𝗧𝗛𝗘 𝗘𝗡𝗗

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O Egito caia dezlizante sob os pés de Khonshu que observava o império com ar de superioridade. A cidade estava em chamas e o povo clamava por piedade. Os guerreiros matavam uns aos outros em uma sangrenta batalha que não acabaria tão cedo. As imagens de Amon, Anubi, Osiris e Isis flutuavam em meio ao sangue, gritos e multidões. Mas Khonshu ainda se mantia firme, assistindo curiosamente aos humanos matarem uns aos outros

Da janela do imponente monumento no qual viviam os imperadores, Cleópatra repetia o ato, vendo com o olhar quase tão frio quanto a brisa da Lua, seus guerreiros falharem contra as forças inimigas. Derrotados. Cansados. Mortos.

- Minha senhora - Cleópatra não desviou o olhar da janela mas, lentamente, movimentou o maxilar em resposta.

- É hora, Innadi- a faraó disse- Faça.

A criada pessoal da mulher retirou-se do quarto, apressada. A outra enrolava, pacientemente, panos de seda branca e dourada em pequenas fraldas finas.

O bebê herdeiro dormia confortável na cama de Cleópatra, a criada das fraldas de seda certificava-se a cada minuto de que os olhos permaneciam fechados e a respiração quieta. Qualquer sinal de barulho do lado de fora era motivo o suficiente para Cleópatra checar a filha, apenas de longe.

Talvez, pela inteligência de Cleópatra, ela não pudesse escutar, mas a segunda criada rezava baixo, em pendamentos sussurrantes e repreendidos para Amon, para alcançar a salvação além de Amit. Para que seu coração fosse salvo pela irresponsabilidade da faraó, de sua senhora, na qual ela um fia jurara lealdade e serviços.

Minutos após Innadi entrou no quarto com um manto azul céu brilhante e inúmeras jóias, na mão esquerda um cálice cravejado em rubis exuberantes e pesados e pérolas deslizantes em prata. Diferentemente da que enrolava as fraldas, Innadi parecia tranquila, como se a morte certa não fosse nada mais que algo cotidiano.

Um lança trespassou um escudo de madeira que fora jogado ao alto como forma de se protegerem.

- Idiotas!- exclamou Khonshu, imapciente- Como os Deuses puderam deixar seres tão irresponsáveis por conta própria?! Um bando de idiotas!

Yena soltou um grito alto, agudo. Fora a única vez na noite que Cleópatra retira sua atenção da Guerra do lado de fora da janela. Innadi, que havia largado tudo em perfeito estado em uma mesa de centro, se dirigiu a pequena na cama, mas Cleópatra a pegou primeiro, fazendo um sinal com a mão esquerda.

- Esta noite, Innadi, seu único trabalho é este a sua frente. - ela enrolou- a em uma das fraldas que a criada dobrara minutos antes- Vá! - deu um de seus piores olhares a criada, que a obedeceu imediatamente.

Innadi focou unicamente em preparar o pior coquetel que poderia fazer para dua soberana. Um coquetel mortal. Um coquetel quase tão venenoso quanto as presas de uma cobra, que corroia por dentro de maneira tão invasiva que durava poucos segundos de efeito, suficientes para gerar agonia ao usuário.

- Minha herdeira- Cleópatra sussurrou para o bebê, vacilante- Você gerará a minha dinastia, e será perfeita. Yenna Cleópatra Corrupdi Anam, você será adorada, assim como todas as outras depois de você. Não se perca, minha filha, você nasceu de alguém poderosa, esse poder é seu. Faça-o valer.

- Está pronto, minha senhora- Innadi anunciou, com o baque surdo tintilante da taça na pedra.

Cleópatra entregou a herdeira para a empregada, que pegou carinhosamente a pequena. A faraó vestiu-de com o mesmo manto no qual assumira o poder do Império, a manta azul arrastando-se pelo chão e carregando areia. Rumou-se ao altar, onde outra serviçal de confiança segurava uma cobra, agora já morta, pelo pescoço.

Ela estendeu o braço, sem medo. A empregada, ainda receosa, forçou a boca do animal e fincou as duas presas no pulso da faraó, rápido. Innadi, ainda com a criança e o cálice em mãos, entregou-o para Cleópatra, que bebeu quase tão rápido quanto uma águia. Mas não todo.

Khonshu observou em silêncio. A guerra havia ficado entediante, mas ver sua herdeira ter aquele fim era simplesmente frustrante. E, apesar de seus protestos em silêncio, Cleópatra não o escutou.

Descansando o bebê, que dormia novamente, perto do altar de pedra em que Cleópatra já deitava com as mãos entre os seios, uma de cada lado. E bebeu, assim como a empregada que segurava a cobra. Ambas ao lado da imperatriz, ainda no altar.

- Que Khonshu a proteja! - Cleópatra disse em seu último suspiro, invocando o Deus pela fresta da Lua fria que escapava até a cúpula de sua morte.

- Eu a protegerei - o Deus disse batendo o cajado no chão, fazendo a fresta de luz se dirigir ao braço esquerdo do bebê e uma pequena meia Lua aparecer ali - Princesa.

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⏰ Última atualização: May 24, 2022 ⏰

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𝐌𝐎𝐎𝐍 𝐏𝐑𝐈𝐍𝐂𝐄𝐒𝐒- 𝗺𝗼𝗼𝗻 𝗸𝗻𝗶𝗴𝗵𝘁Onde as histórias ganham vida. Descobre agora