— Eu não concordo com essa cláusula! Esquece! — bufei. — Vakoa viver juntos, nem que tenhamos que praticar celibato!

Ela riu.

   — E você consegue?

   — Eu faço um esforço!

Rimos. Ela suspirou, fazendo um enorme X em duas linhas no bloco de notas.

   — Enfim, o próximo item é que não quero ser sustentada pelo palácio. — levantei uma sobrancelha. — Eu quero realizar meus sonhos, Felipe. Quero viajar, fazer tudo que sempre quis. Mas, quero fazer isso com meu próprio dinheiro. Podem me bancar durante a gravidez. Mas, após ela, eu quero terminar minha faculdade e montar meu negócio do zero, como qualquer outra pessoa. Eu quero bater no peito de orgulho por tudo que conquistei. Caso eu receba algum dinheiro, vou guardar para o bebê. Quando ele crescer, ele vai ter sua própria economia para o futuro.

A olhei, incrédulo. O brilho de seus olhos enquanto ela fala seus sonhos me deixou de queixo caído.

   — Você não existe, Kristal... — murmurei.

Tipo, ela pode ter o que bem querer ao se casar comigo. Mas, não. Ela deseja ter seu próprio caminho. Não sei se houve alguém da família real que não recebia dinheiro e possuia um trabalho.

   — Ah, e antes que eu me esqueça, quero fazer visitas ao orfanato por, pelo menos, duas vezes ao mês. Digamos que tenho muitos brinquedos para doar!

   — Bem, vou ver o que posso fazer.

   — Ah, eu também gostaria de ter a doutora Lisandra como minha médica obstetra. Ela me parece confiável. Mas só se não a atrapalhar.

   — Isso é fácil, fácil.

   — E você? Não vai escolher nada? — ela me perguntou, calmamente.

   — Eu quero a mãe do meu filho e meu filho por perto. Isso deve bastar, né? — sorri, a vendo meio envergonhada. — Enfim, eu preciso realizar um pedido mais formal no dia da nossa festa de noivado. Se quiser, posso falar com a minha mãe para realizar tudo do seu jeito.

   — Bem, não preciso me preocupar. Confio nela.

   — Olha, eu, se fosse você, aproveitava agora. Só se casa uma vez, não é? — digo, sorrindo.

***

     Após aquela conversa, antes do jantar, Kristal conversou com meu pai juntamente com minha mãe, reforçando seus pontos de vista e desejos.

No fim, chegamos em uma data. Dali a duas semanas vamos anunciar nosso noivado mas, antes, vamos dar uma nota ao público com uma "estórinha" de como nos conhecemos e estivemos namorando. Assim que a gravidez alcançar os três meses em segurança, vamos nos casar.

Jantamos calmamente. A mãe de Kristal (que chegou logo) esteve sempre ao lado dela, conversando normalmente. Diferente dela, sua irmã continuava forçando a barra para ter a atenção de Kristal.

Nessas horas eu penso em como Kristal tem muito autocontrole. Se fosse comigo, eu já tinha berrado com Vanessa.

Acompanhei Kristal até seus aposentos. Ela simplesmente capotou na cama de qualquer forma, sem se importar com a roupa que estava.

   — Ei, vai ser desconfortável...

   — Vou dormir antes do bebê me fazer vomitar. Boa noite, Lipe. — ela murnurou, bocejando e roncando logo em seguida.

Pensei que era brincadeira até ver que ela realmente dormiu. Fui até ela e lhe tirei seus sapatos e a cobri com um lençol fino, já que essa noite estava fazendo calor. Beijei sua testa e acabei encarando seu ventre.

Me aproximei do mesmo, alisando sua barriga por cima do lençol. Tinha um filho meu ali dentro e mal tinha dois meses.

   — Você mal chegou e já está dando tanto trabalho, filhão... — murmurei. — Mas, fique tranquilo. Estamos cuidando para que você esteja seguro ao nascer. Sua mamãe é uma guerreira. — beijei seu ventre. — Já amo você, pequeno.

Ao fim, sai do quarto, distraído. Assim que fechei a porta, vejo minha mãe atrás de mim. O susto que eu levei não dá pra descrever.

"CACEEEEEEETAAAAAA!!! Minh'alma saiu do corpo!", berrei em meus pensamentos.

   — Que susto, mãe. — murmurei, beijando a costa de sua mão.

   — Olha, eu sei que tudo está acontecendo rápido, mas... — ela me encara, com delicadeza. — Está tudo bem pra você? Você apenas concordou com tudo. Criou maturidade?

   — Dizem que os filhos mudam as pessoas. — mentira, acabei de inventar isso. — E eu acredito. Quero ser um exemplo peparmeu filho. Quem sabe não esquecemos que fomos drogados e que ele foi o resultado?

Ri, meio humorado.

   — E quanto à Kristal?

   — Não entendi.

   — Vai mesmo fazer tudo por aparência? Como se sente com ela? — ela murmura, segurando minhas mãos.

Eu já estava entendendo o que aconteceu. Sorri.

   — Mãe, nem adianta. Kristal e eu seremos bons amigos pelo bem do bebê. Só isso.

   — Ok. Se é o que você diz... — ela beijou meu rosto. — Durma bem, Felipe. Amanhã cedo teremos o pronunciamento de seu "namoro" com Kristal. Treine seu discurso ao acordar.

   — Sim, senhora. Tenha uma boa noite, mãe.

Ela devolveu o cumprimento e entrei em meu quarto tirei minhas roupas e troquei por um pijama e logo fui dormir.

A manhã seguinte seria um longo dia.

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Grávida do Príncipe Where stories live. Discover now