- Estou de saltos está bem? Olha ele...-dei-lhe um murro no braço a brincar e descalcei-me.

- Não amues já!- deu-me também um murro devagar.

Prossegui descalça e ele ria-se de mim. Estávamos em cima da relva na zona onde existiam poucas árvores, aproximávamo-nos de um ribeiro ou algo com água. Ouvíamos a água a correr e os passarinhos a cantar, não havia ninguém por perto. Sentamo-nos numa sombra a conversar. A conversa fluía. Perguntara-lhe do que tinha medo, fez-me também essa pergunta, já sem óculos olhava para mim.

- Medo? Neste momento, de nada.

- De nada? – olhava-me indignado – como assim de nada? Nem de ficar parada?

Como é que ele já me conhecia tão bem? Prestou atenção a todos os pormenores, sem dúvida.

- Tenho alguns receios mas nada de especial. Não acho que isso seja um medo, se tiver que ficar parada certamente vou encontrar um lado positivo nisso- sorri-lhe- e os teus sonhos quais são?

- Gostava de conseguir ter sucesso na minha área mas sonho de vida talvez seja ter uma família. A minha casa, uma melhor amiga como mulher e filhos. Ser feliz e isso. E tu?- tirou-me os óculos de sol com cuidado – desculpa –continuou a olhar-me

- Não tem mal! Ser feliz e aproveitar a vida –sorri e olhei para ele- isso chega-me!

- Uma rapariga como tu diz que o seu sonho é ser feliz e aproveitar a vida? Hm...-levantou a sobrancelha - estranho...

Ri-me.

- Pronto, tenho muitos sonhos, cada um seu tempo. Desde gerir uma empresa ou qualquer negócio a ser uma grande polícia, desde saltar de paraquedas a testar todos os limites, desde fazer voluntariado a ser mãe...tanta coisa...

Ele sorriu, e apesar de já não ser novidade continuava a achar aquele sorriso lindo.

- Ainda tenho muito pela frente!

- E nós também!

Olhei-o nos olhos. Ele aproximou-se de mim, colocou a mão na minha cara com todo o cuidado. Tem as mãos macias e um toque suave. Ele sorria. Com o polegar mexeu-me no lábio inferior. Eu sorri.

- Por isso é melhor irmos andando! –disse e levantou-se

Levantei-me e continuamos o caminho, levava os sapatos na mão. Passou um servente e perguntou-nos se precisávamos de algo.

- Um gelado?- Jack para mim

- Uma cerveja preta fermentada a caramelo, por favor –eu para o servente

O Jack olhou-me admirado e pediu outra.

- Não sei se temos...se não houver pode ser só preta?- servente

- Com certeza. Obrigada- disse, o servente pediu licença e saiu

- Sim senhora, a menina para além de beber cerveja sabe pedir...e eu aqui com gelados...-suspirou- onde eu me vim meter!

- E ainda não meteste...

- Mas não me importava –trincou o lábio

Ri-me e empurrei-o.

- És tão parvo!

O servente veio e prosseguimos até ao pequeno ribeiro que passava lá. Havia pedras que formaram um muro em tempos, que impediam a água de passar, mas com a força da água ruíram e ficara um espaço aberto a meio. Agora passava água normalmente nesse espaço e o muro já não servia mais de ponte.

- Queres que te leve? – disse quando se pôs a minha frente

- Estás a gozar não estás? – levantei uma sobrancelha e olhava-o seriamente de braços cruzados

- Siga! – falou de braços levantados como se se rendesse

*Jack a narrar*

Neste momento tenho a melhor rapariga de sempre á minha frente, a andar em bicos de pés, descalça, sobre pedras a atravessar um ribeiro. Leva os sapatos na mão e vai saltitando enquanto diz que a água tem um ar irresistível. Olho para o rabo dela, impossível não olhar, tão perfeito. As calças são justas e assentam-lhe tão bem. Também com um rabo daqueles nenhumas calças lhe devem ficar mal. Atravessamos e ela está a ver um pé.

- Magoaste-te? Eu bem disse que era melhor levar-te

- É só um arranhão, já nem sai sangue! Ai que chato!

- Diria preocupado!

- Shh! Levas agora, não vou andar descalça ali –ela apontou para o bosque e eu tentei não me rir

- Então anda

Ia-me baixar para ela subir para as minhas costas. Não deu tempo. Ela saltou e eu só a agarrei. Seguimos caminho pelo bosque dentro. Como é início de primavera as árvores já tem folhas e muitas delas flores, ouvem-se alguns barulhos de animais, cheira a bosque durante a primavera e ela sorri ao contemplar isto tudo.


***

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