Dresden, 13 de fevereiro de 1945.

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Dresden, 13 de fevereiro de 1945

Sangue.
Sangue vermelho vívido se espalhando pela neve.
Daisy sempre teve pavor de sangue. E o pior era saber que aquele era seu sangue.
(1) - Onde diabos estava Liesel? E a senhorita Susan?
A escola havia desmoronado, ao que parecia e as bombas provavelmente já passaram de seu bairro. Mesmo assim, não havia como saber. Mal conseguia abrir seus olhos por entre os destroços da escola. Logo naquele dia havia ficado a noite na escola, para a detenção.
(2)- Onde estarão mamãe e Oliver?
- Garotinha? - uma mulher com roupas sujas e sangue seco na testa a cutucou.
O chão tremeu. Uma, duas, três vezes.
Daisy se levantou.
- Meu nome não é garotinha - disse encarando a mulher.
A moça a sua frente tinha volumosos cabelos negros ( mesmo que cobertos por uma grossa camada de poeira ). Os olhos eram claros, verdes. Ela seria bonita, mas aqui e agora aquilo não importava mais.
- Você viu a mamãe? E o Oliver?
A mulher Franziu o senho e logo depois entendeu o recado. Suspirou pensando no que dizer.
- Olha, garotinha, tem um grupo de sobreviventes ali perto daquela luz vermelha. Não terminamos a busca, procure alguem do seus por lá.
- Meu nome é Daisy, não me chame de garotinha! - ela rosnou.
Daisy deparou, correndo entre a neve e os destroços em direção a luz vermelha, que chegando mais perto se revelou a fogueira que esquentava os sobrevivente.
Não era uma visão das mais agradáveis, eu me lembro bem. Haviam pessoas abraçando morimbundos e moribundos abraçando pessoas. Havia sangue em todos os lugares, pessoas sem parte do próprio corpo. Aquilo era de mais para uma menina de 7 anos, mesmo ela sendo Daisy Duncan.
- Mamãe? - choramingou passando pelo meio das pessoas - Oliver?
- Daisy! - uma cabeleira loira e suja levantou uma mão em meio a imensidão.
Ela certamente conhecia o garoto, era Heron. Morava no seu bairro.
- Heron - falou - você viu a mamãe?
- Hmmm - o garotinho franziu o senho olhando para a família - não pansei por lá quando fugia, desculpe.
Daisy chorou baixinho enquanto apertava um machucado feio, que estava sangrando muito.
- Crianças, idosos e mulheres - a mesma mulher que havia chamado Daisy de garotinha chamou - devemos ir para um abrigo, os outros ficarão aqui caso algum exército marchar.
Não que sobrassem muitos, mas ainda haviam alguns homens ali. Os outros estavam na guerra.
Horen cutucou a vizinha.
- Daisy, temos que ir.
- Ir para onde, Horen? - ela levantou a cabecinha cor de chocolate e piscou os olhinhos verdes como quem perdeu metade da conversa.
- Lá, aquela casa ali - o menino apontou para uma casa que ainda estava inteira.
A casa era a última da rua e era imensa.
- Vou esperar a mamãe. Ela deve vir com Oliver.
- Não, você tem que ir. Agora - uma mão segurou firmemente o braço de Daisy.
A moça dos cabelos sujos.
Daisy a obedeceu claro. Mas não sem antes fuzilar a mulher.
Correu até o lugar e entrou. Não sem antes tentar ler as palavras como a senhorita Ellis ensinou.
O-R-F-A-N-A-T-O M-A-R-S-H-A-L-L

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⏰ Last updated: May 03, 2015 ⏰

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