Eu não queria ouvir o que ele teria a dizer. Tudo demonstrava que não era nada bom. Mas o que eu poderia fazer? Ele estava na minha casa, embaixo do mesmo teto que o meu filho, e eu estaria sozinha para proteger a nós dois. Então fiz a única coisa que estava ao meu alcance. Ouvi o que ele tanto queria me dizer.

— Meu nome é Leonardo. Conheci seu marido aqui nessa cidade. Ele era um apostador assíduo do meu cassino... e outras coisas mais.

— E o que eu tenho com isso? — Quase cuspi a pergunta na cara do sujeito. — Talvez você não saiba, mas seu falecido marido acreditava muito no potencial dele em apostas. — Eu estava apenas o ouvindo, mas minha mente começava a trabalhar em alguma estratégia para que eu pudesse escapar dele, junto com meu filho. — E ele apostou algo comigo, que talvez fosse valioso demais para ele, ou não.

O sujeito abriu um meio sorriso, como se fosse o poderoso chefão da porra toda. Ele tinha um ar de superioridade, que me dava nojo e vontade de socá-lo.

— Seja o que for, meu marido não está mais aqui para pagar.

— Ai que está, acho que você poderia me ajudar com isso. É algo que alias, só você poderia me ajudar.

Cada vez que ele me mostrava os dentes, a bile subia pela minha garganta, e eu tinha que forçá-la a descer.

— Se estiver ao meu alcance agora, é só falar. Mas já aviso que estou sem dinheiro aqui. Você teria que me dar um prazo.

Só rezava para que a dívida não fosse muito alta, e eu não precisasse começar a me desfazer das minhas coisas para pagar aquele canalha.

— Não vai precisar de tanto. O seu marido apostou você.

— O quê?

Eu provavelmente tinha ouvido errado, entendido o contrário. Sei lá, qualquer coisa assim. Não poderia ser real aquilo.

— Sim, você agora pertence a mim. Tenho um documento assinado por Otávio, está no meu escritório. Mas trouxe uma cópia para que você possa ver. Está no meu carro.

— Você é um louco. — Alterei-me e me levantei da cadeira, fazendo-a ranger sobre o piso.

— Não, querida. Pelo contrário.

Ele falava aquelas coisas tão calmo, a voz tão serena, que eu tinha certeza de que aquele homem era um psicopata.

— Pois sinto muito. Você não terá seu prêmio.

Virei-me de costas para ele, caminhando até a porta para que pudesse me livrar daquele homem expulsando-o da minha casa. Mas não tive tempo de concluir minha tarefa, já que novamente meu braço foi agarrado, desta vez com um pouco mais de força.

— Você pertence a mim, e vai embora comigo.

— Me solta, seu louco.

Leonardo começou a me levar para fora da casa, enquanto gritava que eu iria com ele, nem que fosse daquele jeito, à força. Em contrapartida, comecei a gritar com ele também, ordenando que me soltasse. Eu sabia que ninguém poderia me ouvir ali, mas ainda assim, usava meus pulmões como arma.

Eu não desistiria, não tão fácil, e foi assim que a minha salvação apareceu, literalmente a cavalo.

Vi quando Diogo atravessou o quintal sobre o lombo de Tempestade, e quando desceu, sem nem esperar que o cavalo freasse completamente, pulando dele e partindo ao meu encontro.

Quando entrou na cozinha, deparou-se com Leonardo ainda segurando meu braço, enquanto eu me debatia na tentativa de me soltar.

— O que você está fazendo com a minha mulher? — a voz saiu do fundo de sua garganta, rouca e profunda. Sua expressão tinha se modificado completamente. Havia um vinco em sua testa, seus olhos estavam apertados, como se ele tentasse controlar a raiva dentro de si. As mãos estavam fechadas em punho ao lado do corpo, e o ombro subia e descia em uma respiração acelerada. Eu poderia jurar que a qualquer momento ele explodiria. Mais ou menos como o Hulk.

Mas Leonardo não parecia ter medo dele, e continuou me segurando, apertando-me contra si. Dei mais um grito, pedindo por socorro a Diogo, e isso pareceu ser o estopim para explodir sua raiva.

Sem nem me dar tempo de reação, Diogo partiu para cima do homem, tirando as mãos dele de mim, e começou a empurrá-lo para fora de casa.

— Você está louco, cara?

Assim que estávamos do lado de fora, e claro que eu os acompanhei, não poderia deixar Diogo sozinho com aquele homem, Diogo o soltou no quintal. Leonardo cambaleou um pouco, penando para se manter de pé, mas conseguiu manter o equilíbrio.

— Quem está louco é você. Sabe com quem está lidando? — o tom arrogante do sujeito ainda continuava ali.

— Leonardo Rodrigues. É claro que eu sei. Mas isso não te dá o direito de agir daquela forma com uma mulher.

— Eu não preciso que um Zé ninguém me ensine como tratar uma mulher que é minha.

Assim que as palavras de Leonardo atingiram ou ouvidos de Diogo, seu braço voou pelo ar e o atingiu, fazendo-o rolar no chão.

— É com a mulher do Zé ninguém aqui que você estava tentando brincar. E isso, eu não permito. — A voz de Diogo estava mais grossa, saindo entredentes.

Antes que Leonardo pudesse responder qualquer coisa, Diogo partiu para cima dele, segurando em sua camisa e desferiu uma sequência de socos, parando apenas quando coloquei a mão em seu ombro.

Eu não estava com medo dele. Mas ver Leonardo com o rosto sangrando, fez com que eu recuasse um passo.

— Ellen... Você está bem? — Rapidamente Diogo se colocou em pé, na minha frente.

Ele segurava meus braços enquanto tentava me fazer olhar para seus olhos. Mas eu estava focada no homem atrás dele, que saía correndo da minha propriedade.

Apenas quando Leonardo entrou no carro, e começou a seguir pela estrada, que consegui desviar meus olhos e encarar Diogo.

— Você está bem? — A preocupação era evidente em seus olhos.

— Estou... — O pavor também estava estampado na minha voz, então engoli em seco, e senti as lágrimas escorrerem por meu rosto. — Obrigada.

Afundei meu rosto no peito de Diogo, e agradeci novamente em silêncio por ele ter aparecido na hora certa.

Quando ele apertou os braços contra meu corpo, senti novamente minha segurança voltar. O medo, por alguns instantes, deixando-me respirar livremente.

O Cowboy, a Viúva e o BebêOnde histórias criam vida. Descubra agora