— Está tudo bem. Sou Ellen. — Apresentei-me também.

Ficamos alguns segundos em silêncio, até que o senhor à minha frente deixou os olhos caírem para Pedro no meu colo.

— É seu filho? — Sua voz soou doce e meiga e ele se aproximou um pouco mais para olhar para a criança. Concordei com a cabeça quando ele voltou para mim. — E Otávio? Ele não veio para cá com você?

Provavelmente ele não sabia do ocorrido, então eu seria a pessoa a lhe dar a noticia do falecimento. E ainda nem sabia a proximidade que os dois tinham.

— Otávio faleceu em um acidente recentemente. Por isso estou aqui. Foi o que recebemos de herança.

Balancei meu filho nos braços instintivamente.

— Eu sinto muito. — Mesmo com o tom de pesar na voz, o senhor não demonstrou muito ressentimento pela notícia.

— Obrigada.

Novamente o silêncio tomou conta do momento, e eu já estava começando a ficar constrangida sem saber o que fazer. Mas finalmente o senhor quebrou o clima, voltando a falar.

— Eu bem vi que havia algo de estranho lá de cima. — Ele apontou para a estrada. — O quintal nunca foi tão limpo assim. Otávio não cuidava muito deste lugar, o que sempre me cortou o coração.

— Para falar a verdade, eu nem sabia da existência dessa propriedade. Eu lamento ter o conhecimento só agora, mas pretendo aproveitar. — Um sorriso pequeno brotou nos meus lábios.

— Sabe — Sr. Arnaldo foi caminhando para a sombra enquanto falava e eu o acompanhei. — Eu trabalhei aqui quando os pais dele eram vivos. E eles eram gente boa, mas o filho não puxou a eles. E eu me apeguei tanto a esse lugar, aos bichos, que não deixei de cuidar do local mesmo depois da morte dos velhos, e de Otávio ter me mandado embora.

Era lamentável ouvir isso. Otávio nunca deu valor à pessoas. Sua ambição era apenas em bens materiais. Mas o Arnaldo continuou falando.

— Depois que ele recebeu a casa, eu e minha velha nos mudamos. A gente morava aqui na propriedade. Mas a idade vem para todo mundo, e eu não tenho mais a disposição de antes. Essa semana mesmo, eu fiquei toda de molho. Por isso não nos conhecemos antes.

Arnaldo era um senhor de uns setenta anos, aparentemente, e pensar nele sofrendo, e ainda mais ao lado de Otávio, era dolorido até para mim.

Naquele momento um pensamento passou em minha mente.

Eu ainda teria muito serviço pela frente, e se aquele homem dizia que cuidava das coisas por gostar, não me custaria ajudá-lo.

— Seu Arnaldo, eu me mudei há uma semana. Vi os animais no pasto. Mas como o senhor disse que sempre vem cuidar deles por prazer, acabei de ter uma ideia. — O homem me observava com atenção.

— Sim. Eu me apeguei a esses animais, minha filha. Os bichinhos não têm culpa de onde nascem.

— Concordo com o senhor. Então, sou nova com tudo isso, e vou precisar de ajuda.

— Ah, menina. Eu já simpatizei com você. O que precisar, pode contar comigo e com minha velha. Lurdes vai adorar te conhecer, e o seu filho também. — Ele abriu um sorriso simpático.

— Eu imagino que sim. Mas eu quero fazer as coisas certas-. Então eu quero contratar o senhor. Só até eu aprender como fazer tudo, claro.

— Pagar pelo que eu já faço aqui? — os olhos dele ficaram marejados.

— Claro, não vou te fazer trabalhar de graça.

O enorme sorriso que ele me abriu, já dizia tudo.

A emoção que ele emitia era evidente, e conversando com ele depois, fui descobrindo que era um homem esforçado, que vivia com um salário com a mulher. Ele me contou várias coisas da vida, enquanto eu passava um café para ele.

Quando foi embora, ainda mais feliz do que quando chegou, fiquei sozinha novamente com Pedro. Eu estava mais feliz também. Era um novo começo, uma amizade.

Conversar com alguém daquele lugar, fazer a felicidade de outra pessoa, havia renovado minhas esperanças ainda mais.

Naquele dia, eu estava um pouco mais leve com a vida.

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Amores, passando para avisar que o livro já está na Amazon, completinho. Então quem estiver com mais pressa, só pedir o link que eu mando aqui 

O Cowboy, a Viúva e o BebêWhere stories live. Discover now