Ventos e Sentimentos

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"...-Você me conhece?

Venti sorriu com a pergunta."

-Claro, já fazem quantos séculos desde que toquei essa música para você?

-Você... Tocou de propósito?

-Sim, depois disso fui impedido de me aproximar de você por Morax.

O tom tranquilo de Venti trazia a Xiao uma vontade sufocante de chorar e ele nem sabia o motivo.

-Por quê?

-Porque... Hum... Não sei, você deveria fazer essa pergunta a ele. Respondeu dando de ombros e sussurrando algo como Morax ser um pé no saco.

Não é como se Barbatos e Rex Lapis realmente se dessem bem, mas por serem os Arcontes originais, eles tentavam manter um mínimo contato, especialmente por suas cidades possuírem laços comerciais fortes.

Xiao não sabia o que dizer e nem o que fazer então Venti prosseguiu.

-Mas, apesar daquele velho chato me impedir naquele dia, eu continuei a procurar saber sobre você. Digamos que eu importunei muito o querido "Zhongli", para saber como você estava ao longo dos séculos. E as vezes eu também ia a Liyue checar, mas nunca soube realmente como me aproximar de você. Só espero que tenha apreciado as maçãs.

As palavras de Venti fizeram Xiao arregalar os olhos em choque e seus lábios tremiam.

-A-aquelas maçãs... Todo esse tempo...

As palavras de Xiao saíram trêmulas e a vontade de chorar era quase incontrolável.

Venti sorriu com carinho e se aproximou do jovem em conflito a sua frente. Ele estendeu a mão pegando a mão esquerda de Xiao e se surpreendeu com a Visão Anemo presa em seu pulso.

-Mi-minha visão... Foi vo-você também?

-Não. Os Arcontes não possuem o poder de conceder visões e eu não sabia que você tinha ganho uma Visão Anemo, o Morax nunca me contou.

-Provavelmente nem ele sabe.

Venti sorriu de canto, um sorriso carregado de tristeza.

-Ele com certeza sabe, mas não estou chateado com isso... Só...

Venti respirou fundo procurando as palavras, ele sentia a fragilidade do rapaz a sua frente.

-Xiao, você sabe o que todo portador da Visão Anemo tem em comum?

O Adepti negou com a cabeça sentindo as palavras presas em sua garganta.

-Todos possuem um desejo desesperado de liberdade*.

Venti ainda segurava a mão de Xiao e levou sua outra mão para o rosto dele limpando uma lágrima solitária que ele nem percebera deixar cair.

-Me desculpe não poder te livrar da sua maldição.

Relutante o Bardo puxou Xiao para um abraço que demorou alguns segundos para ser correspondido. O Adepti não se lembrava de já ter sido abraçado alguma vez, o que o fez chorar, ele não sabia se as lágrimas eram de desespero, de alívio, de felicidade ou de tudo misturado.

O abraço de Venti lhe deixava em paz, era quase desesperador não sentir o medo e a dor sempre presente em sua alma, era como estar em um dos seus raros sonhos em que ele voltava para aquela colina onde ouvira a música pela primeira vez. Ele lutava contra a vontade de se afastar do outro e com a vontade de nunca mais soltá-lo.

Eles ficaram abraçados até Xiao parar de chorar.

-Eu não queria mesmo te fazer chorar... Parece que eu só te trouxe mais dor. Sibilou Venti se afastando, mas foi impedido pelo Adepti que o puxou de volta para perto.

Salvos Pelo VentoWhere stories live. Discover now