Touch me

Dirigindo Sozinha

Capitulo 2

Dirigindo sozinha

Karin adorava dirigir.

Ao completar dezoito anos, ganhou de Hashirama um Audi para que pudesse ir à faculdade sozinha. Ele era um padrasto muito generoso, tinha que admitir.

Quando se sentia muito deslocada, fazia questão de sair dirigindo sem rumo. Assim que começou a pandemia e as aulas online, seu carro ficou guardado por tanto tempo que precisou levar ao mecânico por conta dos problemas que se acarretaram pela falta de uso. Usava o veículo exatamente uma vez por semana apenas para relaxar e não deixá-lo parado.

No resto do tempo, suas compras eram quase todas entregues via delivery e quando necessário pegava um uber para não ter que ficar enfrentando o trânsito de um local ao outro.

Portanto, naquele dia pegou as chaves e dirigiu pela rodovia sem destino certo. Era fim de tarde, o pôr do sol se mostrava à sua direita, tingindo o céu de uma cor suave e morna; o som das ondas da praia poderiam ser ouvidos se ela não estivesse com o som do carro ligado na sua playlist.

—  I've been confused as of late (yeah)... Watching my youth slip away (yeah)...

As palavras de Fugaku ainda ressoavam incômodas em suas memórias. Depois de acalmarem Kushina, Mito conseguiu retomar o jantar num clima mais tranquilo, porém Karin não tinha ficado lá para o desfecho. Acabou indo para o velho quarto onde se trancou pelo resto da noite, o que acabou fazendo a melhor amiga se sentir culpada e mandado milhares de mensagens se desculpando por ter passado dos limites e só ter avisado sobre os planos de Kushina quando já era tarde demais.

Karin não estava brava com nenhum deles, porque no final das contas, ela os amava demais. Sabia que todos queriam que ela voltasse a ser como era antes da pandemia e mesmo que fosse difícil, eles só queriam o melhor para si.

—  Are we too young for this? Feels like I can't move…

Na sua adolescência, movida por uma tonelada de hormônios e a necessidade de se encaixar, ela até pensou em namorar justamente Sasuke Uchiha. Contudo, como os dias atuais denunciavam, nenhum dos dois era exatamente o ideal ao outro: Sasuke que ainda não sabia sobre a própria sexualidade e Karin que buscava mais um status para não ser chamada de esquisita do que um namorado real.

E ela acabou desistindo de arrumar um namoradinho antes mesmo de tentar. Hinata começou a se envolver com Gaara na época e a ruiva teve que ficar de vela por várias vezes e nas poucas tentativas de encontros duplos, deixava claro o desejo de manter distância dos pretendentes que arrumavam para ela.

Com vinte anos e ainda sendo bv e virgem, às vezes isso a incomodava profundamente. Sabia que era capaz de ter contato com as pessoas mais próximas, pois ela conseguia fazer isso antes do covid fechar todo mundo em casa; também não era nenhuma frígida, tinha desejos e costumava saciá-los por ela mesma.

Estacionou o carro na beira da orla. Desceu do veículo aspirando o ar salgado da maresia, aproveitando o momento de quietude e sossego. O lugar estava completamente vazio, exceto por um surfista, que Karin notou estar tão entretido com a visão do pôr do sol, que nem saberia que ela esteve lá algum momento.

Pegou seu celular e discou o número da única pessoa que confiava todos os seus sentimentos e inseguranças.

—  Boa tarde, Karin —  ele atendeu no terceiro toque, com a voz suave e comedida. —  Como está?

—  Olá, Asuma —  respondeu soltando um suspiro pesado, segurando algumas lágrimas. —  Estou cansada.

—  Como foi sua semana?