03: uma nova chance

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– Oh - exclamou surpreso - Não foi nada! Eu imaginei que aquele monte de dinheiro fosse fazer falta, era o mínimo que eu poderia fazer.

– Mas mais do que a maioria das pessoas faria - insistiu - Você tinha motivos para ficar com aquele dinheiro, mas preferiu se esforçar para devolvê-lo para mim. Isso é uma demonstração incrível de caráter, Harry.

– Bom, de nada então - deu de ombros aceitando os elogios, não era sempre que recebia eles.

– Eu quero te ajudar - Mark anunciou - Quero fazer o possível por você, para retribuir seu gesto nobre.

– Eu não fiz isso esperando recompensa - esclareceu - E eu já ganhei comida ontem, está de bom tamanho.

– Não está - o mais velho discordou - Eu quero te ajudar a construir uma vida de verdade, fora das ruas.

– Como? - perguntou confuso - Eu não tenho emprego e mal me formei no colegial, não tenho muitas escolhas.

– Vou te ajudar com isso - garantiu - Vou te oferecer um trabalho e uma moradia até que você possa se manter sozinho.

– Um emprego fixo? - perguntou com os olhos verdes brilhando de animação - Onde eu recebo um salário todo mês?

– Isso - confirmou sorrindo - Você aceita?

Harry se imaginou trabalhando em um lugar legal e tendo uma boa casa para voltar no fim do dia. Visualizou a si mesmo usando roupas sem furos e tomando banhos diários, aquilo fez seu coração se encher de esperança.

Mas aí a desconfiança falou mais alto. Era um homem estranho dizendo que mudaria sua vida, assim, do nada. E se ele quisesse algo em troca? Algo que o cacheado não estivesse disposto a dar.

– Eu não sei - falou finalmente - Não entendo porque você faria isso por mim, eu sou só um sem teto, um de muitos.

– É verdade que existem muitos na sua posição, mas foi você que achou uma coisa valiosa e fez questão de me devolver. Eu sei como é precisar de apenas uma chance para mudar de vida e, se eu posso te oferecer isso, porque eu não faria?

– E isso é sem me cobrar nada, não é? Nenhum tipo de favor ou coisa assim.

– Claro.

– E eu posso ir embora de seja lá onde o senhor vai me colocar na hora que eu quiser?

– Você é livre, Harry - disse com um sorriso - Não quero te prejudicar ou te fazer cair em uma armadilha, muito pelo contrário.

O cacheado pensou sobre aquilo. Podia não aceitar e seguir com sua vida, mas ele estava mesmo vivendo? Dormindo onde conseguia, passando dias sem comer, com medo até da própria sombra.

Era uma proposta arriscada, aquele homem era um estranho, mas talvez fosse melhor correr o risco do que continuar do jeito que ele estava.

– Eu aceito - falou hesitante - Vou te deixar me ajudar.

– Mesmo? - exclamou animado - Isso é ótimo, muito obrigado.

– Eu que te agradeço - sorriu pequeno - Onde eu vou morar?

– Na minha casa - falou e assistiu o corpo do mais novo tensionar, percebendo como isso pode ter soado - Não desse jeito! Eu moro com minha esposa e meus dois filhos e nós temos uma casa da piscina. É lá que você vai ficar, no seu próprio espaço.

– Tem uma casa dentro da sua casa? - perguntou impressionado.

– É um quarto grande com um banheiro, mas sim, tem uma casa dentro da minha casa - riu do deslumbramento no rosto do menino - Eu posso te levar agora.

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