com seus olhos na mesma expressão de sempre viollett clamava a qualquer deus que a ouvisse para que o professor não solicitasse sua presença na frente da sala, o que aparentemente não funcionou pois o mesmo fez o exato contrário.

-Oi! Parece que temos uma aluna nova! Viollett, poderia se apresentar por favor? -Disse ele com um enorme sorriso estampado no rosto.

Viollett sentiu suas mãos geladas e trêmulas, em toda sua vida tentara evitar palestra a público, mesmo que fosse uma platéia pequena Viollett não gostava da idéia de ter que falar na frente de todos. Trêmula ela se levantou indo rumo ao professor, a mesma respirou fundo e manteve o semblante calmo e serio de sempre.

-Me chamo Viollett, Viollett O'Brien, tenho 17 anos e quero me tornar uma escritora.- Mesmo aparentando estar calma Viollett sentia sua alma sair do corpo, cada palavra cada gesto fazia suas mãos se tornarem mais gélidas e trêmulas.

Como se já não bastasse falar o que falou o professor disse uma coisa que a deixou mais nervosa ainda.

-Bom, algum de vocês teria alguma pergunta para nossa nova colega? - Disse com o mesmo sorriso.

Uma garota de cabelos curtos que se encontrava ao fundo da sala se pronunciou.

-Vejo que tem aparência estrangeira, se não se incomoda poderia me dizer de onde veio?- Disse a menina colocando uma das mechas de cabelo atrás de sua orelha.
  Viollett mais uma vez respirou fundo e tentou responder sem deixar a voz falhar.

-Sim eu não sou do Japão, nasci e fui criada nos Estados Unidos na cidade nova York, pois meu pai era americano.

De repente o garoto a qual Viollett ficou encarando no corredor se levanta querendo fazer uma pergunta. Não sabia o por que mas aquele garoto a deixava muito intrigada, não sabia se era os olhos os cabelos ou qualquer outra coisa só sabia que queria desvendar o mistério por trás daqueles olhos castanhos. O garoto por sua vez sem demoras fez sua pergunta.

-Por que se mudou para o Japão?  Não gostava de Nova York? - Perguntou o garoto realmente curioso para saber a resposta. Já viollett não gostava daquela história, suas mãos suavam frio e seus cabelos se mexiam levemente junto ao vento soprado pelo ventilador de teto, trêmula e pálida, era assim que ela se encontrava, precisa mesmo contar? Precisava relembrar os péssimos momentos? Viollett apenas respirou bem fundo e soltou o ar devagar já esperança de que isso a acalmasse, o que aparentemente funcionou.

-Eu e minha mãe nos mudamos pro Japão após a morte de meu pai- disse a última parte com uma pequena falha na voz- Já que tínhamos parentes aqui- pela dependência japonesa de sua mãe- resolvemos nos mudar e viver uma nova vida aqui.

O garoto a olhou e se curvou.

-Eu sinto muito, não era minha intenção te relembrar disso. - o garoto disse ainda curvado, viollett sentiu um pouco de suas inseguranças esvairem-se e apenas deu um sorriso fraco.

-Não há problemas. - Disse calma como sempre.



O Chamado das cerejeiras.Where stories live. Discover now