Impossível Resistir - Serie Paradise City - Livro 2

Capítulo 10

Ron repousou sua cabeça no encosto do sofá, fechando firmemente os olhos. O sarcasmo em sua voz não passou despercebido.

- Eu não vou fazer isso com Julia. - digo. Nesse momento, Ron abriu os olhos, arqueando as sobrancelhas. - De novo. - acrescento irritado - Eu não vou fazer isso com ela de novo. Acontece que é bom falar com ela. Só isso. Sinto que Julia me entende.

- Sei. - diz, enquanto deita novamente a cabeça. - Só tome cuidado.

Ele não viu quando revirei meus olhos.

Tomar cuidado. Eu estou fazendo isso. Em toda droga de tempo. Prova disso, é que estou sendo incrivelmente cuidadoso em não atacar a boca de Julia sempre que me distraio e cometo o erro de aproximar demais. Caramba, seu cheiro é tão inebriante, que me faz querer fazer muito mais do que apenas beijá-la.

Ontem foi um desses momentos. Quando ela me abraçou, eu juro por Deus, foi a melhor sensação do mundo. Todo o mundo parou assim que seu corpo firme, porém delicado, encostou-se ao meu. Como diabos eu poderia pensar em outra coisa, senão na maciez dos seus seios pressionando o meu peito? Em momentos assim - não tão raros ultimamente - eu queria ser o único homem que paira sobre ela para protegê-la de todos os outros.

Mas eu não sou. E não posso ser.

- Julia está segura. - respondi, precisando convencer mais a mim mesmo sobre isso.

- Sei. - Ron diz, tão convencido quanto eu estou. - O que me leva ao outro lado da moeda. - continua - Laura. Como está esse relacionamento a distância? Quer dizer, a distância sempre esteve entre vocês, mas ela aumentou um pouco mais agora, não?

Dando de ombros, respondi: - Honestamente, não sei. Não nos falamos muito.

Ele espera por mais. Percebendo que foi minha resposta completa, diz surpreso - O que? só isso?

Não há realmente mais que isso. Sempre que entro em contato com ela tudo que recebo é "não posso falar agora", "te ligo mais tarde", e meu preferido "Oh, esqueci de retornar a ligação". Por fim, decidimos nos falar nos fins de semana. O que claro, também não aconteceu. Nos limitamos a trocar emails quando possível. Ainda estamos trabalhando nisso.

- O quer que eu diga? Ela está ocupada. Eu estou ocupado. Sabíamos que seria difícil. - respondo calmamente. Estranhando o fato de que a única coisa me aquecendo por dentro ao pensar sobre Laura, é o último gole da bebida descendo pela minha garganta.

- E está tudo bem pra você, não é? - Ron pergunta desconfiado.

Não tenho certeza de como responder a isso. A verdade é que essa situação não está me incomodando imaginei. Eu sentia mais falta de Laura quando ela estava a menos quilômetros de distância. Isso soa estranho, mas é o que é. Parando para analisar, chego a conclusão que os únicos períodos que me pego pensando em Laura com mais afinco, são aqueles em que estou com Julia. Quando o desejo de fazer coisas com ela assume um patamar relativamente perigoso, e preciso lembrar a mim mesmo que ainda estou num relacionamento.

Até este momento, eu estava tentando formular uma resposta adequada, quando batidas na minha porta me distraíram. Suspirei aliviado, grato por essa intromissão. Eu não estava com vontade de falar sobre Laura agora.

Levantei-me para abrir, sabendo que se tratava de Kieran. Única pessoa que ignora totalmente a existência da campainha

Kieran estava parado do outro lado, com um sorriso enorme. Claramente era o melhor de nós três essa manhã. Evitando nosso convite para beber, ele foi embora assim que terminamos de tocar. Honestamente, não sei como ele foi capaz de deixar Aimee sozinha por um par de horas. Saiu correndo murmurando "preciso voltar para minha mulher" assim que o pedimos as cervejas.