- Ela tinha boas notícias? - eu precisava de mais informações. Mesmo que me arrependesse disso para sempre.

- Ela tinha ameaças e chantagens.

- Senhora?

- Ameaças, Boe. E Chantagens. Pediu uma considerável fortuna para ficar quieta. Para não falar para Gregory que Dominique estava a caminho de um hospital em Veneza para ter seu filho.

- É mentira, senhora, não pode ser.

- Eu imagino que seja. Na verdade, Boe. Tenho certeza que é mentira. Por que você jamais mentiria para mim, não é?

- Vou cuidar disso imediatamente. - levantei.

- Não. - ela se virou para sua taça de vinho - Não vai ser necessário. Já liguei para Terry.

- Terry? - o nome saiu baixo e sem convicção - Senhora... ele é louco...

- É. Mas executa trabalhos muito bem. Ele não está em Veneza, infelizmente, está aqui na cidade. Pedi que ele viesse para cá, por segurança, caso eu precise lhe pedir alguma alteração nos planos de forma mais rápida. Ele já deve estar chegando.

- A senhora não prefere que eu vá até Veneza, então?

- Não. Terry está aqui, mas me assegurou que conhece excelentes pessoas por lá e eu quero descobrir os detalhes disso o mais rápido possível. Claire tinha informações muito minuciosas sobre os fatos. É claro que Dominique não está viva. - afirmou com seus olhos gelados cravados em mim - Já que você cuidou disso pessoalmente. Mas há alguém em Veneza que sabe demais. E Terry vai cuidar disso.

- Sim, senhora. - fiz um esforço impossível para não deixar meu corpo me trair e demonstrar a ansiedade que sentia.

- Seja lá o que for que tenha acontecido... Vamos descobrir em breve.

- Com certeza, senhora. Ainda precisa de mim?

- Não, Boe. Só queria lhe fazer essas perguntas.

Ela não me demitiu.

Não reclamou.

Não ameaçou.

Levantei e fiz uma pequena reverência com a cabeça antes de me retirar.

Não sou mais útil e falhei.

Uma falha imperdoável.

Ela vai mandar me matar.

Preciso sair daqui, agora.

Antes que ela descubra que a senhorita Dominique está...

A caminho de um hospital em Veneza para ter seu filho.

Ah, senhorita Dom. Se apenas eu tivesse como ajudá-la.

Mas não tenho. Agora, a única pessoa que eu posso ajudar é a mim mesmo.

Esbarrei contra alguém que vinha na direção oposta e nos batemos contra a parede.

- Oh, perdão... senhorita Merryl.

- Ah! Olá, Boe! Não se incomode. Eleanor está aí? Preciso falar com ela, antes do casamento. - ela tinha algo triste no olhar.

- Está, sim, senhorita. Algum problema?

Merryl olhou de um lado para o outro no corredor como se considerasse se deveria ou não me contar. Notei que sua vontade de desabafar era maior que sua discrição. E eu só queria que ela se resolvesse mais rapidamente: falasse ou ficasse em silêncio, seja como for, faça de uma vez para que eu possa ir embora sem chamar atenção.

[Degustação] Alguns AnosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora