Bendita promoção

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— O que você tem? – A voz doce de Hinata me trouxe de volta a realidade. Talvez eu a estivesse encarando demais.

— Hã? Eu? – Fiz de desentendido.

— Sim, você. Está muito mais avoado que o normal – Ela sorriu, voltando sua atenção ao milk-shake que tomava.

Não tem nada mais clichê do que se apaixonar pela melhor amiga.

Eu sei, por que estou apaixonado por ela. Não sei dizer exatamente quando começou, mas sei que nem sempre foi assim, começou com a amizade mesmo.

Moramos no mesmo lugar desde o nascimento e éramos inseparáveis quando crianças. Na adolescência é que as coisas começaram a mudar.

Psso não saber ao certo quando começou, mas já sentia alguma coisa por ela quando a achava mais bonita que o normal. Pois a beleza de Hinata sempre foi inegável, com seus cabelos negros, que foram crescendo junto com ela, e seus olhos extremamente claros, formando uma combinação exótica. Característica de sua família.

E seu corpo... Disso eu me lembro, porque quando os outros garotos passaram a vê-la como mulher, foi também quando eu passei a desejá-la como uma. Ainda bem assustado com o que isso poderia significar.

Sei também que quando alguns garotos me pediam para conseguir uma chance com ela eu ficava possesso. E dizia sempre que estava apenas protegendo minha amiga, mas estava só mentindo pra mim mesmo.

— Ah, desculpe. É que eu me lembrei de uma coisa.

— Te dei um gatilho?

— Gatilho?

— Sim, quando uma palavra te desperta na memória alguma outra coisa, sabe? Como um gatilho.

— Ahhh, sim! – Sorri me lembrando de alguns episódios bem engraçados envolvendo Hinata e esses "gatilhos" – Você que sempre tem muitos gatilhos na memória. Sempre que eu dizia alguma coisa que te lembrava de um filme, você reproduzia a fala, igual o personagem. Ou cantava um trecho de uma música... Ou, se fosse um comercial, você tentava me vender o produto.

— Verdade – Sorriu – Que bobeira...

— Bobeira nada. Jamais vou esquecer o melhor de todos os seus gatilhos. Sempre que você ouvia a frase "Parou de funcionar"... – Eu digo, aumentando um pouco a voz e colocando bastante ênfase na frase – Você levantava os braços como um juiz de duelo e dizia...

— Para Naruto, senta ai – Corada. me pediu quando eu fiquei de pé com os braços levantados.

— "Parou de funcionar, e o vencedor é METABEE" – Reproduzo alto, baixando um dos braços e apontando para um vencedor imaginário. Quando voltei meu olhar para Hinata, ela ria, maravilhosamente. A risada linda que domina todos os meus sonhos. Então me recompus e sentei de novo – Por causa do desenho Medabots. E depois você ficava vermelha, igual um pimentão, de vergonha. Como agora... – Suspirei – Essa sempre foi a melhor parte do meu dia...

— Idiota. É automático, sabe que eu quase não consigo controlar – Disse ainda rindo.

— Hinata, eu preciso te confessar uma coisa... – Meu tom de voz era sério e meu olhar firme.

— O que? – Respondeu um pouco tensa.

— Ver essa sua performance era a única coisa que me fazia acordar de manhã – Completei e ela voltou a rir, jogando duas de suas batatas fritas (que ela nunca conseguia comer tudo) em mim – É serio, não ri não. Eu podia ter morrido nesses últimos meses em que estivemos afastados – O tom era de brincadeira, mas com aquela pontada de verdade.

ApaixonadoWhere stories live. Discover now