Capítulo 1

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Lizzie

Nova York

Um ano depois

O cheiro de mofo invadia o meu nariz toda vez que eu entrava pela porta, sabia que aquilo era um veneno para a saúde de mamãe e Crystal, tudo que eu queria era conseguir um emprego que pagasse mais para que pudesse alugar um lugar melhor.

Vendemos tudo que tínhamos e viemos para Nova York, e assim que chegamos, descobrimos que o dinheiro que tínhamos mal dava para pagar três meses do tratamento de Crystal.

Conseguimos alugar um pequeno apartamento no Bronx, o lugar é horrível, mas é o único que conseguimos pagar, estamos a um ano no mesmo lugar, consegui um emprego de garçonete em um cafeteria do outro lado da cidade e graças as gorjetas e o trabalho como garçonete em eventos nos finais de semana, eu estava conseguindo comprar os remédios de mamãe e de Crystal, ainda conseguia guardar um pouco para continuar o tratamento que tivemos que parar pela falta de dinheiro.

— Lizzie, mamãe fez bolo de carne — Crystal gritou ao ver que eu havia chegado, ela estava com oito anos e continuava com a aparência de sete, seu corpinho era magro e frágil, e tudo que eu desejava ela era vê-la curada e podendo ter uma vida diferente.

— Oi linda, onde está mamãe?

— Está no banho, ela se queimou de novo — cochichou.

Os sintomas da doença de minha mãe estavam se agravando. Com o dinheiro do trabalho eu conseguia comprar os remédios, porém, sabia que ela precisava de um acompanhamento com especialistas, algo que era fora do nosso orçamento.

Antes da doença ela era uma excelente costureira, trabalhava na única confecção que havia na cidade, ela era a melhor no que fazia, tanto boa que havia começado atender alguns clientes na nossa antiga casa, mas com a doença de Crystal cada vez se agravando, ela não viu outra solução a não ser vender todas as suas máquinas de costura deixando apenas a que herdará de minha avó. Logo após isso, quando a empresa descobriu sobre a sua doença, a demitiram imediatamente.

— Oi querida, que bom que chegou mais cedo — Ela veio pelo corredor secando os cabelos ainda molhados, logo notei a vermelhidão em seu pulso devido a queimadura.

— Mamãe, se queimou de novo?

— Não, claro que não — tenta esconder a mão.

— Nasci ontem, Tereza. Me deixe ver isso — pego a sua mão. Vejo que havia sido um corte superficial e fico aliviada

— Não foi nada mais.

— Você gritou, mamãe — Crystal deu de ombros.

— Quieta, Crystal! — repreendeu a pequena.

— Vou ver se consigo algo na minha folga e vou fazer algumas horas extras, então vamos conseguir ir no médico — acaricio sua mão.

— Filha, peguei alguns uniformes do marido da nossa vizinha Marieta para costurar, vai render algum dinheiro.

— Não quero que se esforce.

— Não é esforço, filha. Meu coração fica em pedaços vendo você ter que trabalhar tanto assim.

— Mamãe, não vou discutir sobre esse assunto. Estou morrendo de fome.

Sempre que terminava o jantar, corria para o banho e me jogava na cama, o cansaço dominava o meu corpo e minha mente. O som do meu celular tocando o despertador era uma tortura, tinha que acordar antes mesmo do sol nascer para conseguir pegar um ônibus e um metrô até o outro lado da cidade.

Durante o percurso, eu ficava olhando aquela cidade que sempre fez parte dos meus maiores sonhos. Na minha mente imatura, morar em Nova Iorque faria com que todos os meus problemas desaparecessem e estava muito enganada, eles aumentaram para minha sorte inexistente.

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