Por sorte, ninguém percebeu minha falta de respeito ao não me levantar para cumprimentá-lo.

Aquela sensação de calor me persegue por todo o dia. Não o vi sair para almoçar, por mais que enrolasse, perdendo alguns minutos do meu horário. O sr. Reeves é sempre pontual, mas, ao que parecia, almoçaria no escritório.

Nunca troquei uma única palavra com ele. O mais perto que cheguei, foi quando estivemos no mesmo elevador. Eu estava no fundo, encostada à parede metálica, quando ele entrou, seguido de seu secretário e outros dois homens. Sua voz... É tão linda, forte! Parecia chateado com algo, mas, mesmo sendo firme, não se alterou, enquanto instruía seus funcionários. Não deve ter me notado. Fiz de tudo para sentir seu cheiro, de forma discreta. Porém, haviam outras pessoas entre nós dois, uma mistura de odores e não consegui identificar qual era o dele. Lembro que baixei minha a cabeça e bufei discretamente um riso. A que ponto eu havia chegado?

Logo as portas se abriram e ele saiu, caminhando diretamente para fora do prédio, adentrando no banco traseiro de um carro último tipo.

Naquela noite, meu sonho foi com um pouco mais de detalhes, já que pude apreciar a textura de seus cabelos mais de perto. Até sua nuca me parecia sexy. Os dedos longos que corriam por ela, correram por minha pele, enquanto dormia...

No final daquele dia, meu coração quase para ao receber um recado de que ele deseja me ver. O secretário apenas soltou essa bomba e partiu.

Por, pelo menos, uns dez minutos, fico estática, tentando absorver a notícia.

Percebendo que o faria esperar, caso me demore demais, corri para o banheiro, para verificar minha aparência. Fico desolada! O conjunto bege é profissional, mas muito sem graça! Meus cabelos estão desalinhados, não há um único traço de maquiagem em minha pele exageradamente pálida. Há meses que não tomo um pouco de sol. Penso em recorrer a um batom, mas isso seria demais. O que ele vai pensar, se eu for à sua sala, usando um batom recém aplicado?

Porém, por mais alguns instantes, me detive. Por que estou sendo chamada em sua sala? Há um motivo para isso? Bom Deus, e se ele for me demitir? Céus, não posso nem pensar nessa possibilidade! Preciso demais desse emprego! Minha situação financeira é desesperadora!

Sei que faço bem meu serviço. Sempre fui muito boa com números e cumpro bem minhas tarefas. Por isso fui contratada após um mês de teste. E não me lembro de tê-lo visto demitir alguém pessoalmente...

Sem poder perder mais tempo com conjecturas, saio do banheiro, rumo a sala da presidência. Sinto os olhares curiosos dos demais funcionários, seguindo cada um dos meus passos.

Sinto-me um pouco deslocada no lugar ainda. Mesmo após três meses no emprego, não consegui fazer um amigo. Talvez por meu jeito reservado, um pouco tímido. Tenho alguns colegas mais simpáticos, atenciosos, que me ajudam no que preciso, nesse período de adaptação, mas é só isso.

Ao chegar na ante-sala da presidência, não sei como minhas pernas ainda me sustentam.

— Senhorita Shaffer, — o secretário se apressa em colocar-se de pé e abrir a porta para mim, indicando que eu entre — o senhor Reeves logo retorna para falar-lhe.

Como um robô, entro na suntuosa sala, mas, meu nervosismo é tanto, que não consigo apreciar nada. Sigo em linha reta, até me sentar em uma das cadeiras frente à enorme mesa de vidro grosso.

Pouso as mãos sobre meus joelhos e torço para que meu tremor não seja visível. O que ele poderia querer comigo? O que?

A sala dele fica ao fundo, no segundo andar, as paredes são de vidro, assim ele pode ver todo o movimento no andar de baixo e também ser visto pelos funcionários. Naquele momento, as longas cortinas que tornam a sala mais privada estão fechadas. Achei isso estranho. É raro estarem assim, quando ele não está recebendo alguém importante.

Suíte 220 - A Obsessão do CEOحيث تعيش القصص. اكتشف الآن