Paramos em frente as portas duplas abertas que dão passagem para o salão de festas. Um cômodo extenso como um campo de futebol e com tantas janelas que eu mal posso contar. As paredes são altas e é agradavelmente iluminado por pela luz natural daquela tarde ensolarada, mas os refrigeradores acoplados no teto disfarçam o calor do lado de fora. Só assim para todos conseguirem usar roupas de gala chiques em uma cidade tão quente como esta.

Amanda acenou rapidamente para um canto perto de uma das mesas longas de comida. Meu pai conversa com dois rostos conhecidos. Karoline Thompson e sua esposa, ambas fundadoras de uma associação de belas damas. Um grupo que ensina etiquetas aos filhos dos de alta sociedade. Visitei a escola de etiqueta delas, uma vez, há três anos atrás e testei minha sanidade para não furar um garfo em um dos professores. Eu não sou agressiva, mas se eu entrar em estado raivoso por algum motivo, não espere nada além de facas voando e violência, mas isso quase nunca acontece, é claro.

— Senho Winston — Amanda se aproximou, educadamente — Sua filha acabou de chegar, senhor. Olá, senhoras Thompson — acenou com um sorriso para o casal ao lado de meu pai.

Apertei o braço de DeLuca um pouco mais apertado. Estou prestes a apresentar um garoto — meu namorado falso — para meu pai. Isso já aconteceu? Nunca aconteceu. Ele vai reagir bem? Ou vai se livrar do pouco que restou da sua calma e atacar o garoto?

Vi o homem mais velho se despedir das amigas e se afastar elegantemente até mim. Amanda está ao seu lado, e não posso deixar de ver sua mão encostar compassivamente no ombro dele em um gesto íntimo e espontâneo.

— Respire fundo e sorria — murmurou perto do seu rosto, ambos nervosos com a situação. Meu pai ainda em seu estado competitivo e Amanda pelo mesmo motivo que o meu.

— Até que enfim, querida! — me abraçou com carinho, fazendo o braço de DeLuca se afastar — Finalmente posso jogar na cara do Brooke o quanto minha filhinha é maravilhosa. Penny mal chega aos seus pés, com namorada ou não.

— Falando nisso...— um sorriso nervoso que mal sai da garganta me escapa — Pra mostrar que sou a filha maravilhosa que o senhor disse, eu tive que vir com o pacote completo para estar justamente páreo para Penny. Eu vim com a minha inteligência, minha elegância, meu charme, e...— puxo o braço de DeLuca para perto, fazendo meu pai o ver ali, finalmente — meu namorado.

O prefeito Mason Wisnton franziu a testa enrugada para um DeLuca com o sorriso mais sacana que eu conheço, mascando a balinha de menta em meio o gesto.

— Oi, sogrão!

Fechei os olhos fortemente.

— Como é que é? — a voz de meu pai saiu em um tom perigoso de grave que me fez tremer. Se não fosse pelas várias pessoas ali, ele provavelmente teria gritado.

— O namorado dela, Mason! — Amanda exclamou-sussurrou, sorrindo em seguida para alguém que passava por perto, disfarçando o a tensão entre nós — Quer mesmo surtar agora? — segurou seu braço.

— Vamos conversar assim que fizemos nossa presença aqui ser a melhor possível, pai — lhe digo, estalando o dedo da mão sem que ninguém perceba. Enquanto digo, meu pai não tira o olho do garoto sorridente ao meu lado que parece não se abalar nem um pouco com a carranca incrédula do mais velho.

— É o meu perfume? — meu pai soltou, outra vez, a ruga entre as sobrancelhas ficando em evidência.

Antes que tudo desmoronasse, Henry e Penny Brooke apareceram salvando meu dia — espero nunca mais ter que dizer isso —, tão sorridentes e elegantes como se vissem a todos ali como meros mortais. Penny é alguns centímetros mais alto que eu e DeLuca, e até mesmo sua namorada ao seu lado que, ao contrário dos dois, parece ser realmente simpática.

Rei Do DesastreWhere stories live. Discover now