Ele me deu um selinho e saiu. Me senti sozinha então resolvi subir as escadas e fui para o quarto. Me sentei na cama e encarei a cômoda onde estava o diário azul.

Peguei o mesmo e me deitei de lado. Comecei a ler o diário e descobri muitas coisas que não eram possíveis. Segundo o dito, eu fui sequestrada ao nascer e entregue à família Sergh. Eles trabalhavam para os meus pais biológicos que receberam a notícia de que a filha estava morta.

Quis rir. Parecia tudo um filme, o roteiro para uma série de drama. Eu ia continuar, mas escutei Felipe me chamar.

    — Kristal! Eu trouxe os ingredientes! Vem fazer sua mistureba!!! — ele gritou.

Desci as escadas com calma, não me preocupando muito. O desejo ainda estava forte e só não dei muita bola porquê eu estive distraída.

    — Eu esqueci de perguntar qual sabor você queria. Então... — ele apontou para os cinco potes de sorvete que ele trouxe.

Sorri e o abracei.

    — Você é um fofo! — contei.

Peguei o liquidificador e uma colher para colocar o sorvete dentro do mesmo. Misturei todos os ingredientes e bati até virar um... Um milkshake. Coloquei em um copo de vidro fino e longo e tomei em goles longos. Repeti a dosagem e soltei um "aaaaaah" de satisfação no fim.

Senti uma dorzinha aguda na cabeça, nada sério.

      — Acho que congelou o cérebro... — falei, rindo.

    — O que aconteceria se eu estivesse apaixonado por você? — ele perguntou, repentinamente.

A pergunta me pegou de surpresa, me calando para pensar. Nossa relação permitiu uns beijinhos aqui e outros ali. Mas nada muito sério.

    — Nada, ué. Você não está apaixonado por mim, em primeiro lu...

    — Eu estou. — ele me cortou. — E não diga que falo isso por conta do bebê. Eu estou apaixonado por você, Kristal. Eu... Você é incrível. Eu quero que esse casamento dê certo. Mas, sendo eu e você. Ignore os protocolos, tudo. Vamos ser só nós e o bebê.

Ele segurou minha barriga e minha mão.

     — Seja minha. Por favor, Kristal. — ele murmurou.

Me sentei na cadeira, já desnorteada. Eu não esperava esse assunto.

     — Calma, calma... — murmurei, nervosa e ansiosa.

     — Você gosta de mim? — ele perguntou, direto e sem enrolação.

     — Sim. Mas...

     — Não vou pedir pra esquecer seu passado ou seus planos. — falou, se aproximando. — Eu queria manter tudo profissional, mas, hoje... Eu não consegui. Sinto muito, não consegui. Eu...

Segurei seu rosto e o beijei. Eu não podia comparar o que eu vivi no passado com o que estou vivendo agora. Eu posso dar uma chance para essa vida.

    — Eu tenho medo do futuro. — falei. Ele ia me interromper, mas eu lhe roubei um selinho. — Mas vamos viver um passo de cada vez. Okay?

    — Então, você...?

    — Estou aceitando seus sentimentos, bobinho. Estou dando uma chance para nós dois. — falei, jogando sua franja para trás.

Ele riu e me beijou. Nem sei como, mas ele me colocou encima da mesa.

    — Ou, ou, ou! Eu estou pesada agora! Manera um pouquinho! — brinquei, descendo da mesa.

Grávida do Príncipe Onde histórias criam vida. Descubra agora