Olhei a mesinha e vi meu celular a menos de 1 metro de distancia de mim.
- Então eu vou tirar pra você. – ele falou se aproximando de mim no sofá, tentando me puxar pelas pernas.
Não sei como, mas em fração de segundos eu me levantei da ali, tentei pegar meu celular, mas quando meus dedos encostaram no aparelho, senti suas mãos tentando me puxar.
Chutei de qualquer jeito sua mão e sem esperar ou tentar pegar o celular me tranquei no banheiro.
- Luísa abra essa porta! – ele esmurrava a madeira com força. – ABRE ESSA PORTA OU EU DERRUBO ELA NO CHUTE!
- Vá embora! – gritei.
- ABRE ESSA PORTA - Ele esmurrava cada vez mais forte.
Eu via a porta tremer e a cada chute que ele dava o meu coração batia cada vez mais rápido.
- Ele vai me matar... - Falo baixinho comigo morrendo de medo do que poderia acontecer - Meu Deus me ajuda... me ajuda.
Após algumas tentativas fracassadas ele para e de repente ficou um silêncio macabro do lado de fora.
Onde é que ele foi?
Droga!
O que eu ia fazer?
Eu tinha que sair daquele banheiro!
Daquela casa!
Se eu tivesse meu celular!
Ainda fiquei uns bons minutos trancada no banheiro.
" A gente tava escondido no banheiro, mas papai encontrou a gente"
A voz de Marcos, aquele menininho indefeso veio na hora em minha mente. Eu não queria ficar igual aquela mulher! Não queria!
Eu precisava sair dali! Eu não tinha outra opção! Uma hora ou outra ele ia conseguir entrar.
Talvez ele nem estivesse mais ali.
Estava quieto demais.
Respirei fundo e sai correndo, parando quando cheguei ao vão da sala. Olhei tudo ao redor, ali ele não estava, era só alguns passos até a porta e eu estaria na rua, mas assim que pus meu corpo pra fora, ele surgiu de não sei onde e veio na minha direção agarrando meu braço com força.
Eu podia sentir suas unhas curtas cravadas na pele do meu braço, no desespero, eu gritei a primeira coisa que veio na minha cabeça.
- Eu contei pra Pilar que você me bateu! – falei de uma vez só quando ele me jogou com força contra a parede.
- Você não fez isso! – ele sorriu com escárnio.
- Fiz! E se você encostar em mim de novo, todos vão saber que foi você! Todos vão saber quem é o verdadeiro Eugênio Barral!
Ele ficou ainda mais irado e agarrou meus cabelos.
- Para! – eu gritava - EUGÊNIO PARA!
- Para? Eu ainda nem comecei com você! – falou me jogando mais uma vez sobre o sofá. – Eu vou te ensinar de uma vez por todas duas coisas: a ficar quieta sobre nosso casamento e te mostrar quem é o homem da casa! Quem é o seu homem! – me puxando pelas pernas.
Não pensei duas vezes, agarrei com toda força o vaso da mesinha e bati em sua cabeça.
Era ele ou eu.
- SUA FILHA DA PUTA! – O ouvi gritar, antes de levar as mãos até a cabeça.
Não pensei em mais nada.
Apenas reunir as forças que tinha e corri, corri pra fora daquela casa.
Corri pela rua sem olhar pra trás.
Corri descalça, apenas de short e camiseta, sem celular sem nada.
Apenas corri.
Corri pra me salvar.
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