— Mas ainda estamos tomando café da manhã.

— E eu quero outro tipo de café da manhã, pode me dar? ‒ Escorregou a mão fria implacável para dentro da minha calça. — Pretendia sair na rua com essa calça e sem cueca?

— Dá pra perceber? ‒ Comecei a ceder em segundos.

— Agora dá. ‒ Eu já estava aceso como uma lâmpada.

— Desejo de grávida, então? ‒ Sussurrei em sofrimento.

— Sim.

Uma hora mais tarde, deixei Claire lânguida na cama, e sai andando tranquilo pela rua, sentindo o ar de um dia relativamente fresco. Era verão, mas os dias chuvosos deixavam o ar menos abafado. E eu agradecia. Acostumado com o verão escocês, o verão americano me soava quente demais, me incomodando em alguns momentos.

A farmácia ficava a três quadras de casa, dentro do mercado, então aproveitei para comprar algumas guloseimas e mais frutas. Comprei outros produtos de necessidade imediata, e me dirigi para a farmácia, onde esperei numa pequena fila, já que, por conta da Covid, a lotação estava limitada.

Andando nos corredores da imensa farmácia, me vi pela primeira vez, vagando pela sessão de produtos infantis. Um universo inteiro de tipos de fraldas, sabonetes, xampus e colônias de bebê, que tinham um cheiro irresistível. Foi quando me deparei com uma caixinha metade rosa e metade azul, um teste rápido de sexagem fetal. Na dúvida, comprei logo um de cada marca.

Voltei para casa saltitante com a possibilidade de saber o sexo do meu bebê. Quando cheguei, Claire estava na sala com Geillis, que por questões de segurança, se mantinha um pouco afastada. As duas conversavam animadas sobre assuntos do hospital enquanto eu higienizava as compras e também meu próprio corpo.

Quando surgi na sala longos minutos depois, Claire sorria de orelha a orelha, e até esqueci da minha empolgação com o teste que havia comprado.

— O que houve, querida? Olá, Geillis, como vai?

— Tudo bem, Jamie, e você? Vejo que está sobrevivendo bem a bagunça hormonal da sua mulher.

— Estou bem... O que foi, querida?

— Ah... ‒ Claire pareceu hesitar. — Só estou feliz com as notícias do hospital, mais dois colegas se recuperando da Covid. ‒ Eu sabia que ela estava mentindo, ou com uma meia verdade, só me intrigou porque a necessidade da omissão.

— São ótimas notícias. ‒ Geillis completou, deixando ainda mais estranho. — Ah, e devemos ter vacina em breve.

— Temos esperança, então. ‒ Eu sorri e percebi que Claire me fitava com curiosidade.

— O que houve, Jamie?

— Nada não. Eu trouxe as vitaminas, e mais frutas. Você comeu mais alguma coisa ou devo preparar um lanche? Geillis, você come conosco? ‒ Não tirei os olhos de Claire, tentando ler seu rosto.

— Agradeço, Jamie, mas fica para a próxima. Estou a caminho do hospital, e, na verdade, já estou atrasada. Até logo vocês dois, se cuidem! Eu retorno em breve com notícias, querida. ‒ Geillis se levantou indo em direção a porta, as duas cochicharam algo, se despediram com apenas um aceno e por fim, sobramos eu e Claire sozinhos novamente.

— O que houve, Sassenach? ‒ Ela mal se virou de volta para mim e eu disparei.

— Não houve nada. Vamos cozinhar? ‒ Ela sorria aberto.

— Você está mentindo, eu sei que está.

— Só fiquei feliz com a visita, Jamie. É bom ver o meu pessoal. ‒ Ela soou sincera, mas continuava omitindo algo.

O diário de BreeWhere stories live. Discover now