Olhei pra todos os lados com medo de estar sendo seguida por ele. Eu tinha que ir para longe dali. Tinha que ficar o mais longe possível dele.
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[ Pedro ]
Luísa.
Eu queria por um minuto tirar essa preocupação de mim. Mas algo não estava bem, algo não estava encaixando. Desde o momento em que ela entrou naquele carro e foi para casa, a minha mente está a mil.
Depois de tanto rodar por aquele apartamento, eu finalmente me convenci a deitar. Pelo menos o corpo eu tentaria descansar, já que a minha mente estava focada na pessoa que vem tirando o meu sono nos últimos dias.
A minha Luísa.
Eu fecho meus olhos por uns minutos e viajo no tempo. Na época em que eu era um garoto tímido e tinha medo de ser rejeitado por garotas como ela. Ela com aquele sorriso radiante, um olhar intenso e uma personalidade única. Não é possível que ela tenha perdido tudo isso por causa de uma pessoa.
Não é possível.
Dou um pulo quando escuto meu celular vibrar sobre a mesinha de cabeceira. Eu não conhecia aquele número. Será que era do hospital?
- Alô?
- Pedro, é a Dolores. - ela fala com a voz trêmula.
- Dolores? O que aconteceu? Como conseguiu meu número e ...
- Eu preciso de você. Preciso que você venha aqui no café! Agora! - Ela fala atravessando as palavras.
Eu estava ficando preocupado.
- Me fala o que aconteceu!
- Eu te mostro quando você chegar. Vem por favor!
Eu desisto de tentar saber. Desligo o celular, boto a primeira roupa que vejo pela frente e só pego a chaves do carro nada mais.
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Quando consigo avistar o café, Dolores já está na porta a minha espera. Tremendo igual vara verde.
Assim que eu atravesso a porta eu vejo e entendo o motivo de tanto desespero.
Era a Luísa.
Ela estava em uma mesa no fundo do local, chorando, apenas com roupas de dormir.
- Luísa? - Ela se levanta e vem ao meu encontro desesperada. - Eiii! Calma, se acalma. - Eu falo a abraçando.
- Pedro ...
- O que aconteceu? - Pergunto a ela, mas não tenho resposta. - Eu estou preocupado... Foi ele não foi?
- Me tira daqui... por favor.
Eu não posso acreditar nisso.
Não posso!
Ele agrediu ela mais uma vez.
Eu tenho certeza que sim!
Tranquilizo Dolores rapidamente, que estava apavorada e sem entender nada aparente. Em poucos segundos eu estava carregando Luísa pro meu carro e seguindo com ela para o único lugar que eu podia naquele momento. O meu apartamento.
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Viemos em silêncio o caminho inteiro. Eu não queria forçar ela a dizer nada, a fazer nada e nem a pensar em nada naquele momento. Eu queria apenas que ela se acalmasse e soubesse que ela estava segura.
- Veste isso aqui, você deve estar com frio - Entrego a ela uma blusa minha de frio.
- Obrigada - Ela agradece e veste.
Eu me coloco ajoelhado na sua frente e fico olhando enquanto ela encara o chão. Talvez pensando no que havia acontecido.
- Você precisa descansar um pouco. Vem comigo. - A levo até o meu quarto e ajeito a cama para ela deitar.
- Pedro eu... - Ela se deita e começa a falar, mas eu a interrompo.
- Shhhhh, não precisa falar nada agora, só se acalme um pouco. - Eu me sento ao seu lado e acaricio os seu cabelo.
- Eu preciso falar... Eu preciso... Eu nunca senti tanto medo na minha vida como senti hoje - Ela levanta se sentando na cama - Ele ia... Ele tentou...
- O que ele tentou? - Falo a encarando preocupado.
- Ele tentou abusar de mim... Ele ia abusar de mim... Meu próprio marido ia ... ia abusar de mim! - Eu não queria acreditar no que ela estava me dizendo. Simplesmente não queria acreditar.
- Miserável!!. - Me levanto e fico de costas para ela para não demonstrar o tamanho da minha indignação e do meu ódio.
- Eu não sei o fazer. Eu não sei para onde ir. Eu estou com medo e não posso voltar pra minha própria casa.
- Ei, vem aqui - Me volto para ela e a envolvo num abraço apertado - Você não vai a lugar nenhum agora e não vai voltar lá entendeu? Não precisa ter medo, eu estou aqui com você e comigo ele nunca mais encosta em você.
A sinto tremer em meus braços.
- Vem - Eu a coloco deitada na cama novamente - Descansa um pouco, pela manhã a gente conversa sobre o que fazer.
- Obrigada... obrigada por estar aqui por mim.
- Shhhhh... eu sempre vou estar aqui com você! Dorme .. tenta dormir.
Eu fico ali com ela tentando acalmá-la.
Eu estou tomado por um ódio tão gigante, mas não queria demonstrar. Ela não precisava de mais nervoso.
No momento eu só queria fazê-la dormir e esquecer do horror que passou. Eu queria arrancar aquilo dela.
Como ele foi capaz de fazer isso?
Eu tinha medo dos pensamentos que estava tendo.
Fico pouco mais de uma hora ao lado dela até que ela finalmente adormece.
Finalmente.
Beijos seus cabelos, sentindo seu cheiro, puxo a coberta. Com todo com cuidado pra não acorda-la e saio da cama.
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Eu pego meu telefone e ligo pra uma das poucas pessoas que pode me ajudar naquela hora. Eu precisava de uma informação e só ela poderia me dar.
- Pilar? É o Pedro, eu preciso que me diga uma coisa sem fazer perguntas por enquanto...
E assim que ela me responde com o que eu preciso, pego a chave do carro e saio cantando pneu. Eu estava indo pro único lugar onde eu sentia a necessidade de ir no momento.
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Estaciono meu carro em frente a casa.
Era um lindo condomínio e um lugar aparentemente tranquilo.
Como ninguém a ouviu gritar aqui?
Saio do carro e caminho até a porta.
Meto o dedo na campainha sem do e sem me importar com nada.
- Eu sabia que você iria voltar meu amor... - O canalha abre aporta com um sorriso no rosto que se desfaz assim que me vê parado na porta. - Você? O que você quer aqui?
Ele tinha um corte da testa.
- Você gosta de bater não é? - Sem pensar eu o empurro para dentro da casa e fecho a porta atrás de mim. - Então agora eu quero ver se você também gosta de apanhar!
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