— Bem, queridos. A Jolie foi um presente que dei à minha netinha de 15 anos, inclusive, você se parece com ela, menina. - todos olharam pra mim e eu fiquei meio envergonhada. — Além da minha netinha, Jolie era bastante apegada com minha filha também, com o meu genro nem tanto, mas o cara sempre foi um mala! - todos nós rimos do desdém dela com o genro, ela parecia bem-humorada ao falar sobre ele.

Porém o bom humor se tornou uma emoção contida em seus olhos. Ela prendeu seus lábios e Juleka a abraçou, deixando que tomasse o tempo dela pra falar. Dona Camille respirou fundo por alguns segundos, deu algumas tossidas e se recompôs. Todos nós estávamos confusos, se a cadelinha era da neta e da filha dela, por que ela quem estava procurando?

— No mesmo ano que dei Jolie para Luna, uma tragédia aconteceu. Houve um incêndio na casa deles, provocado por uma explosão na cozinha. Todos estavam no mesmo lugar e as queimaduras foram muito graves, ninguém sobreviveu, somente a Jolie. Encontraram ela assustada e chorando no cantinho da porta, ela foi dada a mim. Quando foi feita a análise na casa, os policiais acharam um bilhete de Luna, minha neta, direcionado a mim. Ela disse que sentia que algo aconteceria com ela e me pediu pra que eu mantesse Jolie comigo, seria a forma dela de estar pertinho de mim sempre. - ela sorriu com lágrimas nos olhos e abaixou a cabeça.

Todos nós estávamos em silêncio, em choque o suficiente pra não saber o que dizer. Então demos um abraço coletivo nela e ela se pôs a chorar novamente. Todos nós sentimos muito por aquela tragédia tão grande, inclusive a Luna tinha a nossa faixa de idade, era estranho imaginar que aquilo poderia acontecer com qualquer um de nós e nossa família. Tudo o que pudemos fazer naquele momento foi confortar a mulher à nossa frente. Após estarmos em nossos lugares novamente, ela voltou a contar sua história com a cadelinha Jolie.

— Eu mantive Jolie por dois anos comigo e nós fomos envelhecendo juntas. Jolie ainda olha pra porta e chora um pouco, é uma cadelinha dócil, mas ainda tem traumas da tragédia que presenciou. Porém a minha idade é avançada e mesmo que eu dê meu melhor, não consigo mais acompanhar todos os passos que ela dá. Foi assim que ela desapareceu de casa e já vão fazer dois meses. Dei o meu melhor para que achasse ela, mas foi em vão.

— Olha, dona Camille, infelizmente a sua cadelinha não está aqui, nós só temos esses cachorrinhos que a senhora viu. Foram todos que conseguimos encontrar na rua até hoje. Eu sinto muito. - Rose disse com um pouco de culpa na voz.

— Eu acho que... Nós podemos procurar. Hmmm... Todos nós. Se todo mundo topar. - Adrien disse, procurando avaliar os nossos olhares pra ele. Menos o meu, é claro.

— Sim. - Juleka disse de imediato.

— Claro, é uma ótima ideia! - eu disse empolgada e as meninas riram.

— Eu topo! - Alya, Nino e Rose disseram em uníssono.

Por um minuto, eu vi os olhos da dona Camille brilharem e um sorriso enorme tinha tomado conta do seu rosto. Ela explicou onde ficava seu endereço e fuçou seu celular em busca de fotos da sua cachorrinha, coisa que por sinal ela tinha bastante e em todos os ângulos. Nós ficamos atentos aos detalhes da cadelinha e Juleka pegou as fotos para imprimir e dar a cada um de nós, facilitando a busca, caso víssemos algo durante a procura. Nós asseguramos e prometemos a dona Camille que faríamos de tudo para encontrar Jolie. Nino acompanhou a dona Camille até o final da rua e nós acenamos nos despedindo dela. Assim que nós voltamos para dentro da ONG, traçamos planos e rotas divididos para encontrar Jolie. O combinado é que sempre após o horário, nós faríamos uma busca nos bairros de Fontaine. Todos decidiram dividir as equipes com antecedência, ou melhor, Alya decidiu fazer isso.

— Olha gente, já vou avisando que minha dupla é com o Nino. Foi mal, Adrien, eu sei que você ia escolher ele de cara. - ela falou debochando do loiro.

Fontaine - Meu Amor de Verão [NOVA TEMPORADA]Where stories live. Discover now