Capítulo 3 -

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Larissa rodava suas baquetas nos dedos enquanto assistia a apresentação de mais uma banda na seletiva do festival, logo ela entraria para tocar, mas observava a qualidade das demais para saber se a sua banda tinha chances de ser selecionada.

— Larissa, seu pai está ligando no meu celular, quer saber se você terminou o trabalho, parece bem desconfiado.

O pai da garota era dono de uma rede de supermercados na cidade e não aceitava o fato da filha preferir a banda aos estudos. Tão pouco aprovava as companhias dela, em sua maioria roqueiros e sonhadores.

— Eu desliguei meu celular, por isso ele deve ter te ligado, falei que ia fazer o trabalho na sua casa.

Raul era o guitarrista e vocalista da banda, ele também estudava na mesma turma que Larissa.

— Cara, tô cansado das suas encrencas, ele está desconfiado, com certeza vai ligar para minha mãe e você sabe que a dona Rosita não mente.

— Vou correr até o banheiro, você acha que seremos os próximos?

— Eu não sei, vai logo falar com ele antes que seja tarde demais. Não podemos perder essa chance!

Ela tentou se desvencilhar da multidão e não notou a lata de cerveja que estava no chão, ao tropeçar e cair, perdeu o celular entre os pés das pessoas que gritavam e pulavam ao som da música que estava tocando. Agachada, engatinhou entre as pernas das pessoas, para tentar alcançar o aparelho, um cheiro forte de urina passou por suas narinas e seu estômago revirou. Quando estava próxima a atingi-lo, um pé grande pisou sobre ele e sem pensar nas consequências, agarrou a perna do cidadão, que com o susto, quase a pisoteou.

— QUE ISSO , GAROTA?

— TIRA ESSE PÉ GRANDE DE CIMA DO MEU CELULAR!

O rapaz levantou o pé e ela removeu o aparelho, que com o impacto, trincou a tela.

— Que droga! Agora que meu pai me mata de vez!

Ele pouco importou com suas lamúrias e minutos depois, já estava bebendo e pulando novamente.

A garota percebeu que o cheiro forte de urina vinha do banheiro, pensou em dar meia volta, mas não encontraria outro lugar mais silencioso. Apertou o número do pai e esperou que ele atendesse.

— Alô?

— Oi pai!

— Onde você está, Larissa?

— Na casa do Raul, como já te avisei.
Ainda não terminamos o trabalho, por isso não fui pra casa.

— E que som é esse? E por que todo esse barulho?

— É que estão dando uma festa aqui na frente, fique tranquilo!

— Que tranquilo o quê! Sei que você está mentindo, a Rosita me falou que vocês estão em uma seletiva.

— Pai, se passarmos, teremos a chance de divulgar nosso som, é importante pra mim!

— Não sei onde eu estava com a cabeça quando te dei aquela bateria! Venha para casa agora!

— Não faça isso comigo, por favor, me deixe tocar? Prometo que vou melhorar minhas notas e me dedicar mais na escola, só me deixe tocar!

— Onde você está? Estou indo pra aí agora! Está tarde e é muito perigoso, você não vê as notícias?

— Já está quase acabando, não vou demorar e posso pedir para o pai do Matheus me levar, ele também vai dar carona para o Raul.

— Estou decepcionado com você, minha filha! Está mentindo pra mim e enfiada nesse mundinho sujo e pesado. Quem você pensa que é, Larissa? Para desrespeitar as minhas ordens? Seu irmão que é homem não me dá o trabalho que você dá. A partir de amanhã sua liberdade acabou! Você está me ouvindo? Vai trabalhar no mercado para dar valor ao que tem. Não quero mais você com esses moleques e muito menos envolvida com essa banda. Se despeça do seu hoje, porque amanhã, você não terá mais nada!

VentrixTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon