Ela se aproxima apressada no momento em que desço as bases da escada que Gil trouxe para mim. Quando estou prestes a pisar a grama do jardim da mansão Winston, já posso sentir Vanessa bem atrás de mim.

— Deluca, você enlouqueceu?!

Eu me viro, e com seu corpo a apenas meros trinta centímetros do meu, eu beijo seus lábios. Sinto o frio no pé da barriga, e quando estou prestes pensar que ela vai me empurrar e brigar comigo, seu lábio inferior se move contra o meu, me fazendo segurar seu rosto, sentir meus dedos frios afagarem as bochechas quentes e possivelmente avermelhadas dela. Quero rir com o pensamento, mas nada me tiraria daquele beijo — nem Gil, nem seguranças, nem o cachorro em enorme, e nem a dona enorme dele.

— Desculpa — é a primeira coisa que me apresso em dizer quando nossas bocas se afastam por falta de ar — Desculpa por ter te expulsado do meu quarto, desculpa por ter gritado com você — digo, encarando sua boca avermelhada, mesmo podendo sentir as íris esverdeadas sobre mim — A minha casa é uma bagunça, Nessa, e eu não eu não quero que você faça parte disso, porque é apenas quando estou com você que sinto que minha vida não é um completo desastre. Então, me pergunte qualquer coisa, qualquer coisinha e eu respondo, mas não me faça falar sobre o que acontece na minha casa, por favor. Não quero que isso venha a tona com você.

Tomo coragem para erguer os olhos e dar conta que ela está prestes a chorar. Me surpreendo com suas bochechas tomando uma cor ainda mais intensa de vermelho e sua boca formando um beicinho de choro. Não consigo distinguir o quanto aquilo é assustador ou adorável, e começo a me desesperar.

— Princesa? — levo alguns fios de cabelo em seu rosto até atrás das suas orelhas. Suas mãos vão até a gola da minha camisa de botões folgada, e ela funga ao brincar com o colarinho — Está chorando? Meu santo Deus, você está chorando. Certo. Eu queria te avisar que acabei de descobrir te vendo assim que se você começar a chorar tão bonitinho desse jeito...— engulo o seco, sentindo os olhos arderem — eu choro também — murmuro, humilhantemente, por um fio de voz.

Ela abre um sorriso e ri quando avança, me abraçando com força, seus braços ao redor do meu pescoço. Vejo que estica um pouco os pés quando me abraça, e gosto disso. É, temos a mesma altura. Gosto muito disso. Normalmente, eu pareço mais baixo, e sendo bem sincero, não sinto firmeza nesse código de altura Tom e Zendaya. Nada contra, mas gosto de saber que minha boca fica na altura da sua, isso me dá ótimas ideias e acho que é cedo demais pra compatilhá-las, mas talvez em um horário mais apropriado...

— Luca? Você tá me ouvindo?

— Hã? — pisco, me atentado, novamente aos seus olhos que me observavam, agora não tão lacrimejantes.

— No que estava pensando?

— Tom e Zendaya.

Sua testa se franze, confusa. Eu estalo a língua, indicando que ser nada demais, e ela concorda.

—  Gil, Zahra — se virou para a segurança e o motorista — Desculpem por tudo, esse carinha aqui — deu tampinhas no meu ombro — gosta de entradas triunfas, não vai se repetir, eu prometo. Fica tranquilo, Cerb! — jogou uma bolinha azul na grama na direção do cachorro que latiu animado e correu atrás da pobre bola azul.

Então, ele se chama Cérbero mesmo?

— Tem certeza, senhorita? — Zahra me encara, semicerrando os olhos.

— Tenho, Zahra — diz gentilmente, começando a me puxar para dentro quando sua mão deslizou do meu ombro até meus dedos, os entrelaçando — Só me avisem quando o meu pai chegar, está bem? Estou sendo cautelosa com seu segundo encontro com o Deluca. A primeira impressão não foi a das melhores.

Rei Do DesastreOnde histórias criam vida. Descubra agora