Ele quase não mostra reação diante de minha resposta, mas vejo um músculo em seu pescoço se movendo.

— Está pronta para começar a explicar? — pergunta, erguendo uma sobrancelha.

— Eu já falei tudo o que tinha para falar, capitão. Você é quem não quer acreditar em mim.

Ele cruza os braços sobre o peito, mas sequer estremeço com a imagem ameaçadora que ele tenta passar.

— É difícil acreditar em você, não acha? — Dou de ombros, porque sim, acho, mas ele tem outra escolha? Ano é qualquer um que se aventura para o meio do Grande Mar, já que a maioria nunca voltou. Procurar o Reino do Mar é quase um suicídio, mas se eu demonstrei interesse, ele podia pelo menos confiar um pouquinho em mim. — O Reino do Mar foi destruído há mais de dez anos.

Quase reviro os olhos com a tentativa dele de parecer indiferente.

— Eu sei, Lionel. E quem não sabe disso? O céu ficou marcado eternamente depois desse dia. E não adianta bancar o idiota besta pra cima de mim, pois eu sei que você quer chegar lá.

— Ah, é. Isso. — Ele se senta à minha frente e cruza as pernas, parecendo relaxado e de boa enquanto eu fico mais tensa que uma corda. — Me diga como descobriu essas coisas sobre mim.

Dou de ombros da forma que posso com as mãos amarradas atrás das costas.

— Tenho estudado você — digo despreocupadamente, e meus lábios tremem quando ele franze o cenho.

— Estudado como?

— Observando você, capitão. Sabe, estou começando a achar que a teoria de que quando um cara é tão alto quanto você perde em tamanho em outras coisas é verdade.

Não aguento e abro um sorriso ao vê-lo estreitar os olhos com raiva.

— É melhor não acreditar em teorias antes de tirar suas próprias comprovações, Stormy.

— Com essas suas perguntas, estou achando mesmo que seu cérebro é pequeno.

— Não era do meu cérebro que eu estava falando.

Ah. Ah.

— Isso só me comprova que você pensa mais com a cabeça de baixo do que com a de cima.

Lionel nem parece se ofender com meu comentário. Na verdade, parece até presunçoso que eu esteja pensando na sua... cabeça. A de cima, que fique claro.

— Você pode estar se divertindo fazendo isso, mas garanto que não está facilitando nada na minha opinião de ajuda-la e confiar em você. Porque assim que atracarmos em Arielle, eu vou te levar até as autoridades locais e você será julgada por invasão. E tenho certeza que posso encontrar mais alguns crimes que você tenha cometido. — ele diz.

— Terminou o discurso? Vamos lá, Lion, eu sou uma pessoa generosa e muito curiosa. Estou te oferecendo um tesouro completo em troca da morte de uma pessoinha que nós dois odiamos. Isso não era para ter sido aceito no mesmo momento?

— Não.

— Você é tão chato — suspiro dramaticamente. — Eu já dei uma prova que sei do que estou falando.

— Eu sei, mas convenhamos, qualquer um que goste de histórias antigas poderia pesquisar mais a fundo sobre o Reino do Mar poderia ter descoberto o que você supostamente sabe. Eu quero mais.

Quase sorri, porque se ele queria mais provas, era porque estava intrigado com o plano e possivelmente poderia aceitar. Eu só precisava usar as armas corretas e esperar que, no final, ele não me desse um chute na bunda.

No Coração da Tempestade (em andamento)Where stories live. Discover now