02: um milagre

Começar do início
                                    

– Era só o que me faltava - bufou frustrado - Para quando ele quer isso?

Hoje, senhor. Ele foi bem claro quando disse que esse é o único jeito de fecharem o negócio.

O fato é que isso já vinha se estendendo por alguns meses e toda a papelada estava pronta, esperando apenas a assinatura do atual proprietário do imóvel.

Sem querer alongar ainda mais aquela dor de cabeça, Mark decidiu que era melhor fazer o que o homem queria e acabar logo com aquilo.

– Ligue de volta e marque uma reunião para às 18:00 - instruiu sua assistente - Eu terei o dinheiro até lá.

Quando o telefonema se encerrou, o homem refez todos os seus planos para aquele dia em sua cabeça. Teria que ir ao banco e fazer com que eles realizassem aquele saque enorme, ele já estava cansado só de imaginar.

Com uma última respiração profunda, ele criou coragem e pegou suas chaves para ir fazer o que precisava ser feito.

Duas horas depois, saiu da agência bancária com uma bolsa de dinheiro na mão. Sua cabeça doía pelo estresse que essas burocracias sempre causam, só o que ele queria era dar aquele dia como encerrado.

Como uma recompensa pelo que tinha enfrentado, resolveu parar em um carrinho de churros que existia no parque que ficava em frente ao local onde passou sua manhã.

Comprou dois doces, aproveitando que sua mulher não estava ali para julgá-lo, e foi se sentar em um banco para aproveitá-los com calma. Mark Tomlinson era uma formiga, mas sua esposa cuidava da alimentação da família como uma militar, o que significa que momentos como aquele eram raros.

Estava distraído aproveitando o sabor de canela e doce de leite, quando um barulho alto chamou sua atenção. Na sua frente, uma moça tinha acabado de ser atropelada por um carro que fugiu sem prestar socorro.

Ele largou tudo e correu até ela, confirmando que não tinha sido nada grave. Ela estava consciente e falando, mas sua perna estava em uma posição estranha.

Como boa pessoa que era, ele se ofereceu para levá-la até o hospital mais próximo e ficar até que alguém pudesse encontrá-la lá. A adrenalina do momento foi tanta que ele deixou tudo para trás, inclusive a mala que carregava o pagamento que faria mais tarde naquele dia.

Foi só uma hora depois, quando confirmou que a mulher estava bem e pôde ir embora, que lembrou da maleta. Seu rosto ficou pálido e ele dirigiu com pressa até o parque onde esteve mais cedo, torcendo para sua bolsa ainda estar lá.

Decepcionado, ele constatou que alguém já tinha passado por ali e a levado embora. Perguntou para algumas pessoas da região, mas ninguém parecia ter visto nada.

Ele era um homem rico, muito rico até, mas ainda era muito dinheiro e ele não gostaria de perdê-lo assim por uma desatenção. Além disso, ainda precisava fazer o pagamento combinado em algumas horas.

Seu desespero estava quase tomando conta do seu corpo quando seu celular tocou e a foto de Louis apareceu em sua tela.

– Oi, filho - disse com a voz cansada.

Ei, pai - o mais novo cumprimentou - Você perdeu alguma coisa hoje?

– Como você sabe disso? - perguntou confuso enquanto olhava ao redor, pensando que o mais novo talvez estivesse por perto testemunhando sua desgraça.

Deixaram uma mala com um conteúdo bem interessante aqui no restaurante - explicou com a voz maliciosa - Você está pensando em fugir da cidade ou entrou para uma gangue?

Home - L.S.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora