PRÓLOGO

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Existem momentos em que desejamos saber o que a vida nos reserva, somos curiosos sobre coisas como o que devemos fazer para não desviar do caminho que queremos seguir, fugir dos sofrimentos ou das coisas ruins que nos esperam.

Lembro como se fosse hoje de quando eu falei para a minha mãe que deveria ter vindo ao mundo com um manual, daqueles bem detalhados, explicando tudo o que me aguardava. Neste dia, mais do que nunca, eu precisaria dele. Assim, teria ficado na cama, trazido a minha namorada para ver um filme bem juntinho de mim e evitado a grande tragédia que o destino me reservava.

Eram oito e meia da manhã de um sábado ensolarado, o meu aparelho celular estava disparando na mesinha de cabeceira ao meu lado enquanto eu me arrastava em direção ao banheiro. Abby estava me ligando, mas eu não podia atendê-la porque estava completamente atrasado para o nosso programa em Brighton e ela explodiria o meu tímpano por isso.

Tirei a roupa que vestia e entrei no chuveiro curtindo a música do toque de chamada. O fato de que, pelo menos mentalmente, a minha namorada me matasse quando me visse, me fez dançar no ritmo da minha música preferida como se não houvesse amanhã.

— BENJAMIN... — desliguei o chuveiro ao ouvir a voz irritada da minha irmã no meu quarto. — esse celular não para de tocar, porque não atende de uma vez?

— Porque eu prefiro ser xingado uma única vez. — respondi, voltando a me banhar.

— Que música irritante! — esbravejou e eu simplesmente ri. — Ah, é assim? — disparou ao ouvir o meu riso. — Ok, acho que o seu celular vai ao jardim usando a janela como saída. Tudo bem para você, maninho?

— O que? — desliguei o chuveiro novamente, me enrolei na toalha e saí do banheiro apressado. — Holly, larga isso.

— Sério? — sorriu ladina, a mão segurando o aparelho para fora da janela.

— Não faça isso. — comecei a caminhar lentamente em sua direção.

— Oh, a música parou. Será que ainda devo jogar? — ironicamente, levou a mão ao queixo, se perguntando.

— Você não vai jogar nada. — nossa mãe entrou no quarto, nos surpreendendo. — Me dê isso aqui, mocinha! — pegou o aparelho da sua mão. — Vá para o seu quarto, conversaremos sobre isso.

— Tá bem, mamãe. — o tom de Holly foi manso, mas balbuciou algo quando passou por mim. — Eu odeio o seu gosto musical.

— Eu também te amo. — devolvi rindo.

— Idiota. — mostrou-me a língua antes de sair.

— Ela era tão fofa quando criança, porque mudou tanto? — peguei o celular que ela estendia para mim. — Obrigado, mamãe.

— Você sabe que essa fase é uma das piores. — deu uns passos à frente e sentou-se à cama, suspirando. — Você... — esqueceu-se completamente do que ia falar quando os seus olhos fixaram-se no chão. — está tudo molhado, Benjamin!

— Nem vem. — ergui as mãos para cima. — Foi culpa da Holly, que ela seque como castigo. — joguei o aparelho sobre a cama e voltei novamente para o banheiro antes que ela rebatesse. Apenas ouvi-a balbuciar algo antes de bater a porta.

Minutos depois, terminei o banho. Voltei para o quarto e me vesti. Uma roupa leve e confortável, íamos à praia. Peguei o celular e mandei uma mensagem para Abby dizendo que estava chegando antes de descer as escadas. Já na sala, sorri ao ver a cena na minha frente: Charlotte e papai jogavam bola em meio aos móveis.

— A mamãe adoraria ver isso. — os dois pararam ao me ouvir.

— Não conta, por favor. — Charlotte se pôs na minha frente e juntou as mãos uma na outra.

Minha Violet [SPIN OFF]Where stories live. Discover now