Dei um pigarro, forçando um sorriso amigável para evitar de revirar os olhos. O que ele tinha de bonito, tinha de idiota, mas pelo menos ia servir para o que eu planejava.

- A-Ava? O-oi... - gaguejou, limpando o rosto na manga do terno.

Meu Deus!

- Como está, Graham? Não tivemos tempo de conversar desde que a festa começou.

Eu estava enjoada com minha própria voz absurdamente angelical e fingida.

- É... Vocês ficaram tão ocupados recebendo todo mundo que não quis incomodar - O jeito que ele balançava a cabeça mais do que o necessário me fez acha-lo idêntico àqueles cachorrinhos de brinquedo com o pescoço de mola - Inclusive, muito legal da parte do Sr. Malone disponibilizar a casa de vocês para a festa beneficente da igreja. O jardim é lindo!

- Minha mãe vai ficar feliz em ouvir isso - ri sem vontade alguma. Que papo chato! - E está gostando? Vi que a comida está aprovada.

Brinquei, agradecendo aos céus por ele ser burro ao nível de não entender a verdade por trás das minhas palavras. Graham sorriu, respondendo que estava tudo perfeito.

Óbvio que está tudo perfeito, minha mãe surtou com cada um da equipe de decoração.

- Que bom que gostou. Fico muito contente em saber disso - toquei seu braço com carinho, apertando suavemente - Mas cá entre nós... - me aproximei, como se fosse contar um segredo. Graham se inclinou um pouco para mim - Acho que encontrei algo mais interessante.

Bingo! Lá estava o olhar de cachorrinho curioso, louco para saber a novidade. Não tinha jeito, era de praxe: Maior que a fé do indivíduo criado em igreja, era a sua necessidade de meter o nariz onde não era chamado.

Não perdi tempo e pedi que Graham me acompanhasse até o escritório do papai, algo que ele prontamente atendeu sem questionar muito - ainda bem! Antes de entrarmos em casa, dei uma última olhada em meus pais e tive a impressão de ver o padre Thomas me encarando, porém não dei bola a isso, pois com certeza era o tesão e adrenalina me fazendo ver coisas.

Peguei a mão de Graham e o conduzi pelos cômodos da mansão, fingindo estar empolgada com alguma história estúpida que ele tagarelava e que eu não dava a mínima. Logo chegamos no bendito escritório, no segundo andar, de frente para o jardim onde todos comemoravam distraídos.

Tinha chegado a hora e eu não podia estar mais ansiosa - para não dizer excitada!

- E então, o que era? - Graham perguntou com os olhos brilhando em curiosidade, virando a cabeça para todos os lados procurando sei lá o que.

Mordi o lábio inferior, um pouquinho nervosa, confesso, porém determinada a saciar esse fogo que me consumia. Levei minhas mãos até as alças finas do vestido vermelho que usava - e que minha mãe encheu o saco dizendo: "vermelho é a cor do pecado!" - e as abaixei um pouco, apenas para provocar inicialmente. Como esperado, Graham quase deixou seus olhos azuis saltarem das órbitas, finalmente entendendo minhas intenções.

Até que o garoto não era tão idiota assim!

- Ava... Eu... É... - quase comecei a rir quando o ouvi gaguejar como um pateta, respirando tão fundo que mais parecia crise de asma.

Seu rosto ficou vermelho sangue e suas mãos frenéticas remexiam a gravata, denunciando seu nervosismo, ainda mais quando comecei a caminhar em sua direção, o encuralando entre mim e a mesa de mogno do papai.

Graham se inclinou para trás quando esmalpei minhas mãos em seu peito, torcendo sua camisa social entre os dedos de modo a puxá-lo para mim. Ele tentava fugir de mim, porém não seria tão fácil.

Pecado Perfeito [NÃO REVISADO]Where stories live. Discover now