Dois

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Ao cruzar a Avenida com a North West no seu Porsche, ele teve um pequeno lapso de memória: A cafeteria La Vien.

Um  casal de jovens saiu da cafeteria de mãos dadas e foram dançar na chuva. Era nítido o quão apaixonados estavam um pelo outro, a garota ria de qualquer bobagem que o garoto falava. Os dois não tinham pressa nenhuma, e iam em discordância dos milhares que passavam correndo da chuva naquele momento. 

Antes costumava apreciar a chuva, hoje só lhe trazia um sentimento mórbido de vazio. 

Shikamaru assistiu à tudo, nostálgico, relembrando os tempos em que costumava visitar La Vien com Hinata.  

Ele se enxergou naquele casal de amantes, pois também ficou assim quando a pediu em casamento. 

Nas nuvens.

O Nara observou atento a silhueta do casal desaparecer em meio a neblina. O universo só poderia estar de sacanagem consigo. Justo hoje que daria um fim definitivo ao seu casamento. Olhou no relógio de pulso, marcava sete horas da manhã, teria ao menos mais duas horas para vaguear pela movimentada Londres. Saiu de casa em torno das cinco com a justificativa de que foi chamado para o trabalho mais cedo. Assim que apertou o nó da gravata,parou em frente a porta do quarto de Hinata, que estava semi-aberta e visualizou pela última vez a face da sua esposa tranquila enquanto repousava. Com cuidado, Shikamaru ajeitou sua coberta e levantou sua cabeça de modo que não tivesse dores no pescoço ao acordar. 

 "Adeus", sussurrou. 

A paisagem estava incrivelmente bela do outro lado da cidade, o Sol brilhava intensamente, havia verde em todos os lugares e, em um lugar do trânsito estava ele, tragando a fumaça numa tentativa de desestressar. Faltava menos de trinta minutos para chegar à audiência, e aquela não era hora para imprevistos. Entre buzinas e xingamentos, ouviu a conversa de alguns motoqueiros que comentavam sobre um assalto à um banco que acabou de acontecer. A curiosidade de investigador quase o fez irromper a conversa para saber de mais detalhes, felizmente o sinal abriu acelerou de uma vez, tentando ignorar a sensação de aperto no peito.

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— Como assim a Hinata ainda não chegou?

Sim, aquilo era de se estranhar. Dos dois, a morena sempre foi a mais responsável com seus compromissos e sempre fazia questão de chegar pelo menos, meia hora antes. Shino, seu advogado, foi quem lhe deu a notícia. Disse que não respondia as mensagens e muito menos atendia às ligações. Shikamaru até cogitou a ideia de telefonar para Sasuke, porém aquilo seria  humilhante ao seu ver. Eles esperaram por quinze minutos até que o juiz adiou a audiência. 

Já na sala de espera, ele sentiu o celular vibrar no bolso da calça. Olhou o visor e percebeu que era Ino, provável que teriam mais trabalho. 

— Alô.

— Fala que eu te ouço, loira. 

— Shikamaru...— seu tom de voz era sério, muito mais que o normal — Soube que roubaram um banco próximo de onde você está? 

— Sim, mas não sabia que era tão próximo assim. 

— Então, preciso que venha pra cá agora, eu estou à três quadras de você. — parecia estava escondendo algo, disso ele tinha certeza.  

— Ino, o que está acontecendo? — questionou temeroso pela resposta. Um silêncio perturbador se instalou na linha telefônica.

— A Hinata, sua esposa…  está entre os reféns. 

Bastou somente uma única frase para que ele saísse correndo desesperado, deixando tudo para trás. 

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Ponto Cego - ShikaHinaWhere stories live. Discover now